Os Segredos dos Vatores ✔️

Aniversário

Me viro na esperança de encontrar o Zachary depois de todo esse tempo, mas me enganei. A escuridão causada pelas árvores me impede de ver o seu rosto totalmente, mas enfim ele se revela iluminado pelos raios de luz da lua, é o Caleb.

- O que houve? Você saiu correndo. - Ele pergunta se aproximando.

- Pensei ter visto o Zachary... - Resmungo.

- Se isso acontecer chame um de nós para acompanhar, se sair assim e for pega? Não podemos garantir que irá sobreviver então seja prudente. - Ele reclama.

- Sinto muito... - O desanimo assume o meu tom de voz.

- Vamos... - Ele estende a mão pra mim.

- Será que posso ficar um pouco mais? - Encaro o reflexo da lua nas águas do lago, enquanto envolvo meus braços no meu próprio corpo, se torna uma linda paisagem.

- Alguns minutos. - Ele cede vindo até mim entre um suspiro e outro.

Me sento na ponta do deck, observando aquele luar, ele me acompanha fazendo o mesmo. 
Inspiro.

- Paz e tranquilidade por alguns minutos depois de meses em bagunça, não tem preço... Não é? - Sorrio para ele.

- De fato, mas por que diz isso? Você parece deprimida.

- Isso não é surpresa, eu me sinto deprimida novamente, fui diagnosticada com depressão aos 13 anos, desde então fiz um longo tratamento que me ajudou a voltar ao normal, porém achei que era fixo, não imaginei que esse inferno interno retornaria.

- Não posso opinar, nunca tive isso... Minhas emoções são totalmente amortecidas desde que me transformei, é por isso que o Dionísio me tem como um de seus favoritos, pois não sinto, dor de perda, remorso, ou todas essa coisas.

- Da pra notar... - Sorrio.

- No entanto, desde que te dei meu sangue aquele dia, eu não me sinto mais o mesmo. Não significa que eu sinta algo totalmente, mas as vezes tenho umas emoções estranhas que não sei explicar. É estranho... - Ele suspira.

- Não posso opinar, nunca fui sem emoções... - Dou um empurrãozinho nele com o ombro enquanto carrego um sorriso, porém sua seriedade se mantêm.

- Vamos embora. - Ele se levanta e eu o acompanho o seguindo pela floresta, acho que ele percebe que não estou tão falante ultimamente, pois ele fica me olhando pelo canto do olho em alguns momentos. Então ele para e se volta pra mim com um abraço. - Vi em um livro uma vez que é isso que se faz quando alguém está triste, apesar de me sentir ridículo com isso.

- Achei que não sentisse. - Me permito chorar em seu ombro derramando algumas lágrimas.

- Eu também. - Sinto seu peito se mexer com sua respiração. Ficamos assim por alguns minutos, até nos separarmos. Limpo minhas lágrimas com as mangas do moletom, enquanto caminhamos em silêncio vi as veias em seu rosto e os olhos vermelhos, penso que ele deve estar faminto também e o quanto deve ser difícil resistir aos seus instintos naturais...
Em segundos ele está atrás de mim, com seus braços envoltos do meu corpo. O vento sopra balançando meus cabelos revelando meu pescoço, sinto sua boca se aproximar da minha pele a qual ele cheira antes de morder.

Ele bebe até se satisfazer, em seguida me da gotas do seu sangue, pouco, mas o suficiente para as marcas se fecharem.

- Ah eles devem estar esperando... - Caleb suspira tirando os vestígios de sangue do canto dos seus lábios.

- Eles? Esperando? - Questiono.

- Não me faça repetir... - Ele suspira me pegando em seus braços. - Vamos mais rápido, temos que chegar antes da meia noite para essa baboseira.

Em segundos estamos a frente da mansão, eu não consigo não me impressionar com a velocidade que eles podem alcançar. Ele me coloca no chão.

- Antes da meia noite? Por que?

- Você voltou a ficar barulhenta. - Ele resmunga. - Vou adiantando que isso foi mais uma idéia da Lilith e o Arthur. - Ele pega minha mão, então adentramos a porta principal, a casa está toda escura e silenciosa.

- Para onde foi todo mundo? - Pergunto enquanto olho tudo ao nosso redor.

- Eu não faço idéia. - Ele aperta um pouco minha mão. - Vem, sinto o cheiro por aqui. - Caminhamos em direção a cozinha que está escura como todo o restante da casa.

- Surpresa! - Lilith, Arthur e Derick gritam para mim acendendo as luzes, não pude conter o salto que dei em um susto e um sorriso que se formou em meu rosto, eu definitivamente não esperava por isso. Lilith corre para meu colo envolvendo seus curtos bracinhos em meu pescoço em um abraço. Derick e Sebastian estão de braços cruzados no canto do cômodo apoiados nas paredes, Caleb se junta a eles. Arthur trás até mim um pequeno Cupcake com uma vela em cima. 

- É uma porção única, afinal você é a humana. - Ele sorri me entregando, eu o pego e o agradeço antes de assoprar a pequena vela.

- Wendy, eu tenho uma coisa, pra você. - Diz Lilith abrindo a cabeça do urso e retirando de lá um pequeno objeto metálico que brilha com o reflexo da luz. - Esse rosário era da minha mãe, então achei que iria combinar com você.

- Lilith, obrigada, isso é lindíssimo! - Dou um beijo em sua testa junto com um abraço antes de a colocar no chão, me ajoelho para ficar na sua altura. Ela envolve os bracinhos no meu pescoço novamente tentando por o colar, ela não consegue, é quando Derick se oferece para por, eu aceito, afinal querendo ou não ele mora aqui agora.
Ao sentir seu toque frio no meu pescoço meu corpo inteiro se arrepia, ao por o rosário ele me da um beijo na bochecha.

- Feliz aniversário bruxinha, não pude comprar nada, então esse é o meu presente. - Ele diz com um sorriso acompanhado de uma piscadela, eu coro sem jeito.

- Larga dela. - Arthur murmura o puxando e me entregando um par de brincos lindos, o Sebastian me da um livro o qual ele disse ter gostado muito e achou que eu poderia me interessar também, o Ryan me da uma gargantilha, o que é nostálgico, pois a última que tive o Zachary fez questão de quebrar. O Caleb permanece onde está sem ao menos me olhar, seus olhos estão fechados enquanto aprecia sua música, como sempre...
Devo dizer, acho que esse foi o melhor dia que tive desde que cheguei aqui, e eu nem imaginava receber isso deles. Sem perceber algumas lágrimas escorrem dos meus olhos.

- Obrigada por isso...