Covarde

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Por favor, por favor! Aquilo não podia estar acontecendo!

Por favor! Ele não podia... Stiles não podia se machucar. Isso não pode ser real. Eu só precisava acordar! Assim que eu abrisse os olhos iria poder me reconfortar nos braços amorosos do meu namorado.

Eu o amo. Céus! Amo ao ponto do meu peito doer. Não consigo respirar, não consigo conter as cambalhotas que surgem no estomago toda vez que ele se aproxima de mim. Sou apaixonada por ele!

Amo seus lábios, sua voz, seu sorriso, seus olhos, seu corpo. Sou apaixonada por cada pintinha espalhada por sua pele. Eu amo por inteiro, por dentro e por fora.

Naquele momento eu só queria acreditar que alguém ou algo, era capaz de escutar os clamores em minha mente. Eu nem mexia os lábios, porém gritava internamente, implorando por misericórdia.

Eu não ia suportar ver Stiles apanhando. Não ia aguentar olhar seu lindo rosto ser deformado. Ele já estava tão machucado, tão frágil... Ele não podia sentir mais dor, não podia sofrer mais! Uma pessoa como ele, que foi capaz de me ajudar de formas inimagináveis, não merecia sofrer.

— Ela não vai mais conseguir olhar para seu rosto! — A voz nojenta mais uma vez se tornou presente, surgindo junto com uma risada ácida, tóxica. Desejei morrer. — Vocês transaram bastante, não é? Você deve ter comido muito a minha vadia, mas agora vai aprender a não mexer com o que é meu!

Escutei o som do primeiro soco desferido em Stiles. Não tive coragem de olhar, fui covarde e fechei os olhos. Mordia a boca com força, as lágrimas despencavam no meu rosto. Aquilo não podia ser real!

— Ela nunca mais vai abrir as pernas para você! Escutou? Espero que tenha aproveitado muito, porque agora só eu vou poder foder com ela! — As palavras de Kevin eram chicotes que açoitavam meu corpo. Toda minha pele doía ao ouvir aquilo. — E vou fazer isso na sua frente. Quero que você veja todas as vezes que eu estiver comendo a princesa!

Grunhidos de dor vieram da voz de Stiles. Porém nenhum grito. O som seco de socos e pontapés preenchiam o ambiente, perfuravam meus ouvidos. Kevin falava uma imensidão de palavrões e a cada vez que eu percebia que ele atingia Stiles, surgia um novo som de estalo.

Deus! Eram os ossos de Stiles. Kevin estava espancando meu namorado. O garoto que eu me amava, que me ajudou. E o pior de tudo era que eu não fazia nada, simplesmente não conseguia.

Aquele monstro, aquele demônio, sempre seria um ponto fraco para mim. Eu sabia que era capaz de gritar, que eu podia acabar com aqueles sons agoniantes se eu estourasse a cabeça do estuprador. Podia impedir que Stiles continuasse sofrendo. No entanto, Kevin me deixava paralisada de pavor.

Temia que no momento em que eu abrisse a boca para berrar, Kevin enterrasse a parte mais asquerosa do corpo em minha garganta. Meus músculos estavam travados com a possibilidade de sentir as mãos nojentas apertando minha pele.

— Não. Não. Não. Não. Não. — Em algum instante, comecei a repetir a mesma palavra em um sussurro frágil.

Eu sabia que não podia paralisar, não podia ser covarde. Mas meu corpo não obedecia aos meus pensamentos. Eu estava apavorada, horrorizada, petrificada.

Kevin já tinha abusado do meu corpo de todas as formas possíveis. Tinha me usado, me violentado. E por mais que Stiles tivesse sido capaz de preencher cada pedaço do meu ser, as lembranças dos estupros ainda marcavam meu corpo.

Minha pele berrava lembranças nojentas. Meu ventre relembrava a dor insuportável que eu sentia ao ser invadida sem minha permissão. Meus lábios ainda conheciam o sabor amargo do líquido que ele expelia ao se aliviar dentro de mim. Dentro da minha boca, entre minhas pernas. A humilhação daqueles momentos rasgava minha coragem, me impedia de me mover.

Aniquila-meOnde histórias criam vida. Descubra agora