Muito

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Um mês depois.

Abri os olhos lentamente, tentando disfarçar.

— Eu estou vendo isso, Lydia. Fecha os olhos.

Suspirei ao escutar a voz grave de Stiles e voltei a apertar as pálpebras.

— Respira fundo.

— Isso é uma idiotice.

— Não é nada, eu li em algum lugar que isso ajuda. — Bufei, mas não o contrariei, tentando relaxar as mãos suadas. — A força está dentro de você, Lydia. Basta se concentrar, que você vai perceber que...

— Stiles, isso é Star Wars e não uma técnica de meditação.

— Você já assistiu Star Wars? — A voz dele subiu uma oitava e ficou claramente animada.

Abri novamente os olhos, virando em sua direção. Stiles estava deitado de cabeça para baixo no sofá, com as pernas no encosto e a cabeça roçando o chão, o cabelo todo bagunçado, grande demais e uma expressão travessa.

— É claro que eu já vi. Que tipo de pessoa não viu?

— Scott.

Ergui uma sobrancelha e sai da minha pose de "meditação". Stiles me fez sentar com as pernas cruzadas a sua frente, com as mãos sobre os joelhos e de olhos fechados, durante uma eternidade, dizendo que aquilo me ajudaria a controlar a raiva e a ter concentração, para, segundo ele, "parar de ver meus amigos imaginários".

— Ele não conta.

— E você gosta dos filmes?

— Eu não seria uma nerd completa se não gostasse.

Stiles abriu um sorriso tão grande, que senti minha respiração ficar descompassada. Logo em seguida, ele soltou uma pequena e deliciosa risada, que fazia parecer que não tinha nenhum problema no mundo, só existia eu e o garoto virado de ponta cabeça.

— Você, cara Lydia, acabou de subir no meu conceito. — Ele proferiu a frase com lentidão, de um jeito tão provocativo e encantador, que me fez sorrir.

Um silêncio pairou sobre nós, mas não era um silêncio incômodo, pesado, era leve e descontraído. Eu encarava seu rosto, que ficava vermelho de acordo com que o sangue se acumulava na cabeça e ele devolvia o olhar com intensidade, um sorriso meio escondido nos lábios finos e eu, não conseguia esconder os dentes, os exibindo como fosse a mulher mais sortuda na face da terra.

E naquele momento, mesmo sem nenhum acontecimento especial, eu de fato me sentia a mulher mais sortuda, por ter ao meu lado alguém que abria mão da própria vida por mim, alguém que cuidava de mim de um jeito que nunca fui cuidada, alguém que me amava com palavras e ações, que me trazia consolo e conforto.

Stiles interrompeu o olhar para se ajeitar no sofá, sentando como uma pessoa normal e levantando logo em seguida. Ele estendeu a mão para me ajudar a sair do chão e naquele exato segundo, a verdade escondida nos meus lábios, guardadas em meus pensamentos, pareceu pesada demais para que eu pudesse suportar.

Aceitei a sua ajuda, segurando firme em sua mão. Assim que minhas pernas se firmaram no chão, taquei o peso do meu corpo sobre o tronco do garoto, envolvendo meus braços em seu pescoço.

Stiles arfou, surpreso, mas correspondeu o abraço, segurando minha cintura e me puxando com força, fazendo nossos corpos se colidirem, se esmagarem. Afoguei o rosto na curva do seu pescoço e respirei bem fundo, tomando coragem para despejar as palavras.

— Eu amo você, Stiles. — Eu falei como uma confissão, como um segredo que escondia de mim mesma e senti o peso sair de dentro do meu ser, fiquei leve novamente. — Obrigada por não desistir de mim.

Aniquila-meOnde histórias criam vida. Descubra agora