Pouco menos de um ano se passou desde que voltei de minha "fuga". Tudo estava exatamente como antes. Ou quase.
A diferença é que não estudo mais e moro com a minha mãe — mais precisamente em sua mansão, mas pronuncio "casa" para não soar tão esnobe.
Estou feliz? É claro! Que não.
Está tudo uma completa droga.
Meu pai nunca mais falou comigo. Deu um sermão de doze horas quando me viu naquela época. Obviamente, discutimos, Denise interviu, eles discutiram, meus avós — pais do meu pai — também presentes discutiram com a minha mãe, porém, só porque nunca suportaram o fato do meu pai ter se casado com uma mulher que não era rica (no início). Aquele dia foi longo.
Por fim, William disse para que eu ficasse com Denise e não tive outra escolha. Até meus dezoito, não terei escolha. E nem pique para fugir outra vez.
Denise age como sempre agiu. Atenciosa, trabalhadora, esforçada. Mas não quer dizer que estejamos totalmente bem uma com a outra. Ainda não conversamos sobre o que nos afastou por tanto tempo.
Mas, sinceramente? Eu tentava deixar isso para lá. Por mais que fosse minha mãe, a vida é dela e que faça o que quiser.
Enfim, não citei as coisas restantes que completam esta droga. Confira a listinha:
Um: Ainda não decidi o que cursar na faculdade.
Dois: Meus ex-amigos vivem me perturbando, querendo me rever mais vezes, saber de minhas "aventuras a fora de Nova Iorque" e isso me irrita só de lembrar.
Três: Meus amigos de Sheepshead sentem saudades e só posso prometer que irei visitá-los alguma hora.
Mas a verdade é que não quero. Sei que, se eu voltar, poderei acabar vendo Bryan de alguma forma. Relembrar o que me fez ferve o meu sangue de raiva. E, já que estamos falando disso...
Nunca mais a vi. E olha que ainda trabalha com a minha mãe. Denise comenta às vezes algumas coisas sobre ela, por mais que me frustre. Mas minha mãe não tem culpa.
Ah, ela atingiu o seu objetivo, aliás. Está cursando o Ensino Superior. Mas, diferente do que dizia sempre, não largou a carreira de modelo.
Eu sei que provavelmente Denise ficou em seu pé para não largar. Ela era persistente, ainda mais quando lhe era conveniente. Como já tinha certo apego por Mia, quase duplicou seu salário para fazê-la ficar. Pena que Mia não dava a mínima para isso, mas minha mãe soube usar as palavras.
Por fim, deu no que deu, mesmo há quilômetros distantes da sede, imagino. E não, não sei onde está estudando. Denise nunca citou nada referente a isso. Mas com certeza é algo relacionado à arte.
Eu sentia tanta saudade. Sentia saudade até de Kiara.
Tive meu Harris de volta, mas sempre que olhava para ele, lembrava-me de Kiara. Seria tão fofinho apresentar os dois. Quem sabe não dá cria? Adoraria ter filhotinhos. Se bem que, se tivesse, teria que dividir com a Mia. Poxa, será que ela quer ter filhos? OK. Isso não tinha nada a ver.
Por que tive que ser tão burra? Se não tivesse feito Bryan ir até ela daquela vez, estaríamos morando juntas em Nova Iorque. E mesmo que alguém descobrisse, pelo menos ainda teríamos contato.
Às vezes fico relembrando o quanto estava bonita na noite em que brigamos. Isso me deixa perplexa. Não era legal pensar assim dela.
Mas não era legal por ser uma mulher? Só porque a conheci antes de me "descobrir", era errado me sentir atraída? Eu não sabia dizer. Tudo ficava mais confuso quando se trata de Mia.
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Oculta
RomanceBethany tem uma ótima vida superficialmente. Mas, como qualquer pessoa, tem pequenas partes ocultadas em seu interior. Em um momento oportuno de ousadia, ela foge de tudo que a aborrece, tenta seguir com uma nova vida e, claro, sem preparo algum, ac...