Azarado

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Stiles Stilinski

Eu sabia que chamar Malia para me visitar era extremamente arriscado e provavelmente estúpido, mas eu precisava daquilo, precisava de um descanso.

Acordava todos os dias ainda de madrugada, em torno das quatro da manhã para arrumar a casa, lavar o banheiro e as roupas, preparar comida e ir em um mercadinho próximo comprar o que precisava, sem correr o risco de Lydia acordar e não me encontrar. Por causa desse hábito e porque Lydia continuava me acordando todas as noites com seus pesadelos, que acabei cochilando e provocando os acontecimentos que fizeram ela tentar me matar.

Tomava o máximo de cuidado, fazia tudo por ela. Deixava a casa em ordem, a alimentava, dava os remédios, assistia vídeos na internet para saber o mínimo de como ajuda-la caso tivesse uma crise e tentava, de todas as formas, trazer a antiga Lydia de volta.

Se eu não tivesse inventado de chamar Malia, se tivesse ignorado a saudade que sentia, nada daquilo teria acontecido, mas eu já devia saber que uma hora ou outra, acabaria estragando tudo novamente, faria algo que prejudicaria ainda mais Lydia, como se não bastasse ser o responsável por todo sofrimento que ela passou.

Quando Malia chegou, senti uma alegria absurda e nós dois ficamos como crianças, conversando sem parar sobre o que tinha acontecido e matando a saudade um do outro, afinal, graças ao nosso namoro, nos tornamos melhores amigos e estava sendo insuportável viver longe de todos de Beacon Hills.

O meu erro foi de noite, quando Malia soube que Lydia tinha me atacado.

— Stiles, o que é isso no seu ombro? — Só notei que coçava a ferida, quando Malia perguntou, me olhando estranho.

— Nada demais.

— Deixa eu ver isso.

— Não, Malia! — Tentei impedir, mas a coiote puxou minha camisa com força, esgarçando o tecido e exibindo a ferida costurada.

— Foi ela que fez isso, não foi?

Fui obrigado a explicar tudo o que tinha acontecido. Não tinha contado aquilo para ninguém, justamente porque eu sabia que todos da alcateia iam enlouquecer, dizendo que eu corria perigo e que não podia ficar sozinho com Lydia.

A grande diferença da reação que todos meus amigos teriam para a da Malia, é que, para ela, qualquer coisa que aconteça, é uma desculpa para fazer sexo. Em um segundo a coiote brigava comigo, dizendo que eu não podia ficar tão vulnerável, no outro ela tirou minha camisa, querendo ver meu ombro e quando percebi, já tirava a própria blusa.

— O q-que você está fazendo?

— Tirando a blusa.

— Isso eu percebi. — Murmurei irônico e ela apenas jogou a peça no chão, deixando o corpo exposto a mim, usando um sutiã roxo que se destacava na pele. — Por que você está tirando a blusa? — Reformulei a pergunta e desviei o olhar, desconfortável.

Malia não me respondeu, apenas segurou minha mão e me puxou para fora do sofá. Ela tinha força para me arrastar para onde queria, contudo, quando travei meus pés, sem segui-la, ela não me forçou, pois sabia que eu odiava quando usava sua força sobrenatural para me mover.

— Vamos nos trancar no seu quarto, Stiles.

— Eu não posso trancar a porta, eu prometi a Lydia que...

Malia, que era um exemplo de pessoa paciente e compreensiva, nem sequer me escutou, arrancou o short do corpo e se chocou contra mim, afundando os lábios conhecidos na minha boca. Foi automático, quando percebi, já correspondia o beijo, em busca de algum tipo de prazer.

Ela me empurrou para o sofá com força e eu fiquei sem reação, arfando, sabendo que nunca me acostumaria com o jeito selvagem da mulher que se livrou da calcinha e do sutiã, ficando completamente nua, antes de vir sentar no meu colo.

— N-não, isso n-não é uma boa ideia. — Como eu não ia gaguejar com uma mulher de corpo lindo nua no meu colo?

— Você não está com saudades, Stiles? — Ela perguntou e mordeu meu pescoço, eu apertei o estofado do sofá, arfando, meu corpo já reagia as provocações e meus olhos se recusavam a desviar de seu corpo. — Se você não quiser, eu coloco agora a roupa e não tento mais nada, mas tenho a sensação de que se eu fizer isso, você vai precisar ficar um bom tempo no banheiro e não vai conseguir se aliviar.

Xinguei mentalmente, xinguei audivelmente e me odiei por ter ensinado esses assuntos para Malia. Quando começamos a ficar, ela agia somente por instinto, mas com o tempo, eu acabei a ensinando algumas maldades, na intenção de que ela entendesse minhas piadas de cunho sexual. Agora, além de ter completa confiança com o corpo, além de saber que era sexy, além do enorme apetite sexual, ela sabia o que falar e fazer para tirar meu autocontrole.

Quando Malia começou a se mover, quando as suas mãos foram até a parte mais intima do meu corpo, eu esqueci completamente do porquê aquilo era uma péssima ideia e só consegui me concentrar no desejo de ter um momento íntimo, um momento para não pensar em nenhum problema, deixando toda tensão se esvair pelo meu corpo.

É claro que eu esqueci de um fator muito importante da minha vida: sou um completo azarado e de alguma forma, acabo estragando tudo.

Lydia, a minha Lydia, me viu com a Malia. Dá para imaginar isso? Ela deve ter visto meu corpo patético, deve ter visto como sou patético durante o sexo, deve ter percebido de longe minha falta de experiência ou ainda pior, pode ter achado que eu quero abusar dela.

Fiquei desesperado, agoniado, imaginando Lydia tendo que presenciar uma cena daquelas e sem conseguir entender o que ela devia estar pensando. Será que ela estava com nojo de mim? Com raiva? Talvez estivesse com medo, ou achando que fiz de propósito.

Com certeza, bem no fundo, ela deve ter se divertido com meu corpo magrelo e como eu sou desajeitado, pois a cena patética, da minha pessoa fazendo sexo, sem sombra de dúvidas, seria enjoativa e nada sexy.

Eu amava Malia, amava com todo meu coração, mas às vezes me perguntava como ela podia ser tão sem noção. Falei para ela o que tinha acontecido, o que Lydia tinha dito e o que ela fez? Riu.

Como Malia podia achar engraçado esse tipo de exposição?

E bem, é claro que ela podia ter achado graça e eu apenas teria reclamado com ela, dizendo que nunca fiquei tão constrangido em todo minha vida, mas como já disse antes, sou azarado e algo tinha que dar tremendamente errado, a situação tinha que piorar. Como se não bastasse alguém ter me visto em um momento íntimo.

Lydia surgiu na cozinha, rosnando. Os dentes para fora da boca como se fosse um animal de presas, o tronco inclinado na direção de Malia, os olhos verdes inigualavelmente furiosos, as mãos caídas ao lado do corpo.

Os olhos, do tom verde que eu tanto amava, se tornaram negros e aí eu percebi que estava prestes a presenciar as verdadeiras modificações que Lydia sofreu na Eichen House.

Aniquila-meOnde histórias criam vida. Descubra agora