Herdeiro

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Parte 1

Herdeiro

Entrando pela porta da frente, Dennis era levado pelo braço por um dos seguranças de seu pai. Com a cara amarrada, ele tentava se soltar das mãos do enorme homem de terno. Marta, a governanta, olhou espantada ao ver a cena do menino sendo carregado a força e com alguns hematomas em seu rosto, ela parecia assustada. 

 Então olhou para a empregada do lado, sussurrou para que pegassem algumas gazes e remédios para cuidar dos ferimentos do garoto moreno de dezessete anos. 

 -Eu já disse para me soltar, sou eu quem paga você. –Ordenava furiosamente o garoto, que ainda se debatia para se soltar. Seus braços estavam para trás, presos de uma forma, como se estivessem sidos algemados, mas era apenas a mão do segurança os segurando.

 -O senhor vai me desculpar, mas o seu pai me paga para que eu cuide de você lá fora e, como você não se comportou, as ordens é traze-lo para casa, mesmo que a força. –O segurança o segurava tranquilamente, sem demonstrar um pingo de preocupação.

 Marta se aproximou do garoto, tocando o seu rosto levemente e observando que mais uma vez ele havia entrado em algum tipo de briga. Ela o olhava com os olhos serenos, calmos, sem julga-lo de suas ações e isso o fazia se sentir mal, era como se ele estivesse desapontando ela. 

 Ele virou o seu rosto, tentando se esconder do olhar dela, mas era inevitável evitar de olhar. As vezes ele sentia que ela era mais mãe dele do que Sofia, sua mãe biológica, mas nunca se quer deu atenção ao garoto, apenas o tratava como se ele fosse um erro em sua vida, que o levava a ter esses tipos de comportamentos.

 -Onde você se meteu garoto. –Disse Marta acenando para a empregada que segurava um pequeno pano e um frasco com algum tipo de medicamento. Enquanto isso o forte segurança tentava fazer com que ele se aquietasse enquanto Marta pegava o pano, ela molhou aquele liquido de dentro do frasco e em seguida, tocando a sua pele, úmida e irritada, ele sentia um leve ardor. 

 O liquido era gelado, cheirava fortemente e o fazia lacrimejar, já que o ferimento se encontrava acima de sua sobrancelha. O ambiente ficou em silencio, esperando qualquer tipo de reclamação do garoto. 

 Na parte superior do mezanino, ouvia-se passos andando em direção a escada, enquanto Marta cuidava dos ferimentos do menino. 

Sofia se inclinou, olhou para baixo e sem dizer nenhuma palavra, deu meia volta e começou a descer as escadas. Vestida no seu longo vestido azul marinho todo brilhoso, ela segurava a sua calda e se apoiava no corrimão como uma verdadeira lady. O seu olhar continuava centrado no seu caminho, sem ao menos olhar para o garoto. 

 Ao ver a mãe descendo, seu coração deu uma leve aquecida, provavelmente ela iria dar uma bronca no segurança, pôr estar tratando-o mal, mas Sofia passou ao seu lado, sem ao menos correr os olhos em sua direção. 

 Ela fez um sinal com a mão e um dos empregados abriu a enorme porta dupla da entrada, deixando passagem para que ela saísse da casa sem dizer ao menos um “A”.

 Dennis abaixou o rosto e o seu corpo ficou completamente leve, deixando-o suspenso pelas mãos do segurança. Marta sabia que aquilo havia o magoado fortemente e educadamente ela pediu para que o segurança o soltasse, deixando ele de joelhos no chão e com a cabeça baixa. 

 Seu cabelo liso encobria boa parte de seu rosto e sem dizer nada, ele se levantou, passou por todos e subiu as escadas e cada passo que ele dava era uma lembrança dolorosa do olhar de sua mãe. 

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