Os Segredos dos Vatores ✔️

Faca de Prata

Depois que a tempestade passou, eles adentraram a casa as vestes do Zachary, ensaguentadas, devo dizer, já me sinto acostumada com isso.
Desço a escadaria.

- Vocês... Estão bem? - Dou passos inseguros até os dois, percebo que o clima nunca esteve tão tenso dentro dessa casa, nem mesmo quando o Zachary me atacou. Eu não obtenho resposta para minha pergunta, Zachary retira sua camisa que está em trapos, revelando seu tórax, não forte, mas definido, evito olhar para ele pois sei que vou corar. Sebastian caminha em direção a cozinha, ele deve estar totalmente abalado, embora não demonstre, Zachary despenca no sofá enquanto suspira, eu caminho até ele vagarosamente, ele encara o teto, com seu pescoço repousado na cabeceira.

- Vem aqui. - Sem olhar para mim ele me chama.

- Você está melhor?

- Porque se importa? Se esqueceu que somos imortais? - Ele questiona enquanto me sento um pouco afastada dele no sofá.

- As vezes... - permaneço parada, ele me olha, e então me puxa pelos ombros para que eu me aproxime, estamos sentados lado a lado, ele me faz curvar por um momento, levanta meus cabelos, abaixa minha camisa e morde meu pescoço por trás.

- Ai! - Contesto, definitivamente esse foi um dos lugares mais doloridos que ele já mordeu. Depois de beber um pouco ele se afasta, ouço o som que ele faz com a garganta quando engole. - Você demorou de mais pra tomar banho, terei que te beber assim mesmo.

- Vocês não me deram a chance.

- Ninguém a impediu de nada. - Ainda com os dedos em meus cabelos os levantando ele morde agora na lateral, as pontadas de dor são fortes e fazem toda a região latejar. Ele retira suas presas. - Definitivamente seu sangue se torna melhor a cada dia. - Ele morde meu ombro, fecho os olhos com força.

- Zachary? Porque eu sonhei com a Heloísa? - Questiono enquanto ele ainda toma meu sangue.

- Eu não faço idéia. - Uma gota do meu sangue escorre mas antes que atinja minha roupa o Zachary a pega com a língua, e arrasta até a parte em que ele feriu.

- Você não acha isso estranho?

- Já vi coisas mais estranhas que essa. - Sua voz rouca soa nos meus ouvidos, logo em seguida ouço ele furar sua própria pele que faz o sangue espirrar para fora da sua carne, ele o deixa jorrar em minha boca, muito rápido pois a ferida cicatriza quase instantaneamente. - É por essa razão que tomamos seu sangue, é maravilhoso. - Ele ri, eu bebo o sangue ruim que queima como ácido em meu estômago, logo em seguida eu tento evitar olhar para sua barriga desnuda, branca, e incrivelmente bonita, mas sei que estou corada.

- O que foi? - Ele me fita.

- Não é nada. - Balanço minha cabeça na esperança que meus pensamentos se dissipem. - Estou preocupada com o Sebastian, ele parece muito mal.

- Ele tem tempo para se acostumar com isso. - Ele me empurra devagar para o lado e se levanta com sua camisa suja em mãos.

- Eu achei que a Heloísa fosse uma boa pessoa.

- Nós também, isso apenas da mais significado a cobra. - Ele suspira.

- Você também a amou? - Pergunto baixinho.

- Ela era quente, com certeza era bonita, e suculenta, mas ainda era um pedaço de bife, eu não me apaixono pela comida. - Como sempre o seu sorriso intimidador surge em seu rosto.

- Bem, eu vou, Lilith me aguarda. - Me levanto, sigo meu rumo, mas a mão do Zachary me para e me puxa contra seu corpo mais uma vez.

- Você gostaria não é? - Ele cheira meu pescoço enquanto sussurra, me faz arrepiar.

- Gostaria de que? - Questiono sem o olhar.

- Que eu me apaixonasse por você.

- Dispenso acabar apunhalada no peito como a Heloísa.

- Minha lista de tormento na eternidade já está cheia, então eu não faria isso, talvez você acabasse morta, mas não como a Heloísa.

- O que é aquela faca? - Questiono.

- É uma lenda, entre nós imortais. - Ele põe suas mãos frias em minha pele quente e levanta meu rosto para que eu o encare. - Para os vampiros, quando você mata um deles com a faca de prata, você está declarando seu amor, basicamente você o terá por toda a eternidade.

- Bonito, e trágico, combina com o perfil de vocês. - Lhe dou um leve empurrão me livrando dos seus braços e subo a escadaria sem olhar para trás.

Vou para o meu quarto e ao chegar lá, deparo com a janela quebrada em mil pedaços, o vento frio invade todo o cômodo deixando minha pele gelada, o aquecedor desligou sozinho, aposto ter sobrecarregado.

- Ah, isso. - Caleb me assusta ao aparecer de repente atrás de mim. - Você pode dormir no meu quarto se quiser. - Me viro para ele, com surpresa. - E tomar banho também, leva para lá algumas coisas, amanhã a gente conserta isso.

- Você está falando sério?

- Porque eu não estaria? A não ser que queira dormir por aqui mesmo.

- Acho que eu não tenho muitas opções. - Murmuro, ele vai andando e me deixando para trás, pego minha muda de roupas rapidamente e o sigo em silêncio por todo o corredor até o final dele, onde abre a porta e revela o seu quarto, e até que é um quarto de um jovem comum, bonito e muito bem organizado por sinal.

- O que esperava? Caixões? - Ele aborda parecendo ler minha mente.

- Não especificamente caixões, algo mais mórbido... Talvez. - Aperto as roupas contra meu peito.

- Sinto muito lhe decepcionar. - Ele suspira, caminha até a cama e despenca seu corpo sobre ela, fecha os olhos, e coloca seus fones de ouvido, como se estivesse se desligando do mudo exterior, e se perdesse em sua música.
Vou acanhada até o banheiro, me tranco por dentro, retiro minhas roupas que ficam pelo chão, e opto por um banho de ducha rápida, afinal preciso estar com Lilith.
Os pingos de água quente deslizam sobre meu corpo como se estivessem lavando minha alma, enquanto isso penso sobre o que aconteceu mais cedo, Sebastian deve estar abalado, e o Zachary, por mais que não demonstre, também o sinto indiferente.
Não sei porque me importo tanto com eles, eles me ferem, e praticamente me trancafiaram nessa casa, para me usarem como sua bolsa de sangue particular.

"Como eu posso ser tão boba? - Me pergunto, mas a única resposta que tenho é o silêncio interrompido pelo barulho da cascata de água que vem do chuveiro.
Então me vem em mente as palavras do Arthur: "Você gosta deles, não é?"

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Gentee, 1k, Obrigada por lerem, acompanharem, votarem e comentarem, vocês não tem idéia do quanto isso me motiva e me inspira a continuar escrevendo sobre esses sádicos irmãos e seus conflitos, espero do fundo do coração que vocês estejam gostando, e espero também continuar os surpreendendo sempre, grata de mais sz