Capitulo 7

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Eu tento por amor na dor
Por isso que certos poemas são como uma flor
Estão cheios de espinhos
Mas nunca esqueço, da beleza
Porque mesmo envolto em tristeza
Na nossa vida temos que guardar um espaço
Para a crença, que melhores dias viram
Pois não existe inverno, sem verão.

Poesia de guilherme_costa91

Augusto

Acordo assustado, olho para o relógio no criado mudo e ainda são 01:20 da manhã, que droga tive outro pesadelo. Coloco a mão do lado apalpando para sentir ela, não sinto nada, a realidade vem, a dor bate, a saudade, o vazio. Tudo de uma vez. Sempre nessa sequência, toda noite, por longas semanas, que merda. O baque da dor vem sem que eu possa para-lo. Quando isso vai passar? Não sei, acho que não vai, ela era única, perfeita, eterna, minha melhor amiga.

Sento na cama e olho para aquele quarto vazio, tudo é vazio, a casa o quarto, meu coração, tudo. O que as pessoas fazem para voltar a viver depois de uma grande perda?

Saio da cama e vou para o quarto ao lado, abro a porta lentamente e ela está lá dormindo, como um anjinho, pelo menos hoje ela dormiu. E eu continuo na mesma insônia e angústia de sempre.

Clarisse não dorme direito a muito tempo, ela e eu. Sempre acorda gritando e tendo pesadelos, eu que já estou acordado quando ela grita vou até seu quarto e acalmo ela, ela também tem crise de realidade sempre que acorda e lembra do que houve, ela chora. E eu choro junto. Queria ser a força dela, mas não encontro forças nem em mim mesmo. Então canto pra ela. Todo dia canto. Para que ela fique mais calma. É uma música que eu amo e sempre me acalma e com a Clarisse também tem funcionado, Amanda e eu amávamos essa música. Lembro-me da música e coloco ela para tocar no celular e pego o fone, canto ela baixinho.

Hoje faz 2 meses e meio. Eu estou contando? Não. Mas é possível não contar? Não. Porque cada dia que passa é longo e chato.

Lembro-me bem de como aconteceu. Ela me deu um beijo antes de sair e eu não quis retribuir, estava bravo com ela, nem me lembro o motivo, mas era uma bobeira qualquer eu tenho certeza, e ela me olhou uma ultima vez magoada e saiu pela porta, lembro desse olhar como se fosse agora, e ele dói, como posso ter deixado ela sair chateada comigo? Ela engatou a ré e foi levando Clarisse no banco de trás, meia hora depois recebi uma ligação avisando de como estava minha filha e que infelizmente havia perdido minha mulher.

Pego meu celular para olhar o whatsapp e vejo que Jenny está online. Ela é uma amiga antiga de infância, crescemos juntos, somos inseparáveis. Sou filho único e ela sempre foi uma irmã. Já nos beijamos uma vez, mas foi esquisito, no final rimos muito e decidimos que nem química tinha e só restava a grande amizade. E era a melhor amizade que eu poderia ter. Aproveito que ela está online e mando mensagem.

- Oi, onde a senhorita está uma hora dessas?

- Ei, se eu te contar terei que te matar depois kkk.

- Engraçado, kkk é sério!

- Estou aqui no pub da rua 55, o novo que lançou, pub Tairon, é demais aqui. E você tá acordado porque?

- O mesmo de sempre! 😔

- Quer vir pra cá gato?

- Não. Está tranquilo.

- Vem logo bobo, vamos beber e esquecer.

- Não sei. Que exemplo vou dar para Clarisse, ela está dormindo aqui e acorda e não me vê. Ela já está traumatizada por conta de nunca mais ver a mãe.

- Larga disso ela fica com a babá, para isso que elas servem. Vem logo!!!😝😝😝

- Não sei...

- Espera aí que vou te mostrar como está aqui.

Jenny está te convidando para uma chamada em vídeo.

  Ai meu Deus. Ela não vai me deixar quieto mesmo, até que eu apareça lá.

Aceito a ligação e vejo ela com os cabelos loiros soltos ondulados, balançando para todo lado, junto com seu corpo, no ritmo da música, lá atrás dela reconheço o restante do grupo de seus amigos. Eles gritam e mandam sinal para a câmera, me cumprimentando.

Vem logo gatinho! - ela diz por cima do som alto, gritando para o telefone.

- Tá ok. Eu vou só me arrumar...

Uhuuu, isso aí, te espero aqui pra gente se divertir.

Dizendo isso ela desliga seu celular e eu vou me arrumar. Vou até o quarto da babá que está dormindo e tenho que acorda-la para avisar que irei sair. Ela responde que tudo bem e volta a dormir. Espero que ela tenha me escutado mesmo. Tomo um banho e visto uma calça jeans, uma camiseta com gola em V azul royal e um sapatênis. Eu não sei se estou legal, eu perdi a noção de me arrumar. Como a noção de várias coisas, depois da tragédia. Volto a ficar mal novamente, mas respiro e tento esquecer por um segundo isso. Pego as chaves do carro e a carteira, coloco o celular no bolso da frente e saio.

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Estão gostando da história? Por favor comentem e deixem seu voto, me ajuda muito a continuar.

Obrigada pelas pessoas que votaram nos capítulos anteriores e obrigada aos que são leitores fantasmas, mas que mesmo assim me acompanham.

Até o próximo capítulo!

Mil beijos doces ❤️❤️

Uma pestinha me trouxe o amor (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora