04. AZUIS E NEGROS

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Parece que há oceanosEntre mim e você, mais uma vezNós escondemos nossas emoçõessob a superfície e tentamos fingirOceans - Seafret

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Parece que há oceanos
Entre mim e você, mais uma vez
Nós escondemos nossas emoções
sob a superfície e tentamos fingir

Oceans - Seafret

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• DARYL DIXON •

Dizem que em situações de risco nosso corpo assume um estado de hipervigilância, os sentidos ficam aguçados e o coração acelera para poder bombear adrenalina mais rápido pelo corpo. Naqueles anos de apocalipse eu já sabia que isso era verdade.

Situações de risco eram o normal do nosso dia a dia, estávamos sempre em estado de alerta, sempre prontos para lutar e sobreviver.

Sobreviver... Ri da ironia daquilo. De que valia sobreviver quando as pessoas a minha volta estavam morrendo?

Merle. Hershel. Beth. Denise. Glenn. Recitei aqueles nomes na minha mente como um mantra, o fim daquelas pessoas dizia muito sobre minhas falhas e sobre o quanto eu piorara com o tempo.

Eu tinha culpa em cada uma daquelas mortes. Eu podia ter apoiado meu irmão um pouco mais, eu o perdi por isso e ninguém sofreu mais com o acontecido do que eu mesmo.

Se eu não houvesse desistido de caçar o maldito Governador, talvez anda tivéssemos a prisão, talvez Hershel ainda estivesse conosco. Mas eu falhei, e fiz as duas filhas dele assistirem a sua morte.

Beth também era minha responsabilidade, eu peguei uma menina boa e cheia de vida e a destruí, ela acabou morta e eu não pude protegê-la...

E o que dizer de Denise? Morta porque eu quis dar uma de bonzinho. Eu devia ter matado Dwight e aquela menina quando tive chance, mas, ao invés disso, deixei os dois escaparem e isso terminou com Denise morta bem na minha frente, com uma das minhas flechas atravessada no olho. Tinha como ser mais minha culpa que isso?

Ah sim, tinha...

Glenn. Ele me pediu pra voltar e eu disse não. Por minha causa ele estava naquela floresta. E por eu ser um caipira estúpido e impulsivo Maggie tinha sido obrigada a ver a morte do marido da pior forma possível, ela tinha um bebê no ventre. Um bebê que cresceria sem pai, por minha causa.

Sem pai, sem avô e sem tia, tudo por minha culpa.

Eu teria morrido no lugar do coreano, eu teria morrido no lugar de Abraham ou de qualquer um deles, mas ali estava eu: vivo.

As torturas de Negan não faziam a menor diferença pra mim, eu merecia aquilo. E no fim das contas não era nada realmente novo... Abuso, tortura psicológica, era como ser criança outra vez.

Só tinha uma diferença, Negan não era meu pai, eu nunca abaixaria minha cabeça para ele, nunca seria um dos homens dele.

Me encolhi um pouco mais. Infelizmente minha raiva não era o bastante para me aquecer e aquele maldito cubículo ficava mais frio a cada instante.

LIFELINE² - DESTINY DON'T GIVE UP | Daryl Dixon ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora