Dúvida

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Eu retribuo o beijo, após alguns segundos saímos do bar e fomos até a moto.

- Vamos! - Ponho o capacete empolgada.

- Não mesmo! - Ele retira o capacete da minha cabeça. - Esqueça a moto, vamos pedir um táxi, para onde quer ir agora? - Ele sugere.

- Porque? Eu quero a moto. - Resmungo.

- Porque você está bêbada, e por mais que eu não esteja, eu também bebi, vamos evitar problemas.

- Aposto que o Zachary me levaria de moto. - Falo sem pensar.

- Mas uma vez, falando deles... - Vejo em seu rosto que ele se decepcionou com minhas palavras, no fundo não era isso que eu queria ter dito, me arrependo.

- Desculpa... Arth, eu não... - Me aproximo dele ao perceber o que fiz.

- Esquece... - Ele suspira e sai andando até uma pequena rua sem saída, eu o sigo querendo consertar as coisas, mas ainda estou cambaleando, o que dificulta tudo.

- Arthur... - Eu o chamo e então ele para sem olhar para mim.

- Só quero que me diga, se eu não tiver chances com você, apenas me fala, a gente se despede, e vamos cada um para um lado. - Ele pede.

- Não quero te perder Arth, você foi a melhor coisa que aconteceu desde que cheguei em Oxford, eu não posso dizer o que sinto ainda, pois é muito cedo, eu não sei. - Minha vista embaça enquanto caminho até ele, finalmente ele me olha novamente.

- Então pertença a mim. - Ele me aperta em seu abraço mais uma vez, aposto que nem lembrará disso quando a bebida sair do seu sangue. - Ele especula, então me permito ser pega em seus braços devido a minha fraqueza, sinto que estou quase apagando. - Me pergunto se devo lhe ajudar com isso. - Eu o fito, percebo um pouco de alteração em seus olhos, estão mais escuros, ou é minha imaginação, eu não consigo diferenciar o real do surreal.

- Ajudar? - Questiono antes de sentir presas penetrarem a pele do meu pescoço, essa sensação, essa dor, sem dúvidas, é familiar. Apago segundos depois.

Acordo assustada em um pulo, estou em um quarto cujo nunca vi, ainda ofegante, está escuro, a única luz é cinza que vem da janela, ao olhar para o lado vejo um copo de água sobre os pequenos armários ao lado da cama, ligo um pequeno abajur que ilumina o cômodo, ao me lembrar de mordidas antes de apagar, passo a mão pelo meu pescoço procurando alguma ferida, mas não encontro nada, ouço um barulho vindo por trás da porta, me faz com que eu me encolha na cama.

- Ah, você acordou. - Arthur vem até mim com um pequeno comprimido em mãos. - Deve estar com dor de cabeça.

- Obrigada, mas por incrível que pareça, estou bem. - Rio.
Pequenas memórias retornam a minha cabeça, o nosso beijo e uma mordida. - Você é um deles. - Balbucio. - Você é um vampiro, me diz, você também é um Vatore? - Questiono alterando meu tom de voz.

- Oi? Tem certeza que está bem? Vampiros? - Ele mostra dúvida em seu olhar. - Quantos dedos tem aqui? - Ele levanta quatro dedos enquanto senta na cama.

- Eu estou enxergando. - Bato em sua mão. - O que quer comigo? Onde estamos? - Tento me levantar.

- Wendy, você deve estar com o efeito da bebida, tome o remédio, você está na minha casa. - Ele me oferece, mas eu recuso.

- Me leve pra casa, eu não quero nada, eu senti suas presas. 

- Está falando do nosso beijo? - Ele põe as costas da mão na minha testa, que também é fria. - Você está febril, por isso está tão confusa, eu vou pegar um termômetro. - Ele se levanta e se retira do quarto.

"Será mesmo, foi algo da minha cabeça, Arthur, um vampiro? Devo estar delirando, ainda bem que ele não levou a sério minha gritaria sobre vampiros e Vatores. Mas não posso simplesmente me conformar com isso, eu preciso saber mais sobre o Arthur Bennett." - Penso enquanto suspiro e passo a mão nos meus cabelos. Arthur volta em poucos minutos e põe o termômetro sob meu braço.

- Eu estou bem. - Bufo. - Acho que tive um pesadelo e acordei confusa.

- Isso explicaria algo. - Ele ri e tira o termômetro quando o mesmo apita.

- 39, como eu pensei, está febril, sinto muito, mas só te levo para casa dos Vatores amanhã.

- Eu estou bem, e a propósito que horas são? - Questiono.

- 15:00 agora. - Diz ele após olhar no relógio.

- Eu preciso ir, tenho que cuidar da garotinha. - Retiro as cobertas de cima de mim.

- Nem pensar, qualquer coisa diz pra eles que fomos juntos pra universidade e você passou mal por lá, então te levei ao médico. - Suas palavras me fazem lembrar, que mesmo se eu faltar com meu compromisso hoje, eles não podem me despedir, ou me mandar embora, pois eu sei os segredos deles. - E a propósito, amanhã é sábado, eu te levo pra lá, espero você se arrumar e saímos novamente, afinal, não pense que porque saímos hoje, eu não vou querer o nosso encontro. - Ele pisca pra mim.

- Você não vai aceitar um não como resposta, não é? - O encaro, e ele confirma com a cabeça. - Tudo bem pego o comprimido de sua mão e tomo com a água.

- Lembrei que não comeu hoje, então, quer fazer um lanchinho? - Ele questiona estendendo suas mãos para mim.

- Por favor. - Pego sua mão e o sigo pela casa, que apesar de não ser grande como a dos Vatores, também é enorme, e bem decorada.
Ele prepara a frigideira, quebra os ovos e alguns pedaços de bacon, eu corto as batatas para fritar, e coloco dois hambúrgueres na chapa, estou faminta, como sempre o Arthur ri, ele exala espontaneidade e alegria, dança ao som do rádio enquanto cozinha.
Depois dos nossos esforços arrumamos a mesa e nos sentamos.
Dou uma bela mordida no hambúrguer, fazendo o molho pingar no prato, e mela um pouco da minha boca. 

- Devo estar parecendo uma criança. - Sorrio. Ele pega um guardanapo e limpa o canto da minha boca. 

- Uma criança linda. - Ele me olha, percebo o quanto fiquei sem graça.

Logo em seguida, Arthur morde um pedaço do hambúrguer.

- Isso está muito bom, nosso trabalho valeu a pena. - Ele ri após engolir, isso tira minhas dúvidas, se o Arthur fosse um vampiro, ele não iria comer, não é?

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