Fiesta

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ALITA

Ao me olhar no espelho, vi que eu tinha escolhido bem aquela roupa mais cedo. Era simples, mas tinha um estilo que eu gostava e, já que eu não sei o que vai acontecer naquela festa, não era bom eu ir de saia ou vistido, pois eu não queria que ninguém da faculdade veja a minha calcinha. 

Claro que nas outras festas que teve eu fui de vestido, mas naquela época não tinha o Diogo como meu segurança, e eu estou preocupada de perder o controle da minha sanidade perto dele. Eu não queria ele fosse comigo para festa e já que eu não consegui convencer os meus pais, eu tinha que aceitar e...Bem, é melhor eu não ficar muito tempo aqui pensando se não eu vou acabar me atrasando.

Ao sair do meu quarto, desci as escadas e fui até sala para ver se o Diogo já estava lá me esperando. Entretanto, acabei ficando sem reação ao vê-lo com aquela roupa. Era a primeira vez que o via sem o terno - bem tirando a parte que eu o vi sem camisa, mas isso é completamente diferente. 

Dessa vez o Diogo parecia um cara comum que com certeza pegava numa festa ou...Espera, o que eu estou pensando? Ele é o segurança!, meu subconsciente me chamou atenção. Bem, na verdade, já fazia um tempo que eu não conseguia vê-lo só como segurança - não depois desse desejo que comecei a sentir por ele. 

Eu já sabia que a minha noite não seria fácil e agora está comprovado. Estava claro que não conseguirei me divertir, sentindo a presença do Diogo perto de mim; o bastante para querer ir até ele e agarrá-lo na frente de todo mundo, e eu sinto que não serei a única garota lá a ter esse desejo.

_ Vamos srta. Santiago - falou ele me tirando dos meus devaneios.

_ Vamos - então saímos de casa silenciosamente e entramos no carro.

Durante o caminho esse silêncio se prolongou, mas era um silêncio diferente e que fazia ninguém falar uma única palavra. Porém, depois que pegamos a Camile na casa dela, nós duas começamos a conversar e pude esquecer um pouco essa tensão toda a vez que ficava perto do Diogo.

_ Eu vou me divertir muito nessa festa - falou Camile muito animada. - Vocês terão que me levar no colo quando voltarmos de lá.

_ Nossa! - dei uma risada. - Cuidado que você está de vestido, então tente não pagar calcinha.

_ Você tem razão - ela disse desanimada. - Droga, por que eu não vim de shorts.

Dei outra risada.

_ Pois é - falei.

_ Mudando de assunto, você sabia que a Mirela e o Adam não estão mais juntos - assim que ela disse os nomes dos dois, o meu sorriso desapareceu do meu rosto.

_ Eu não sabia e prefiro não ouvir mais o nome desses dois - mesmo sabendo que eu tenho que vê-los todos os dias na faculdade e inclusive nessa festa.

Desde o dia que eu joguei o suco na cabeça dos dois, a rixa entre nós aumentou mais ainda, mas não me importei. Eu não me arrependo pelo o que eu fiz e tudo o que eu mais quero na vida é não ter que trocar uma única palavra com aqueles dois insignificantes.

_ Tudo bem - Camile levou a mão em forma de rendição. - Eu não direi mais o nome dos dois. Eu acho que assim é até melhor.

Logo depois nós mudamos de assunto e continuamos conversando até chegar o local da festa. Era numa casa grande que fica no campus da faculdade, justamente para os universitários que querem fazer festa lá. De onde eu estava podia ouvir a música alta lá dentro, informando que a festa já tinha começado, e no lado de fora já podia ver universitários bêbados, que mal conseguiam se manter em pé.

_ Vamos? - disse Camile após o Diogo ter estacionado o carro.

_ Vamos - falei, então pegamos as nossas bolsas e saímos do carro.

Assim que entramos na festa, podemos ver várias pessoas dançando a música animada que estava tocando, enquanto outras estavam bebendo ou se beijando num canto. Não demorou muito, vio Adam com os amigos dele e a Mirela estava conversando com aquelas duas, bem longe deles. Mas o que me surpreendeu foi ver que os dois não pareciam estar desanimados ou tristes pelo fim do namoro, pelo contrário. 

_ Nem parece que terminaram, não é? - Camile falou exatamente o que eu pensei.

_ Não parece mesmo - falei, eu acho que os dois nunca se gostaram de verdade, pensei. Mas eu não me importei, pois tudo que eu quero é esquecer que esses dois existem.

_ Bem, eu não vim para essa festa para ficar parada - disse Camile. - Eu vou beber alguma coisa e você?

_ Eu também - logo fomos para a cozinha, pois era onde ficava as bebidas. 

Durante o caminho puder perceber alguns olhares direcionados para mim. Claro que, mesmo que tenha passado um mês, ainda sou lembrada na faculdade como a garota que tem os pais perigos. Tudo isso graças ao Adam, mas agora pouco me importa o que todos eles acham.

Quando cheguei na cozinha não foi diferente, porém alguns olhares era para o Diogo, que estava perto de mim. Algumas garotas que estavam bebendo ali na cozinha, começaram a olha-lo com desejo e não escondiam nem um pouco isso. Eu já sabia que isso aconteceria, quem não conseguiria percebe-lo, pensei.

 Contudo, eu sabia que  não conseguiria me divertir totalmente, sentindo ele  perto de mim. Porém, eu tinha que tentar, se não eu poderia tomar uma  atitude louca a qualquer momento.

_ Alita, está me ouvindo? - falou Camile, tirando dos meus devaneios loucos.

_ Desculpa, o que você disse? - perguntei.

Ela sacudiu a cabeça de uma risada.

_ Só eu que percebi que tem um monte de garota olhando para o seu segurança? - disse ela.

Não, você não é a única, pensei.

_ Se eu achava que o seu segurança ficava charmoso naquele terno, ele se superou - continuou ela. - É melhor você tomar alguma atitude, antes que você o perca para alguma rapariga sem cérebro.

Esse é o meu medo, pensei. Tomar alguma atitude maluca e...

Olhei de soslaio para o Diogo e fiquei aliviada por ver que ele não estava prestando atenção na nossa conversa.

_ Quer saber, agora sou eu que não quero ficar parada - falei. - Estou afim de dançar, vamos.

_ Espera, e a cerveja? - falou Camile.

_ Bebemos depois, vamos - peguei a mão dela e a puxei até onde as pessoas estavam aglomeradas dançando.

A música que estava tocando era animada e sensual ao mesmo tempo. E, toda a vez que eu rebolava, sentia o olhar do Diogo sobre mim - que nem aquela noite na boate, pensei e senti as minhas bochechas ruborizarem.

Aquela noite foi longa e sentia que hoje não será diferente.

A Herdeira da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora