Parte Final
Por Você
― Eu já não te falei pra não parar o carro fora da garagem? ― A mãe dele berrava. ― Quando levarem o carro... Ah não, Janique! ― A mãe dele virou-se de costas quando nos viu nu em cima da cama.
O susto foi tão grande que eu saltei da cama, agarrando o travesseiro em seguida e cobri meu pau. Janique escondeu o seu entre as mãos.
― Porra mãe! Já te falei pra não entrar no meu quarto desse jeito. ― Ele catava sua bermuda no chão.
― E eu já te falei pra não trepar dentro de casa. ― A mãe dele estava enfurecida. ― Todo dia uma pessoa diferente. Ontem foi a Martinha, anteontem foi o garoto da padaria, e hoje tu me tens a coragem de trazer teu melhor amigo? Tu não se cansa não?
Meu queixo caiu, meus olhos nadaram em lágrimas de decepção. E dois dias de namoro ele já tinha trepado com duas pessoas diferentes.
― Mãe, cala tua boca, por favor... ― Janique levou as duas mãos à cabeça.
― Eu não quero saber, você é um irresponsável. ― A mãe de Janique não saía da porta.
― Mamãe, depois a gente conversa... ― Janique parecia desesperado.
Eu só pensava em fugir dali.
― Vai guardar o carro, agora! ― Ela arremessou a chave para ele, que amparou bem na barriga. Desejei que tivesse machucado.
― Por favor, não sai daqui. ― Ele me encarou e saiu apressado do quarto.
Quando ele saiu eu soltei a respiração. Meu peito doía. E sem conseguir controlar o choro, vesti-me o mais rápido que pude e saí da casa de Janique às pressas, mas ele ainda conseguiu me alcançar na esquina da sua casa.
― Ab...Ab... ― Ele estava esbaforido. ― Por favor, me escuta.
― Me esquece, Jan. ― Eu andava apressado, ele me seguia, só de bermuda e descalço.
― Mamãe tá louca, ela confundiu tudo... ― Ele me segurou pelo braço.
― Filho da puta! ― Raiva foi tanta que eu acertei um soco em sua cara, que doeu minha mão. ― Eu terminei com Heitor pra ficar contigo. ― Gritei enquanto alisava a mão. ― A gente era amigo, você podia ter tido o mínimo de consideração.
Continuei andando rumo à minha casa, limpando as lágrimas insistentes.
Ele parou bem na minha frente.
― Eu não te traí, eu juro! ― Ele tinha lágrimas nos olhos. Algo que eu nunca tinha visto na vida.
― Você é um cretino... ― Minha voz saiu entrecortada.
Eu o empurrei mais uma vez, queria logo chegar em casa, me trancar em meu quarto e chorar até desidratar.
Mas, mais uma vez ele parou na minha frente, bloqueando minha passagem.
― Eu juro, Ab. Isso foi antes das férias. Mamãe tá louca. Por favor acredita em mim. ― Ele chorava, e isso me desmontou.
Engoli meu choro ao vê-lo tão vulnerável. Janique me encarava com os olhos encharcados e uma expressão de dor.
― Por favor... ― Ele implorava.
Baixei os olhos, sem saber o que fazer. Meu orgulho estava ferido, mas eu amava aquele homem à minha frente, chorando feito um menino, me pedindo perdão por algo que ele nem tinha feito. E se eu conhecia bem a louca da mãe de Janique, ele não estava mentindo.
― Eu te amo, Abner. ― Ele soluçou. ― Eu te amo...
Este último argumento foi o suficiente para eu me desmanchar em lágrimas novamente, aquelas três palavrinhas era tudo o que eu mais queria ouvir dos seus lindos lábios rosados, e sem conseguir segurar a emoção, envolvi seu pescoço com meus braços e afundei meus lábios nos seus.
― Eu também te amo, Janique.
Nos beijamos entre lágrimas, a li mesmo, na esquina de sua casa, fizemos juras eternas de amor.
Um conto de JVLeitemencione um usuário
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contos Wattpadianos
Short StoryQue tal encontrar em um único livro todos os seus autores favoritos? Que tal conhecer a cada semana o trabalho de um escritor até então desconhecido para você? Se você curtiu as ideias acima, então aqui é o seu lugar. Entre sem bater à porta, sente...