A Herdeira da Máfia

Una Conversación Que Nadie Esperaba

Quando chegou o final da aula, percebi que ainda não tínhamos terminado de fazer o trabalho que o professor tinha mandado. Ao olhar ao redor, vi os outros alunos guardando as suas coisas e fiquei surpresa que a hora tinha passado tão depressa. Porém, durante a aula, pude sentir alguns olhares raivosos das outras alunas, direcionados para mim. Bem, não fui eu que escolhi a minha dupla, não é mesmo?, pensei.

Porém, eu confesso que durante esse tempo, foi estranho ficar tão próximo do aluno novo. Ele tinha um olhar penetrante e toda a vez que me fitava eu ficava sem saber o que dizer. É loucura sentir algo assim por uma pessoa que recém conheceu, ou melhor, que conversou pela primeira vez por causa de um trabalho. Justamente um trabalho que ainda não tínhamos terminado de fazer e não sabíamos a onde poderíamos terminá-lo.

_ Vamos? - falou Liam, guardando as suas coisas.

_ Vamos - eu disse me levantando. - Sabe, eu estou aqui pensando a onde poderemos terminar o trabalho.

_ Pode ser na sua casa ou...

Eu não achei a primeira alternativa boa. 

_ Eu não acho que na minha casa seja uma boa ideia- fale mas rápido do que eu pretendia.

_ Por causa dos seus pais? - ele me pegou de surpresa ao fazer essa pergunta.

Olhei para ele com as sobrancelhas franzidas.

  _ Como...?  

_ As notícias correm por aqui - falou ele. - Mas pode ter certeza que eu tenho mais medo dessas pessoas que estudam aqui, do que nos boatos que eles contaram sobre a sua família.

_ E, por que diz isso? - perguntei.

Ele deu de ombros.

_ Está claro que temos que ficar mais preocupados com as pessoas que falam por trás das nossas costas, já que podem ser as pessoas que menos esperamos - explicou e de certa forma ele estava certo.

 Quando eu descobri que  Adam e a Mirela tinham um caso por trás das minhas costas, acabei percebendo que a decepção maior veio das pessoas que eu menos esperava. E fico aliviada que o Liam não foi mais uma dessas pessoas que se levou por esses boatos - mesmos que numa certa tivessem razão.

_ De certa forma você está certo - eu disse.

_ Bem, mas voltando ao assunto do trabalho, se você quiser podemos terminá-lo na biblioteca da faculdade - falou Liam. - O que você acha?

_ Pode ser - falei pensando a respeito. - Tem tudo aqui, não é mesmo?

Então eu peguei a minha bolsa e saímos da sala.

_ Vamos, srta. Santiago - falou Diogo que já estava esperando ali fora.

_ Eu vou ficar aqui por mais um tempo - falei. - Eu e o Liam iremos para a biblioteca, pois temos um trabalho para terminar.

Diogo assentiu, mas não falou nada e logo depois ele nos seguiu até a biblioteca. Ao chegarmos lá, eu e o Liam pegamos os livros que precisaremos para o trabalho e fomos nos sentar numa mesa. Assim ficamos a tarde inteira, dentro de uma biblioteca, para terminar um trabalho que era para a manhã. Contudo, ao mesmo tempo, eu não podia esquecer que o Diogo eu estava bem próximos de nós, me deixando com uma certa dificuldade para prestar atenção no que eu estava fazendo.

(•.•)

Eu não sabia quanto tempo tinha passado, mas quando eu percebi que o trabalho já estava pronto, pude ficar mais aliviada e descansar a minha mão que estava muito dolorida.

_ Finalmente, terminamos - falou Liam também aliviado.

_ É mesmo - concordei. - A minha mão está acabada.

_ E meu psicológico também - acrescentou ele.

Dei rizada do exagero dele, mas logo surgiu algo na minha mente.

_ Sabe, eu estava aqui pensando - falei -,o que leva uma pessoa entrar num curso de fisioterapia quase no final de semestre?

Liam passou a mão atrás da nuca. 

_ É meio complicado de explicar - disse ele. - Há poucos dias atrás descobri que eu era adotado e os meus pais demoraram vinte e três anos para me contar isso.

Eu não esperava ouvir aquilo.

_ Nossa, eu não fazia ideia...

_ Não, tudo bem - ele deu de ombros. - Antes de vir pra cá, eu fazia também fisioterapia na faculdade lá do México. Mas, depois que eu descobri a verdade, eu senti que precisava ficar um pouco longe de casa para colocar a minha cabeça no lugar. A minha sorte que eu tenho um amigo que mora aqui na cidade e foi ele que me contou que tinha uma faculdade aqui e com o mesmo curso que o meu. Então....- ele respirou fundo -, aqui eu estou.

_ E você nunca descobriu quem são os seus pais verdadeiros? - perguntei antes que eu pudesse impedir das palavras saírem da minha boca.

_ Não, mas eu também não faço questão de saber - ele se levantou. - Bem, melhor nós já irmos.

_ Verdade, já está ficando tarde - falei me levantando também.

Então guardamos as nossas coisas e saímos da biblioteca. Confesso que eu não estava esperando ter esse tipo de conversa com ele agora, pois mal o conheço para começarmos a falar das nossas vidas. Mas, de certa forma gostei de ter conversado com Liam - mesmo sabendo que Diogo estava ali presente todo esse tempo.

_ Sabe, eu gostei de ter conhecido, Alita Santiago - falou Liam assim que chegamos ao estacionamento. - Confesso que não é todos os dias, que conhecemos alguém por causa de um trabalho da faculdade. 

_ Verdade - concordei. - Mas, eu também gostei de ter te conhecido, Liam Vega. 

_ Não esquece o trabalho em casa - disse ele indo em direção ao seu carro.

_ Pode deixar - falei rindo. - Até a manhã.

_ Até a manhã.

Logo depois entrei no carro com o Diogo logo atrás. Não falamos nada durante o caminho de volta para casa, o que me ajudou a pensar melhor no que aconteceu. Não foi só trabalho que me pegou de surpresa e sim aquela conversa que eu e o Liam tivemos mais cedo. Bem, de certa forma eu gostei de ter o conhecido melhor, mesmo não sendo do jeito que eu - e nem ele - esperávamos.

DIOGO

Enquanto ainda não chegávamos em casa, acabei pensando no que aconteceu mais cedo, durante o caminho. Confesso que eu fiquei surpreso com a conversa que ela e aquela cara tiveram dentro daquela biblioteca, pois saber que ele foi adotado não era algo que se descobre assim tão de repente e eu acho que a srta. Santiago pensou o mesmo. 

Contudo, havia alguma coisa naquele cara que me deixou um pouco desconfiado e, sinceramente, eu não gostei de ver a srta. Santiago fazendo trabalho com ele. Porém, nesse ponto, era um sentimento que deveria manter para mim e esquecê-lo de uma vez por todas - mesmo que esteja sendo um trabalho difícil.

Não demorou muito, tínhamos chegado em casa, então vi ela pegando a sua bolsa e saindo do carro na mesma hora. Olhei no meu relógio e vi que era quase quatro horas da tarde. Talvez eu treine um pouco, pensei, pois era uma das coisas que me fazia relaxar nesses últimos dias.