Capítulo 4

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Cheguei correndo na escola no outro dia. Estava no horário, mas gostava de chegar bem mais cedo, porque organizava melhor a sala e já ia preparando as mesas e papéis para a primeira atividade dos alunos. Ao chegar Jonathan veio me avisar na portaria que Marlene queria falar comigo. Fiquei preocupada, já pensando se seria demitida ao ir para a sala da diretora.

Chegando lá achei Marlene, Clarisse e seu pai Augusto que estavam me esperando. Antes que eles dissessem alguma coisa, já imaginei que algo estivesse errado.

- Bom dia dona Marlene. A senhora quer falar comigo?

- Sim professora. Augusto veio hoje informando que ontem Clarisse chegou em casa com o queixo roxo e inchado e gostaria de saber o que houve, eu não soube dizer então pedi que te chamassem.

Olhei para Clarisse e logo depois para Augusto que estava com uma cara bem irritante.

Lembrei do tombo de Clarisse e que ela não havia machucado ontem. Me abaixei e pedi que ela me mostrasse o machucado. Ela levantou o queixo e vi que tinha uma bola inchada e roxa ali. Me coloquei de pé e virei para a diretora.

- Marlene ontem ela me desobedeceu e saiu correndo para o parquinho, eu fui atrás e ela caiu no pátio. Mas quando olhei estava tudo bem, como não havia nada, levei ela de volta para a sala.

- Ah sim, dona Helena a senhora tem que levar os alunos que caem para a enfermaria, nem que seja para colocar um gelo e evitar que fique roxo ou inchado. Todos os alunos que machucam devem ir para lá.

Foi só um roxo meu Deus que drama.

- Eu sei senhora, me perdoe, não levei porque não vi nenhum machucado aparente. Mas na próxima irei levar o aluno para lá.

- Se essa professora não sabe nem como agir em casos de primeiros socorros, não deveria estar em sala de aula. E se minha filha sofre algo pior? Será que ela tem capacidade para cuidar dela?

Respirei fundo e me virei para ele.

- Pode ficar tranquilo senhor Augusto que cuidarei da sua filha caso aconteça algo com ela, o que não irá acontecer, ontem foi só um tombo leve, não há nada com que se preocupar. - lancei meu sorriso falso no final.

- Não há nada que me preocupar? Você me disse que ela fugiu da sala, pense só fugiu, e que você correu atrás dela e ela caiu no pátio. Primeiro não consegue segurar uma criança em sala de aula, segundo que ainda deixa ela cair?

- Senhor Augusto, o senhor sabe como é cuidar de quase quinze crianças de três anos sozinha, durante algumas horas, presas em uma sala?

- Bom você se formou para isso, se está com tanta dificuldade sugiro que troque de profissão, pois minha filha cai no chão e você não tem a capacidade de trazer ela para colocar um gelo e evitar que fique assim? - ele aponta para a menina como se tivesse algo terrível nela.

- Na hora que ela caiu não tinha nada aparente, por isso não levei, mas na próxima eu irei levar. - respondi mantendo a paciência.

- Não haverá próxima, porque como dissemos ontem diretora, se houvesse incidente haveria uma reunião para decisão do que fazer, e eu solicito a troca de sala de minha filha ou que esta professora seja transferida para outra escola.

- O senhor está chamando de incidente ela ter caído e ficado com um roxo no queixo? Nem cortou, nem nada, você está usando isso de má fé para destruir minha carreira?

- Você destrói sua carreira por si só professora, parece não estar apta para estar na sala de aula.

Meus olhos enchem d'água, não sei quanto tempo mais vou segurar sem meter a mão na cara desse nojento.

Uma pestinha me trouxe o amor (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora