Por você

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Parte 1

Por você

Não era sonho, era verdade!

Seus lábios colados nos meus, nossas línguas se tocando, o sabor do seu beijo se misturando ao meu, e tudo o que eu mais desejava é que aquele momento durasse para sempre.

O amor que eu nutria por Janique já tinha ultrapassado a barreira do comum. Eu dormia e acordava pensando naquele homem. Era meu amor platônico de contos de fadas infantil que se transformava num amor real, palpável, cheio de desejo e veracidade.

No começo da amizade, Janique chegou a investir em mim algumas vezes, mas eu nunca tinha dado crédito a ele. Sua fama de pegador não me agradava, pelo contrário, eu morria de medo de me entregar àquele monumento de homem, dele desaparecer em seguida ou fingir que nada tinha acontecido, e eu o amava demais para ficar longe ou ser desprezado. Mas foram tantos momentos juntos que a amizade se tornou nosso elo mais importante. E eu preferia tê-lo por perto e apenas como amigo do que como um mero casinho de amor passageiro.

Estávamos em seu quarto, deitados em sua cama, seu corpo pesando sobre o meu e o beijo se tornava cada vez mais quente, a ponto do meu corpo arder em febre de desejo e eu não conseguir mais controlar meu tesão. Eu me entregaria a Janique, seria dele, como sempre sonhei.

Desde que eu contei a ele que estava namorando Heitor, Janique se transformou. Ele estava viajando de férias e quando eu disse, numa das nossas inúmeras trocas de mensagens, que eu e Heitor estávamos juntos, logo Janique disse que estaria de volta em poucos dias. E não era como se eu estivesse apaixonado por Heitor, mas ele era divertido e me fazia sorrir.

Mas agora, era Janique que me tinha sob ele, em seus braços, beijando avidamente meus lábios enquanto suas mãos exploravam meu corpo. Eu arranhava suas costas e o prendia entre minhas pernas que envolviam sua cintura. Nossos membros duros roçavam um no outro e eu queria arrancar de nós dois aquelas malditas bermudas.

Janique era o africano mais lindo que eu já tinha visto em toda minha vida, e apesar de morar no Brasil há algum tempo, ele ainda carregava aquele sotaque do português angolano. Seu corpo musculoso, magro, bíceps definidos, coxas grossas, mas nada exagerado, tudo em Janique era perfeito. Perfeito para mim. Sua pele era de um negro tão retinto que parecia que a noite o abraçava. Seu sorriso brilhava como as estrelas e seus olhos amendoados eram como duas lanternas que me guiavam para a luz. Janique era um deus de vinte e dois anos, cheio de charme e energia. Eu o amava. Não pela beleza, mas pela simplicidade, pela forma que ele me tratava, com carinho, respeito, e acima de tudo, com amor. Ele era um homem tão amoroso que não tinha como eu, um cara normal e carente, não se apaixonar por ele.

Sou Abner, estudante do primeiro semestre de Medicina – na verdade serei quando as férias acabassem – tenho dezenove anos e além disso, sou bem normal. Branco, mediano, magro e nada mais. Bem, meus cabelos e olhos são claros. Cor de mel. Ambos. Mas meus cabelos agora estão raspados, pois passei no vestibular, e Janique disse que gostou deste meu novo visual, antes de viajar para suas férias na praia.

― Você é lindo de todo jeito. ― Ele disse depois de me dar os parabéns por ter sido aprovado, elogiando meu cabelo raspado.   

― Mentira sua. ― Passei a mão na cabeça, envergonhado com a forma que ele me observava. ― Você só está sendo gente boa, como sempre.

― Sou gente boa, Ab, mas não sou mentiroso.

― Tá, Jan. Acredito em você. ― Dei um soquinho em seu ombro em agradecimento e ele me abraçou, demoradamente.

― Estou feliz por você. ― Ele sussurrou em meu ouvido e depois beijou meu pescoço.

Fiquei sem ar, e os pelos arrepiados do meu corpo denunciaram o quanto aquele carinho me afetava. Mas eu não precisava mais fingir que não sentia nada, pois naquele quarto, sobre aquela cama, éramos só eu e ele, e o calor que emanava de nossos corpos ardentes.

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