O REI E O SERVO

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Um conto de gordinleitor MathewsJose JVLeite BrunoJovovich TomAdamsz Drica_G  MatheusKairos

Naquela sociedade, que havia sido criada para dar continuidade à raça humana, alguns homens receberam por meio de intervenção científica, o poder de engravidar.

Desde a grande hecatombe nuclear que havia dizimado mais da metade da população mundial, aqueles homens levavam em seus ventres a esperança de que a raça humana viesse a conseguir repovoar a Terra como espécie dominante.

Os homens eram divididos em duas espécies, os Reis, que eram a classe dominante, aqueles que tinham o poder de escolher seus parceiros e o dever de protegê-los, mas não detinham o poder de gerar uma vida; e os Servos, aqueles que eram escolhidos, considerados "vulneráveis", mas que eram adorados e venerados. Essas duas castas viviam separadas, mas anualmente, na Festa da Junção de Corpos, todos os Reis eram obrigados a se unir a um Servo, que seria seu parceiro para o resto da vida, sob pena de ser exilado ao Recanto dos Eunucos caso descumprisse essa regra.

Átila era um desses servos, e ele sabia que esse dia iria chegar. Pedia aos deuses que não chegasse nunca, mas o tempo sempre é cruel. Em alguns dias completaria a maioridade e, junto a ela, viria aquela data onde os servos eram escolhidos por reis que viviam distante dali. Átila sabia que seria escolhido, todos eram, e todos eles aguardavam por esta data, mas não ele. Mesmo sendo preparado desde o seu nascimento, ele não tinha como ir de encontro ao destino que lhes eram imposto, não havia como fugir.

Na festa centenária de Junção de Corpos, um garboso jovem rei, de nome Philips, escolheria seu servo para toda vida. Sua beleza era a atração para todos os servos, todos estes queriam fazer parte da família Tenebrarh, uma das mais poderosas de todos os sete reinos. Porém a seleção dos parceiros, segundo a tradição, era feita pelos sumos sacerdotes, através de sorteios, para que os reis não fossem priorizados e ambas as partes seriam beneficiadas.

Átila estava em seu canto, retraído em seus pensamentos, vendo os sumos sacerdotes chamarem um servo e um rei. E em determinado momento seu nome foi dito:

- Rei Philips Tenebrarh e o servo Átila Wellin.

O coração de Átila palpitou mais forte, seu destino estava selado, e uma lágrima teimou em escorrer pelo seu rosto enquanto andava de cabeça baixa até os sumos sacerdotes. Os demais servos estavam com uma ponta de inveja, pois aquele humilde servo havia ganhado o mais cobiçado rei de todos os impérios, não somente pela beleza, mas pela sua riqueza.

O rei envergonhado por ser chamado tão depressa, dirigiu-se à frente, sem olhar para o lado. Após alguns minutos, ambos feitos estátua, se olharam e logo à primeira vista o Rei Philips sorriu. Não por ter um belo jovem em sua frente, mas pelas rosadas bochechas do servo que olhava em sua direção. Com o coração a mil e uma lágrima que teimava em descer, Átila se curvou, mas antes de completar a reverência foi impedido pelo rei.

- Não precisa fazer isso, Átila. - disse com um sorriso encantador o jovem rei Philips

- O senhor é meu rei agora e devo mostrar-me respeitoso. - disse com a cabeça baixa.

O rei observou a lágrima que descia, pegou no queixo do servo e levantou, a secando com a outra mão. Ambos os olhares transmitiam humildade e respeito, e com um sorriso, o jovem rei abraçou seu servo dizendo em seu ouvido:

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