Capítulo 32 - Inesperado

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Aí, caralho. O que eu faço? Ela está soluçando! Puta merda, cara!

Tudo bem, já consolei pessoas antes. Mas por que era tão estranho fazer o mesmo em Mia?

Sem contar que me sinto muito culpada. E, aliás, estou chorando também — é claro que estou chorando.

Mia tapava o rosto com ambas as mãos. Seu corpo tremia. De repente, me fitou, mostrando os olhos inchados e vermelhos.

Eu me senti um lixo.

— Não chore, Beth... — murmurou, com a voz embargada. Não dá, eu não controlo isso. Estou me sentindo muito mal. Eu não queria chegar a este ponto. — Você não tem culpa, ouviu? Não tem.

— Me desculpe por ser assim. Eu te amo, Mia. Eu quero você e quero feliz, quero que me conte as coisas. — falei, soluçando. Céus, como eu odiava chorar. — Quero que conte comigo.

Quase não via mais o rosto de Mia de tantas lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Comecei até a sentir frio. O choro parecia me congelar.

Até que percebi: chovia lá fora. Alguns respingos caiam sobre mim pela janela do veículo. Então ouvi um tranco e esfreguei os olhos, vendo os vidros subirem. Olhei de volta para Mia.

Ela estava com a cabeça pousada no volante. Não aparentava chorar mais. Parecia nem estar ali de tão quieta, sinceramente.

A chuva começou a ficar mais forte. Eu via o lado de fora em borrões de gotas. A janela estava úmida por dentro. Havia um estrondo da água batendo no teto do carro.

— Eu sou completamente apaixonada por você. — sussurrei, ainda a fitando.

— Desculpe. — pediu Mia, levantando a cabeça para me fitar outra vez. Seu rosto estava muito inchado e úmido. Mas o interior de seus olhos estava reluzente. Incrivelmente lindos. — Mas não posso dizer o mesmo.

Senti como se uma lança tivesse atravessado o meu peito.

Não pode ser.

Ela não teria dito aquelas coisas para dizer isso agora. Se sim, como pôde? Como teve coragem?

Como pôde brincar com o meu coração?

Eu não quero amar mais ninguém. Isso doí. Doí muito.

Meu cérebro nem raciocinava mais. Ouvi murmurar algo, mas não entendi. E não queria ouvir. Eu não preciso ouvir mais nada.

— ...ase comigo.

— O quê? — pronunciei, espantada com o que pareci ter ouvido.

— Precisa contar à sua mãe, primeiro. Depois pode me responder... — murmurou. Eu tentava entender ainda. — Sei que é cedo e respeitarei o que desejar, desde que continue comigo. Mas respeitarei se não quiser também. Porém, se quiser, tem de contar à sua mãe.

Eu só conseguia fitá-la perplexa. E para me deixar mais confusa ainda, ela começa a rir. Aquela risada gostosa que raramente consigo escutar.

— Por favor, diga alguma coisa. — pediu, sorrindo como uma criança. — Já é difícil dizer isso, imagine esperar uma resposta.

— Mia... — murmurei, engolindo em seco. Meus olhos estavam ardendo. — Eu não entendi. Você diz que não me ama, e depois vem com essa-

— Onde disse que não te amo? — cortou com a voz grave. Seu semblante estava meio enraizado. — Bethany, você me ouviu? Eu disse que não sou apenas apaixonada por você como também não vivo sem você. E quero que case comigo.

— Ah. — murmurei, engolindo em seco outra vez. Então foi isso que disse e eu não ouvi. Maravilha. — Eu... Caramba, eu... não sei o que dizer. Concordo com a parte sobre contar pra minha mãe, mas... me sinto tão nova pra pensar em casar, Mia.

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