XXI - Sakura: Estou aqui para você

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Banho tomado, fome saciada, mochila pronta e casa fechada. Tudo pronto para partir em missão.

Sakura encontrou-se com Naruto e Sasuke nos portões de Konoha, donde logo seguiram para Suna.

Como logo o sol iria se pôr, viajariam por cerca de quatro horas e teriam de acampar.

Sakura notou o percurso silencioso. O fato de Naruto estar tão calado o dia todo a intrigava e, ela podia perceber que isso de alguma forma estava relacionado ao Sasuke.

Os dois não trocavam um olhar sequer. Algo entre aqueles dois havia acontecido. Fosse algo bom ou ruim, ela iria descobrir.

A noite já caía quando desceram das árvores.

Naruto foi buscar lenha para a fogueira, Sakura montava a barraca e o Uchiha lançava kunais no riacho que ali havia afim de conseguir alguns peixes.

Assim que pôs o último pino na barraca, a rosada caminhou até a beira do riacho e sentou perto de Sasuke que estava concentrado em arranjar alimento.

O silêncio já a incomodava. Deu um longo e alto suspiro, chamando a atenção do moreno. Sakura percebeu que, mesmo para ele que gostava da calmaria, aquela quietude estava agonizante.

- É estranho não é? - Puxou assunto.

- Hum?

- Esse silêncio todo. Nem mesmo o baka do Naruto disse alguma coisa durante o dia. Acho que até estou sentindo falta das besteiras que ele diz. - Sakura dizia fitando o riacho movimentado pelo atrito das kunais lançadas por Sasuke.

Assim que ele acertou um último peixe, entrou na água e recolheu os animais os trazendo junto de si para a margem. A rosada sentiu-se feliz quando Sasuke sentou-se ao seu lado parecendo afim de uma conversa.

- Ele está confuso.

- Confuso? Com o quê?

Sasuke hesitou, e ela percebeu isso.

- Não é da sua conta. - O Uchiha respondeu ríspido.

Agora Sakura tinha certeza: seja lá o que fosse, tinha a ver com Sasuke.

Ela sabia que não conseguiria arrancar nada do moreno. Resolveu seguir a conversa.

- Hm. E você Sasuke-kun?

- Eu o que? - Perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Como você vai?

O Uchiha suspirou, fitando o riacho.

- Eu não sei.

Sakura o encarou apreensiva. Ela queria que Sasuke soubesse que ela estava ali para ele, que ela era sua amiga e que ele poderia desabafar com ela.

Sakura sempre foi uma das únicas capazes de decifrar o olhar do moreno. E quando os olhos cor de ébano encontraram os esmeraldas, ela entendeu o pedido que aquelas orbes lhe faziam; ele precisava entender-se sozinho antes de pedir ajuda à ela.

- Tudo bem Sasuke-kun. Quando precisar, saiba que estou aqui. - Ela disse escorando a cabeça em seu ombro em um gesto fraternal. Pode ouvir o moreno suspirar satisfeito.

- E você? - Sasuke questionou, agora calmo.

- Eu vou bem.

- Então, você e o Rokudaime?

- Surpreso? - A rosada questionou arqueando uma sobrancelha.

- Um pouco, - disse com uma risada nasal. - é algo diferente.

- Porque ele foi meu sensei?

- Não. Isso não é relevante. É diferente porque nunca vi o Kakashi com alguém antes.

- É verdade - disse em uma risada curta e leve. - mas não quer dizer que ele nunca tenha namorado. Ele é bem discreto quanto a isso, namoramos há dois anos e só agora fomos a público. Talvez ele já tenha namorado, mas nunca durou para que outros ficassem sabendo.

- Hum.

Sasuke tinha uma expressão confusa.

- Sakura.

- Hai?

- Quando você soube que gostava dele? - Parecia que, por trás dessa pergunta havia um questionamento íntimo do Uchiha, como se ele mesmo estivesse em um dilema. Isso fez Sakura pensar com cuidado em sua resposta.

- Bom, foi aos poucos. Eu estava passando por uma fase difícil. Eu estava triste, magoada. Trabalhava o dia inteiro e não conseguia dormir à noite. Não sentia fome nem disposição. Estava entrando em depressão. - Sasuke ouvia tudo atentamente, fitando a rosada que observava o riacho. -
Naruto, Ino, Tsunade e todos os outros faziam coisas enormes para me alegrar e me ajudar, nada adiantava. Mas o Kakashi... - Essas lembranças vivam no emocional mais profundo da Haruno, trazê-las à tona lhe emocionava a ponto de lacrimejar os olhos. - ele fazia coisas pequenas, ele segurava minha mão quando eu me sentia sozinha, acalentava meu choro, afagava meus cabelos até que eu conseguisse dormir, mesmo que por isso ele não dormisse. Ele fazia tudo isso sem que nunca tivéssemos trocado sequer um beijo. Ele não tinha o compromisso de me ajudar, mas ele ajudou. Nesse período eu passava quase todo meu tempo pensando, e quando percebi que ele dominava a maior parte dos meus pensamentos, eu soube que era dele que eu precisava, que era ele que me tiraria daquela foça. E foi o que ele fez. Se não fosse por ele, eu não sei se veria o sol novamente, porque foi ele que me fez apreciar tal brilho, me levando à luz de novo. Ele foi a luz que iluminou minha escuridão.

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