Alucinação

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Ele avança para cima de mim, escondo meus olhos aterrorizada, achando que ele viesse me atacar como da última vez, mas Caleb toma a frente.

- Você acha que simplesmente vamos permitir? Sentar e assistir você se fortalecer? Não seja tão egoísta.

- Então o que faremos, a deixamos aqui? Nos tirando do controle. - A face do Zachary retorna ao que era.

- Não podemos fazer nada a respeito e a Lilith se apegou a ela. - Diz Sebastian.

- Eu estou aqui, me digam o que está acontecendo! - Ordeno aumentando meu tom de voz.

- Quer fazer o que? Jogar a garota em um calabouço? Se ela desaparecer, seremos investigados, como antes. - Caleb se senta no sofá saindo da minha frente.

O medo invade meu coração, eu apenas pego algumas palavras no ar, que me atormentam psicologicamente.

"Calabouço, desaparecer, sangue, fortalecer, o que tudo isso significa afinal."

- Os outros devem estar muito mais fortes, enquanto estamos brincando por aqui. - Zachary continua falando duramente com os irmãos.

De repente a minha visão ficar embasada, começo a ficar tonta, meus batimentos cardíacos estão cada vez mais acelerados.
Em questão de segundos eu apago.

Me vejo em um lugar escuro, como o jardim da mansão, estou totalmente atordoada e tonta, andando para todos os lados, sem conseguir sair dali. Quando olho para meu corpo e minhas mãos, elas estão todas ensanguentadas e minhas vestes rasgadas, ao olhar para frente novamente, o local se transforma em uma cela.

- Socorro ! - Clamo por ajuda.

- Você é mesmo patética. - O rosto do Zachary é revelado atrás de mim na pequena prisão, ele estava com o rosto coberto de sangue, seus dentes e boca.

- O que você quer de mim ? Me deixa em paz ! - Ordeno, mas ele ri lambendo o sangue de suas mãos.

- Você não sabe onde está, você está sozinha agora, você será meu recipiente, nunca provei algo tão doce. - Ele revela suas presas, ele vai se aproximando de mim devagar, enquanto dou passos para trás até bater as costas nas grades. Uma mão agarra meu pescoço e me prende enquanto Zachary ainda vem para cima.

- Você acha mesmo que vai se fortalecer sozinho ? Como pode ser tão egoísta ? - Ouço a voz do Caleb.

- Caleb me Ajude, Zachary está tentando me matar ! - Clamo por socorro, mas para minha surpresa o Caleb aperta meu pescoço cada vez mais.

- Não é só ele sua "coisinha" barulhenta. - Em um piscar de olhos, já estou na mesa de jantar deitada e presa. Lágrimas tomam conta do meu rosto, como acabei aqui ?

- É assim que irei morrer afinal ? - Me contorço enquanto tento tirar as amarras.

- É inútil resistir, lutar não vai mudar seu destino. - Caleb também está coberto com sangue, ele desliza os dedos gelados por minha perna enquanto seu rosto continua sem expressão.

- Você já era ! - Sebastian surge praticamente em cima de mim, com as presas afiadas, e as crava no meu pescoço.

Desperto no meu quarto em um susto, enquanto respiro com dificuldades e ofegante.

- Finalmente acordou ! - Zachary está sentado na poltrona na ponta da minha cama.

- O que aconteceu ? - Pergunto ainda tonta.

- Você pegou um resfriado, está com febre beirando aos 43ºC. - Sebastian surge na porta do quarto me surpreendendo.

Encaro o Zachary como quem diz: " Você sabe que a culpa de tudo isso é sua ?"

- Me surpreende você não estar alucinando. - Diz Sebastian se aproximando.

"Alucinando ? Então tudo foi uma alucinação, mas desde quando ?"

- Quando eu desmaiei ?

- Você desmaiou no meu carro. - Se pronuncia Zachary.

- Impossível ! Tudo foi tão real...

- Zachary ficou todo preocupado com você. - Ao olhar pro lado vejo Caleb deitado no sofá da janela com seus fones de ouvido enquanto encara o teto.

- Tsc... Até Parece que me importaria com ela. - Zachary revira os olhos.

- Não precisa negar. - Diz Caleb novamente.

- Cala a boca! - Zachary joga uma almofada no Caleb com força, que nem parece se importar.

- E a Lilith ? Não pude cuidar dela hoje.

- Ela está bem, já está dormindo.

- Que bom - Sorrio.

- Eu trouxe comigo o remédio que lhe dei da última vez. - Sebastian se aproxima com a mesma taça em mãos, e o mesmo líquido.

- Está fazendo isso de novo? - Questiona Zachary. - É perigoso.

- Contanto que ela não morra dentro de 24 horas, e isso é bom para sabermos onde ela está, e como está.

- Do que estão falando ? Eu vou morrer ? - Questiono com medo.

- Não, você não vai morrer, apenas beba. - Ordena Sebastian.

- Certo, obrigada. - Bebo aquele remédio horrível e amargo que queima meu corpo da garganta ao estômago. - Ah ! isso é muito ruim!

- Você se acostuma com o tempo. - Sebastian sorri amigavelmente. - Bom, iremos lhe deixar em paz, aproveite a noite. - Diz Sebastian recolhendo a taça e saindo acompanhado pelos irmãos que fecham a porta atrás de si.

"Devo confiar tão cegamente neles? Eles tem algo, uma atração, inexplicável." - Me pergunto.

Meus pensamentos são interrompidos quando meu celular toca quebrando o silêncio, eu o pego e atendo.

- Alô ?

- Filha ? como está?

- Ah mãe, que saudades, hoje foi meu primeiro dia na universidade, foi conturbado, mas eu consigo me virar.

- E a família que cuida de você ? São amigáveis ?

- Sim, a maior parte do tempo.

- Sua voz está fanha, gripou ?

- Peguei um resfriado, mas já estou melhorando.

Conversei com minha mãe durante um bom tempo, expliquei muitas coisas para ela, claro que não tudo, afinal eu não a queria preocupada comigo. Mas deu para disfarçar a saudade.Quando a conversa termina, me levanto da cama pegando uma toalha, a coisa que mais quero agora é um banho quente para relaxar, esses dias foram os mais agitados da minha vida.

Abro a porta do banheiro, mas tenho uma surpresa ao me deparar com o Zachary deitado na banheira vazia, como se estivesse me esperando.





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