17. COISAS QUE VOCÊ ME ENSINOU

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AVISO DE GATILHO:
Esse capitulo contem menções a abuso fico e automutilação, não temos cenas em si, apenas citações, mesmo assim acho importante que leiam com responsabilidade e respeitem seus limites emocionais sempre.

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• LUCENA DAVIS •

Quando você quebra uma perna, se não tratar o ferimento imediatamente, haverá sequelas, às vezes, mesmo com tratamento rápido o ferimento foi tão intenso que as sequelas permanecerão com você a vida toda. E eu não falo apenas da cicatriz...

Imagine quebrar essa mesma perna, de novo e de novo, consecutivamente no decorrer de anos. Sem nunca tratar direito, sem nunca ficar tempo o bastante com o gesso... O que você acha que vai acontecer? Mesmo se por um milagre de Deus você encontrar alguém que trate a sua perna e que se certifique que nada mais vai feri-la outra vez... O que você acha que acontece?

Você manca para o resto da vida, é simples, qualquer um vai chegar nessa conclusão.

O irônico, é que as pessoas nunca pensam o mesmo sobre os traumas. Poucas vezes alguém olha para as situações da vida que ferem o nosso emocional, da maneira que olhariam para algo que nos feriu fisicamente.

Eles dizem "esqueça", "acabou", "não vai acontecer mais". Porém o ferimento ainda está ali, as sequelas ficam, mesmo que tenha curado...

Certas coisas deixam cicatrizes profundas. Ser achada no lixo, abandonada pela sua mãe, com nada mais que uma carta. Deixa cicatrizes... Ser lembrada constantemente disso conforme cresce, piora essas cicatrizes.

Minha vida foi marcada pela rejeição, desde uma mãe que não quis um bebê porque "não podia fazer isso sozinha", até crescer em um lugar sabendo que eu nunca seria boa o bastante.

Não existe justiça dentro de um orfanato. Todas as crianças sofrem, mas, eventualmente, percebi que mesmo que ninguém ali tivesse família, não éramos iguais. Há distinção entre as crianças, mesmo no que diz respeito à administração.

Aos cinco anos eu já sabia que apenas as crianças brancas conseguiam família. Olhos claros, bochechas rosadas e cabelo loiro sempre eram os primeiros escolhidos no dia de adoção. Aos sete eu percebi que não era apenas a minha cor de pele que me privava de ter pais. Eu estava crescendo. Adotantes preferem os bebês. É um mundo cruel...

Roupas comunitárias. Quartos superlotados. Falta de amor. Papai Noel e Fada do Dente são histórias pra quem tem família. Sonhos e ilusões são uma armadilha perigosa para uma criança de orfanato.

Aos doze, minha herança genética me diferenciou ainda mais das outras meninas do orfanato, meu sangue latino me deu mais que uma pele escura que nenhum pai queria. Ele me deu peitos, e bunda, e sangue escorrendo pelas minhas pernas.

Coincidentemente nessa mesma época o senhor Davis, dono do orfanato, ficou muito amável comigo. Ele me trazia doces e me deixava comer na sala dele, me dava coisas que as outras crianças não tinham... Eu me senti especial pela primeira vez na vida. Pensei que tudo bem deixar que ele colocasse a mão na minha perna de vez em quando...

LIFELINE² - DESTINY DON'T GIVE UP | Daryl Dixon ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora