Os Segredos dos Vatores ✔️

Ataques.

O Caleb não para de me fitar com os olhos vermelhos, se há uma certeza nessa família é que eles não são lúcidos.

- É realmente impossível te ter por perto. - Ele se aproxima de mim cada vez mais enquanto tento manter certa distância.

- Caleb? O que está querendo fazer? - Questiono na esperança de que ele parasse.

Ele da um tapa na minha comida fazendo o prato cair no chão, se quebrando em cima da bandeja de ferro, causando um barulho ensurdecedor.
Sua afeição começa a mudar como a do Zachary em minha alucinação, tudo foi realmente coisa da minha imaginação?
Caleb me deita na cama com muita força, faz com que meu ombro, cujo ele empurrou fique doendo. Ele se posiciona em cima de mim, e desce sua cabeça ao meu pescoço.

- Caleb? Achei que poderia confiar em você. - Sussurro em seu ouvido.

- É uma pena, ninguém aqui é confiável. - Ele aperta meus pulsos contra o colchão.

- Caleb... Por favor. - Peço com lágrimas nos olhos, mas ele parece não se importar.

- Maninho? - Lilith entra no meu quarto arrastando o seu ursinho macabro.

Ao ouvir sua voz, Caleb imediatamente me larga e volta a sua compostura de sempre.
Eu me levanto devagar mas ainda com medo.

- O que houve Lilith? - Questiona Caleb.

- Tive um pesadelo. - Ela esfrega os olhos e fala com voz de sono.

Eu ainda estou muito assustada para falar qualquer coisa.

- Vamos, eu vou te colocar para dormir. - Ele vai até ela e oferece sua mão, mas ela se nega.

- Quero a Wendy. - Ela aponta para mim, e o Caleb me encara.
Suspiro, passando as mãos nos meus cabelos, em seguida sorrio para ela.

- Então vamos. - Caminho até ela, atravessando o Caleb e o dando as costas.

Ela pega minha mão e a levo ao seu quarto, ao chegar ela se deita na cama e pede uma história para dormir, eu apenas o faço, depois de alguns minutos ela pega no sono, novamente abraçada com o Teddy.
Quando volto ao meu quarto toda a bagunça já havia sido limpa, deito na cama e lembro de tudo que aconteceu desde que cheguei a essa casa, nada aqui e normal.
Sem conseguir dormir, saio do meu quarto e vago pela casa, que por ser tão grande aparenta estar vazia, se eu não fizer barulho, posso tentar encontrar algo por aqui.
Ando no labirinto de corredores cheios de portas e cômodos diferentes.
Adentro o que aparenta ser uma sala de televisão, mas não há nada de suspeito, em seguida vou até uma sala que parece um escritório, talvez o escritório do Sebastian.
Corro até a mesa rústica feita de madeira, de ótima qualidade.
Abro as gavetas em busca de algo que possa me ajudar a descobrir o que há nessa família.
Reviro papéis irrelevantes, folheio algumas revistas de advocacia.
Há um computador, cujo tem senha, me impedindo de acessar qualquer informação.

- Droga, tem que ter algo. - Murmuro.

Saio do escritório fechando a porta atrás de mim. Corro para outra porta,que felizmente me leva  para uma biblioteca.

- Com certeza vai ter uma informação por aqui, e uma biblioteca e algo normal, se me encontrarem por aqui, estarei "estudando." - Digo para mim mesma encarando os milhares de livros que ali tinham.

- Você é bem curiosa. - Sebastian surge de braços cruzados apoiado na porta me encarando.

Dou um salto ao ouvir sua voz, como ele me encontrou? Ele não estava me seguindo, então como?

- E-Eu estava procurando, um livro para ler, para ocupar minha mente... - Tento disfarçar desviando o olhar enquanto mordo levemente meu lábio inferior mais sinto que minha cara de culpada me entrega.

- Por favor, não me trate como um idiota, estou desprovido de enrolação.

- De-Desculpe. - Gaguejo enquanto balbucio.

- O que estava procurando? - Ele se aproxima ainda com seus braços cruzados.

- Desculpe. - Abaixo a cabeça enquanto as lágrimas tomam conta do meu rosto.

- Shhhh. - Ele sibila colocando o dedo indicador sobre meus lábios. - O que aconteceu?

- Primeiro, o Zachary, ele disse que me  cortaria em pedaços, enchendo uma banheira de sangue. - Falo enquanto as lágrimas rolam por minha face. - Depois o Caleb, que imaginei ser um pouco mais amigável, me atacou como o Zachary, ele só parou porque a Lilith chegou e o interrompeu. - Falo em meio a soluços. - E não foram ataques normais, vocês não são normais, a aparência deles! Sebastian! Era algo demoníaco, sem vida, sem amor! Eu sou uma estranha em uma casa em que todos sabem quem sou, mas não conheço ninguém aqui, apenas quero saber mais... - Sou interrompida quando os braços do Sebastian entrelaçam minha cintura, juntando nossos corpos.
Devido meu tamanho ele se curva um pouco apoiando sua cabeça no meu ombro.

- Peço desculpas por eles, e desculpas por isso também. - Ele Sussurra.

- Isso també... - De repente minha vista escurece, e uma tontura toma conta do meu corpo, quando percebo, meu corpo mole despenca no colo do Sebastian.
Pelo menos e a última coisa que me lembro antes de apagar mais uma vez.

No dia seguinte sou acordada pelo despertador, pela primeira vez um despertador e não com a aparição repentina de um dos três, me recuso a os encarar novamente depois de ontem, não irei descer para o café, comprarei alguma besteira na faculdade.
Estou farta desses irmãos e tudo que eles tem me causado nesses últimos dias, e mesmo que eu me depare com eles, agirei como se nem os conhecesse, afinal é realmente isso que acontece de qualquer forma. Tomo um banho, me arrumo como nunca me arrumei desde que cheguei aqui, me sinto radiante para um novo dia na universidade, eles e nem os mistérios e jogos deles irão me atormentar, eu não deixarei que aconteça, não irei me meter em suas vidas, estou aqui apenas para cuidar da Lilith, é a minha obrigação. Desço as escadas sorridente, crente de que nada que esses garotos falem ou façam atrapalhe meu dia, estou disposta a me manter em Oxford,caso contrário meu sonho de arqueologia irá por água abaixo. 

Mas ao chegar no hall principal, pronta para sair, olho para o lado, e vejo o Zachary deitado no sofá como se estivesse dormindo, o problema é que suas vestes estão todas rasgadas e cobertas de sangue.