Frágil

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Stiles Stilinski

— Lydia, você acredita que a pizza já chegou? Eles são rápidos mesmo! — Eu gritei animado, depois de ter colocado a embalagem da pizza na mesa e fui em direção ao banheiro, pretendendo massagear o cabelo de Lydia como prometi.

Foi aí que percebi que não ouvia mais o barulho de água caindo. Ela já tinha acabado o banho?

E então, um som conhecido de choro atingiu meus ouvidos. Fui a passos largos até o quarto dela, preocupado, com o coração pulsando na cabeça.

O que eu vi fez minha respiração parar. Meu coração afundou no peito e fui atingido por uma dor agonizante. Lydia, minha Lydia, estava nua, agachada no chão, em frente ao espelho, chorando desesperadamente.

Ela olhava para si mesma, parecendo sem forças para sustentar o próprio corpo. Uma de suas mãos apertava as pernas, a outra esmagava os seios perfeitos com uma violência exagerada e depois, passava a mão sobre o rosto, como se não aceitasse o que via.

Fiquei paralisado por vários instantes, minhas pernas pareciam grudadas no chão. Eu não suportava vê-la assim.

— Anjo, o que aconteceu?

Com medo que ela se assustasse com minha aproximação, andei devagar, trêmulo, sem saber se ela permitiria meu contato.

— Não me chama de anjo! — A voz dela saiu sofrida, atordoada.

Devagar, com cuidado, me abaixei ao seu lado. Ela recuou, assustada e cobriu os seios com os braços, o movimento fez com que ela caísse desajeitada no chão, novamente tentei me aproximar, para ajudá-la, mas Lydia sentou depressa, se afastando e cruzando as pernas, como se temesse que eu tentasse olhar sua intimidade.

— Lydia, ei, calma. Eu estou olhando para seu rosto, só para seu rosto. — Falei com firmeza e ela arfou, desorientada, conferindo se o que eu dizia era verdade. Seus olhos encontraram os meus e isso pareceu deixa-la mais calma. — Posso me aproximar? Posso tocar no seu braço?

Ela não respondeu, continuou parada no lugar, ainda chorando. Fui me arrastando até Lydia, consegui tocar em seu cotovelo e dessa vez, ela não recuou.

— O que aconteceu? Fala para mim, por que está chorando, anjo? Allison está falando com você?

— Eu não sou um anjo. — Foi a única coisa que ela murmurou. Esperei em silêncio que ela conseguisse se acalmar o bastante para falar novamente. — Allison não está aqui, eu estou sozinha.

Percebi que era melhor continuar em silêncio, então permaneci naquela tortura, a vendo chorar, encarando somente seus olhos verdes para que ela se sentisse segura, percebesse que não ia me aproveitar da situação para olhar seu corpo.

— Por que você nunca disse que eu estou horrível? — O absurdo que saiu daqueles lábios grossos foi tão grande, que fiquei sem reação.

— Horrível? Do que você está falando?

Ela desviou o olhar, balançando a cabeça, olhando para si mesma e fazendo um bico involuntário na boca.

— Eu sou horrível, meu corpo é horrível. Eles tinham razão de dizer o quanto sou feia, que ninguém jamais... — A voz dela engasgou de um jeito doloroso e quando entendi que o porquê ela chorava, eu mesmo tive vontade de chorar. Senti meus olhos serem preenchidos por lágrimas.

Por isso ela estava em frente ao espelho.

— Anjo. — Chamei baixinho, mas ela me ignorou, voltando a falar em meio ao choro.

Aniquila-meOnde histórias criam vida. Descubra agora