Anastasia...
Depois que Noah deixou o meu escritório o arrependimento me bateu na mesma hora. Simplesmente não me entendo. Qual é o meu fodido problema?
Eu gosto do Christian, de verdade, mas o meu orgulho ferido me impedem de mandar todos os homens do mundo irem a puta que pariu e agarrá-lo na frente de qualquer um. Ele me machucou muito; isso é fato, mas ignorá-lo machuca ainda mais e talvez esteja na hora de abrir o jogo e colocar tudo em pratos limpos.
Oito anos... já são oito anos.
Ainda encostada na minha mesa eu encaro a porta. Qual é o seu problema desgraçada? Meu subconsciente rosna para mim e a única coisa que posso fazer é abaixar a cabeça e permitir que minhas lágrimas molhem o meu rosto.
As enxugo com rispidez e olho para baixo, ajeitando as minhas roupas e o meu cabelo. Me afasto da mesa e caminho lentamente até as janelas do chão ao teto do meu escritório.
O tempo em Seattle fechou de uma hora para a outra e a chuva veio junto ao céu cinza para espelhar com perfeição o meu estado de espírito. Por mas que o que acabou de acontecer foi uma das maiores merdas que eu já fiz na vida nem tudo está perdido.
Os meus planos de perfeição ainda existem. Eu ainda sou virgem e esse momento ainda pode acontecer com Christian. Fecho meus olhos por um instante e imagens povoam a minha mente.
Um quarto a luz de velas, pétalas de rosas por toda parte, lençóis de seda vermelhos milimetricamente ajeitados na cama, champagne com morangos, uma banheira com sais de banho, cheiro de homem, cheiro de Christian.
Meus lábios se curvam nessa última parte do pensamento. Mas infelizmente isso é um sonho impossível e a culpa é toda minha e do meu orgulho ferrado que afastaram de mim o único cara pelo qual já me apaixonei.
Meus pensamentos são interrompidos pelo baque na porta do meu escritório. Me viro a tempo de ver um Christian com uma expressão estranha e olhos um pouco vermelho entrar com tudo na minha sala, batendo a porta a trás de si.
Assim que me vê ele fecha os olhos com força e murmura um palavrão que não deu para entender. Sua fala está um pouco embolada e seu perfume está se misturando com o cheiro forte de uísque. Ele bebeu? Reviro meus olhos diante da pergunta retórica. Acorda Anastasia!
Balanço minha cabeça afastando a voz irritante do meu subconsciente e corro até ele que está escorado contra a porta. Sua gravata frouxa e os cabelos bagunçados denunciam que algo de errado está acontecendo com ele.
-- Christian. - agarro sua mão com força e o puxo para o sofá no canto do escritório. -- O que houve? Por que bebeu?
Quando seus olhos encontram os meus vejo um lampejo de magoa passar por eles, mas por qual motivo em especial? A culpa é minha? O que eu fiz?
Ele me analisa por alguns segundos antes de fechar os olhos e jogar a cabeça para trás, contra o encosto do sofá. Fito seu rosto e seus traços perfeitos. Sinto meu coração acelerar. Eu só o queria para mim, nem que fosse por uma única noite.
Ele passa alguns minutos nessa posição, acho que dormiu, mas quando me levanto sua mão esquerda agarra o meu braço e me puxam para o sofá novamente.
Encontro sua íris acinzentada assim que minha bunda faz contado com o couro do estofado. Seus olhos não estão como de costume, estão num tom mais escuro, quase pretos. O seu aperto se torna mais forte a medida que o fito. Abaixo meus olhos para sua mão e vejo que o local que ele está apertando está vermelho.
-- Christian você está me assustando. - sussurro com o fio de voz que ainda me resta. Ele pisca e me solta, se levantando em seguida.
Suas mãos correm nervosamente pelos cabelos enquanto sua respiração se torna cada vez mais rápida e audível. Percebo que seus músculos estão tensos quando ele se vira para a vista de Seattle que a pouco eu admirava.
Me levanto do sofá e caminho atrás dele, parando a pouco centímetros do seu corpo. O barulho dos meus saltos morreu e sua respiração está mais calma, o que causa no ambiente um silêncio aterrador.
