30. VALETE DE COPAS

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"Eu penso que eu estou quebradaQuando eu tento ser abertaEu tenho o sentimento que eu estou desistindoDe uma coisa que eu amo, demais

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"Eu penso que eu estou quebrada
Quando eu tento ser aberta
Eu tenho o sentimento que eu estou desistindo
De uma coisa que eu amo, demais..."

Ace of Hearts - Zella Day

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• NATALIE COOPER •

De todas as coisas terríveis que podem acontecer a uma pessoa, algumas delas podem ser piores... Uma mãe ter que enterrar uma filha talvez não esteja nessa lista, mas uma mãe sequer poder enterrar a filha certamente está...

Eu escolheria arrancar minha própria mão se pudesse evitar aquela tragédia. Mas não era uma escolha. A morte de Luka me atingiu como um trem, acabou comigo...

Tudo que sobrou foi a dor, uma certeza absurda de que eu não suportaria perder mais ninguém, e a culpa...

A culpa é como um pequeno cupim que se aloja em uma parte de nós, não é grande coisa de início, mas rapidamente se multiplica e se alastra, toma conta da gente, até que tudo que existe e a culpa, tudo vira incerteza.

Não tinha sobrado muito em que eu pudesse me apegar, talvez não tivesse sobrado nada, eu era um barco à deriva, perdida. Minha mente era um oceano de lembranças ruins rodando em lopping infinito. Começou com Luka, mas logo uma dor puxou a outra e eu revivi todo o sofrimento que tinha enfrentado na vida.

Eu estava fora do controle, me afogando lentamente, era como lutar por minha vida dentro da minha própria cabeça. E eu estava perdendo essa luta... cansada demais para continuar.

Então, justo naquele momento, Daryl Dixon jogou outra bomba no meu colo e eu explodi. Sem controle dos sentimentos que escorreram de mim.

Uma parte sabia que tinha sido injusto, uma parte ainda tentava soar sã, mas naquele momento aquela parte era tão pequena que tudo que eu senti, quando coloquei meu sofrimento e mágoa, acumuladas por dez anos, para fora, foi alivio.

Foi como emergir por alguns segundos e finalmente respirar. Mas não durou muito...

Assim que deixei o escritório eu soube que tinha descontado em Daryl coisas que não importavam mais, não era justo, e mesmo que eu soubesse que a vida nem sempre fosse justa, a culpa me puxou para baixo de novo.

Eu estava afundando... E não era mais lentamente.

Meu desespero era tanto que eu mal me lembro de ter pedido para Carol ficar de olho no Petter, antes de deixar Hilltop. Não havia um rumo. Eu apenas senti que a comunidade me sufocava naquele momento.

Mas não era a comunidade, era eu mesma. Eu estava afundando, me afogando de novo, não em água, as lembranças e a dor eram como areia movediça se infiltrando nos meus pulmões e me impedindo de respirar.

Apoiei as mãos no joelho e arfei em busca de ar, eu estava sufocando, mesmo no meio da floresta era como se eu estivesse em uma caixa fechada, afundando na areia, sem ar, sem saída.

LIFELINE² - DESTINY DON'T GIVE UP | Daryl Dixon ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora