— Lembra de mim? Lembra da vadia? — Usei o palavrão lembrando de quando aquela palavra era usada repetidas vezes para se referir a mim. — Agora a vadia voltou e quer encontrar uma pessoa. Se você não me ajudar, eu vou matá-lo! Entende o que eu estou dizendo?
— S-sim.
— Fale mais alto! — Rosnei contra a nuca asquerosa. Deixei meus dentes tocarem na pele do homem encurralado.
— Sim!
— Ótimo. Agora você vai me dizer onde está Scott McCall.
— E-eu...
— Se você falar que não sabe onde ele está, sua língua não vai ter mais utilidade! — O ódio fez com que as palavras saíssem sem dificuldade. — Quer que eu arranque sua língua?
— Você não teria coragem.
Rosnei e segurei nos braços de um dos funcionários da Eichen que mais batia em mim na época que passei presa. O virei de frente para mim e encarei os olhos azuis irritantes, tendo a consciência de que mais uma vez, meus olhos estavam negros e opacos.
Ergui o joelho e com força, atingi o estomago do homem. Ele arquejou de dor e tentou encolher o corpo, porém eu não deixei. Minhas mãos em seus braços o mantinham encurralado na parede, imobilizado. Observei ele ficar sem ar por causa da joelhada. Esperei que voltasse a respirar e então, mais uma vez, atingi o joelho no mesmo ponto.
— Acha mesmo que eu não teria coragem? — As palavras ríspidas enchiam minha língua com um sabor amargo. Eu quase desejava que o homem não fosse útil para mim, para que eu pudesse realmente arrancar a língua de sua boca. — Você me espancava, me torturava! — Voltei a aproximar meu rosto do dele e abaixei minha voz até um sussurro. — Acha que eu esqueci quando ameaçou cortar meus mamilos? Acha que eu não lembro da forma que você cortava meu corpo?
— Eu não tenho medo da queridinha do doutor! — Mesmo com o rosto do homem já manchado por roxo dos meus socos, ele ainda era capaz de me responder daquela forma. — Não tenho medo da puta do Kevin!
— Devia ter. — Foi minha única resposta antes de permitir que o descontrole me tomasse.
Deixei o fogo do ódio subir por mim e queimar minha sanidade. Eu podia ter me recuperado, podia estar melhor, mas jamais seria a mesma Lydia de antes da Eichen House. Aquela Lydia já tinha morrido em muitos aspectos.
Aquela antiga eu, não mataria daquela forma. Aquela Lydia não torturaria, não teria tanta coragem ou tanto ódio. Mas depois de ter experimentado o inferno, depois de ter sido liberta e presa novamente, não existia mais nada que eu não fosse capaz de fazer.
A vida de Stiles dependia de mim. A vida de Scott dependia de mim. Malia e Liam precisavam da minha ajuda, precisavam que eu usasse meus poderes, meus traumas, meus medos, para nos livrar daquele lugar. E eu ia protegê-los, não ia permitir que ninguém mais enfrentasse o que eu passei.
Aproveitei o momento horrendo que estava vivendo para descarregar todos os sentimentos e frustração que não fui capaz de despejar nem mesmo com o Stiles. Ele não merecia saber a profundidade dos meus traumas, nem do que eu passei.
Ali, no lugar em que eu estava e no estado que me encontrava, não tinha mais motivo para me controlar, para prender dentro de mim tudo o que eu sentia e tudo que já tinha acontecido comigo.
Por isso, com meu corpo já sujo pelo sangue dos outros, com o ódio fazendo meu corpo tremer e com os olhos negros, forcei uma mão nas bochechas do homem miserável. Daquela forma, obriguei que ele abrisse a boca.

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Aniquila-me
Fiksi PenggemarLydia Martin não é mais a mesma garota. Aprisionada por muito tempo em um hospício, sendo sujeita a torturas e experimentos, acabou enlouquecendo em sua pequena cela na Eichen House, perdendo todo resquício de humanidade, esquecendo sua essência e m...