-- Christian fale comigo. - ele olha para cima e seus olhos encontram os meus através dos nossos reflexos na janela. O silêncio seguinte é quebrado por um trovão alto que me provoca arrepios.
Na mesma hora minha mente projeta os eventos daquela madrugada de verão na Flórida que uma tempestade caiu e como eu sempre fui medrosa me levantei da minha cama e corri para o quarto de Christian que ficava ao lado do meu.
Nós tínhamos dez anos na época e foi naquela noite que descobri sentir coisas por ele. As palavras que ele sussurrou no meu ouvido durante os vinte e cinco minutos de chuva me acalmaram e me trouxeram novamente o sono tranquilo.
-- Christian, fale comigo pelo amor de Deus. - ele fecha os olhos e respira fundo antes de se virar para mim e fitar os meus olhos. Minha visão está um pouco turva pelas lágrimas, mas consigo perceber ele engolir a seco quando percebe. -- Por favor.
-- Por que Anastasia? - ele diz depois de ficar alguns segundos me encarando.
-- Por que o que?
-- Por que fez isso comigo? - sua voz claramente traí o seu tom. Ele está magoado, mas quer passar a impressão de impassividade.
-- Me explique o que eu fiz para poder consertar algum erro. - me aproximo dele que se afasta e volta a posição de antes.
Suas mãos estão no seu bolso e pelo reflexo do vidro posso ver o famoso e frio Christian Grey que todos admiram, temem e que agora está assustando a merda para fora de mim.
-- Acho uma coisa um pouco difícil de se explicar senhorita Steele. - arregalo meus olhos e prendo a minha respiração.
Ele me chamou assim somente duas vezes na vida: quando pegou Elliot e eu nos beijando e quando descobriu que eu estava namorando com Jack - e essas duas ocasiões ele estava muito puto comigo.
-- Christian, o que aconteceu? Por que você bebeu? - pergunto num fio de voz.
-- Faz parte do pacote Anastasia Desilusão Steele.
-- O que? - ele se vira para mim e sorri da minha expressão chocada. Onde isso vai dar?
-- Não se faça de boba porque isso você não é Anastasia. - abaixo minha cabeça e afundo na minha poltrona. Ele caminha até mim e ajoelha na minha frente, levantando a minha cabeça com seus dedos longos no meu queixo.
Olhando-o assim não dá para ignorar a beleza e sensualidade que emanam dele. Ele é lindo e mexe comigo como nenhum outro mexeu e isso me assusta. Me apavora a ideai de me abrir e ser machucada gravemente de uma forma que não permita cicatrização.
Ele sorri e acaricia a minha bochecha. Seus dedos descem pelo meu rosto e se abrem na minha garganta, fechando a mão em punho ao redor dela. Arregalo os olhos para o seu sorriso perverso enquanto seus dedos fazem uma leve pressão na minha garganta.
Não é o suficiente para me sufocar, mas é mais que suficiente para assustar a merda para fora de mim. O que ele está fazendo.
-- Christian...
-- Como foi Anastasia?
-- Como foi o quê? - ele sorri.
-- Tudo bem, vou refrescar a sua memória.
Ainda com a mão esquerda na minha garganta ele coloca a direita dentro do seu bolso e tira de lá o seu celular. Rapidamente ele digita a senha e desbloqueia o aparelho que já abre no aplicativo da galeria.
Acompanho cada movimento seu com os olhos, mas sinto o sangue deixar o meu rosto quando ele dá play em um vídeo e me mostra.
NÃO ACREDITO!
Nos segundos do vídeo é relatado com clareza o que estava acontecendo. Ele me gravou transando com o Noah.
Um arrepio me percorre e acelera o meu coração. Meu subconsciente me deu adeus e minha mente não trabalha mais, acho que está paralisada pelo que acabou de presenciar.
Mas antes de tudo estar perdido a vozinha da minha cabeça ressurge só para sussurrar uma verdade para mim.
FODIDA, EU ESTOU FODIDA!
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30 days of pleasure
RomanceChata, insuportável, metida, esnobe, gostosa... essa são as palavras que Christian achou para melhor definir a brilhante Anastasia Steele. Advogada de um renomado escritório de Seattle, é idolatrada por todos pelo simples fato de se...