Do lado da prta...part II

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Um conto de Estrela_Solsol

...Continuação

S Á B A D O

Que Ícaro gostava de acordar tarde, não é novidade, mas naquele sábado o relógio nem havia marcado oito horas da manhã e seus olhos encontravam-se muito abertos. Aliás, ele praticamente não dormiu. Nesse meio tempo, Samuel — o qual dormia tranquilamente na cama de baixo do beliche — simplesmente capotou logo após escurecer. O garoto precisava daquele descanso.
Contudo, enquanto Ícaro colocava-se quase na ponta da cama para dar provavelmente a milésima espiadinha no dorminhoco, se pegou sorrindo ao lembrar a reação dos pais ao pedir que eles deixassem Samuca passar uns dias ali, alegando que o próprio brigou com o pai, porém, sem revelar o motivo a pedido de Samuel — ele tinha vergonha; seu genitor o fez envergonhar-se de si mesmo. Os adultos de cara aceitaram com a condição de que Samuel avisasse pelo menos a mãe, onde estava.
Assim que oito e meia cravou no relógio, ele resolveu descer, devagar para não acordar o outro, se dirigindo então ao banheiro, mas não sem antes dar outra admirada em Samuel. Ele dorme tão gostosinho. O banho o qual foi caprichado, e o pós dele também, tinha uma razão: Ícaro queria ficar arrumado; cheiroso; bonito. Portanto, depois de finalmente deixar a área cheia de vapor, teve um sobressalto ao encontrar sua mãe no quarto, com lençóis e toalhas nos braços.

— Que milagre, meu bebê acordou cedo sem eu precisar ameaçar cancelar a Internet. — De modo humorado, ela implicou com o filho.

— Muito engraçado, olha como estou rindo.

Ignorando o menino, ela deixou o quarto para tomar conta do café da manhã e com apenas uma toalha em torno da cintura, Ícaro se guiou ao guarda-roupa, tirando dele as suas peças favoritas, pois, se achava gostoso nelas.
Aparentemente, Ícaro estava tentando seduzir Samuel.

— Que bundinha fofa, bebê. — Acabou utilizando a forma carinhosa que a mãe usava para chamar o filho, a fim de pirraçar Ícaro.

O coração do garoto quase foi implodido dentro do corpo, tamanho o susto que levou ao ouvir aquela frase em tom risonho. Não só o tom. No instante em que se virou, terminado de se vestir, encontrou um olhar bem travesso naquele rosto.
Quis sorrir, porque achou fofo e sexy, mas se conteve, fazendo o insultado.

— Cheio de graça, você, né? — Rodando um pedaço da toalha com um sorriso nada inocente, Ícaro foi se aproximando do beliche. — Vou te mostrar o tamanho do bebê.

Samuel, também com um curvar de lábios um tanto sapeca, fez pouco caso daquela ameaça. Entretanto, assim que o garoto localizava-se a um passo de distância, Samuca recuou, colando as costas na parede. Essa atitude foi nada mais para deixar o lugar vago. Ele queria Ícaro ali. Nisso, o dono do quarto continuou, e após puxá-lo pelo ombro, deixando-o de bruços, bateu de leve com a toalha úmida sobre aquela retaguarda coberta pelo lençol, gerando um reboliço no peito de Samuel. Por fim, Ícaro retrocedeu, largando a toalha sobre a cama de cima e se encaminhando à porta.

— Vá lavar essa cara amassada e depois venha tomar café, Cabeludinho.

Óbvio que Ícaro também queria ficar na mesma cama que Samuca, mas mal conhecia o garoto. Quer dizer, conhecer, conhecia, porém, não tinha essa liberdade. A última coisa que ele queria, era que o menino se ofendesse e fosse embora de sua casa.
Samuel, por outro lado, estava nem aí pra qualquer coisa. Por mais que a generosidade do colega de classe tivesse plantado uma sementinha dentro dele, a qual gerava aos poucos, raízes, ele não tinha pretensão de desenvolver um romance naquele momento de sua vida. Nunca havia se apaixonado e não sentia falta disso. O que não deixava de ser algo normal, ele tinha apenas dezessete anos. Apesar disso, se fosse para rolar algo ele não iria fugir, até porque, Ícaro era o terceiro no seu top 5 dos garotos mais pegáveis do colégio.

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