Liberte-o

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Dias se passaram, e eles continuam me tratando com estranheza. Mais um dia pós ficar praticamente a tarde inteira com a Lilith, ela hiberna, isso é bom, me traz boas memórias, de quando as coisas eram mais calmas. Saio do quarto dela, pelo silêncio da casa, acho que ninguém está. Talvez eu deva, dormir, assistir um filme, ou sei lá... Argh me esqueci do tédio que passo aqui dentro... Vou até a cozinha procurar algo para comer, quando olho de longe a porta para o porão, sendo sincera comigo mesma, aquilo me tenta bastante, saber que ele está logo ali, esperando um certo julgamento do Caleb. Ignoro as regras.

"O que vão fazer? Me devorar?" - Penso indo até a porta que se abre revelando uma escada subterrânea.
Vou descendo, degrau por degrau até chegar ao fim, onde vejo Zachary atrás das barras de ferro preso em uma cadeira cujo ele não tem forças para se soltar.

- Zachary? - Encosto nas barras gélidas.

- Wendy? Isso é outro tipo de sonho, ou coisa assim? - Ele abre os olhos vagarosamente. Ele está cheio de sangue seco, sem dúvidas Caleb esteve o torturando.

- Não, acredite estamos na realidade. - Sorrio. - Eu preciso te tirar daqui.

- Claro que não, isso não chega nem perto do que mereço, eu matei o Sebastian, eu...

- Zack! - Grito chamando sua atenção. - Pare! Você estava sendo um peão manipulado.

- Mas era eu... - Ele franze o cenho. -Me deixe aqui, aceitarei o que Caleb irá fazer comigo, apenas peço que se for me matar, seja você. É o meu único desejo.

- Você não vai morrer, acha mesmo que enfrentamos tudo aquilo para que você morra? - Questiono alterando meu tom de voz.

- Vá embora Wendy, o cheiro do seu sangue apenas me tortura mais. - Ele me ordena.

Somos interrompidos quando Caleb vem até nós, e me fita apoiada nas grades perto do Zachary.

- Creio que deixei ordens para não vir aqui. - Ele se aproxima de mim.

- Caleb, da um tempo, a gente conversou sobre isso. - Aponto para o Zachary sentado na cadeira.

- Conversamos? - Caleb junta meu corpo no dele me envolvendo em seus braços. - Eu não me lembro.

- Já chega, apenas vão os dois... - Zachary resmunga.

- Ah, é o cheiro dela? - Caleb levanta meus cabelos beijando meu pescoço, tento me apartar mas ele me prende com muita força.

- Caleb já chega. - Digo, mas ele não me escuta, ele me vira de costas e me abraça por trás antes de cravar as presas em mim, mas ele não toma meu sangue, ele apenas abre para que a ferida escorra, ele está provocando o Zachary, que já parece descontrolado tentando resistir aos seus impulsos.

- Caleb, se fizer mais alguma coisa, eu não irei lhe perdoar. - Digo sem o encarar. Ele me vira de volta para ele.

- Eu preciso me alimentar. - Ele desce seu rosto para tomar o sangue da ferida que abriu em mim, mas eu lhe dou um tapa no rosto, ele para no mesmo instante aparentando surpresa.

- Você não é assim! - Grito para o mesmo. - Eu não sei que tipo de acordo estúpido fizeram entre si, para me tratarem como mera fornecedora de sangue depois de tudo, sabe que lhes darei meu sangue quando precisar, mas preciso me curar ou acabarão me matando, depois de tudo é assim que ainda me enxergam? - Me solto dos seus braços quando ele para de me prender ainda parado. - Danem-se. - Subo as escadas deixando os dois ali sozinhos, corro para meu quarto.

"Não é como se você fosse uma prisioneira deles." - Lembro do que Elliot falou para mim. Sim, meu trabalho aqui acabou, Zachary está de volta, eles devem se resolver agora, eu estou indo para casa, reencontrar meus pais, tentar inventar uma desculpa, que eu fui sequestrada ou coisa do tipo, seguirei minha vida normalmente e nunca mais ouvirei falar deles. Começo a amontoar uma pilha de roupas na minha mala, com todas as minhas coisas. Ouço a porta do meu quarto se abrir, e alguns passos adentrando.

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