Coragem

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Terceira pessoa

Dois dias depois do choro de Stiles, depois de Lydia saber que ela estava sendo procurada e de brigarem, ninguém tocou novamente naquele assunto.

A garota estava com medo demais para perguntar, não tinha coragem de falar sobre a possibilidade de voltar para o inferno e o garoto, apesar de aliviado por não esconder nada da menina, tinha o mesmo medo, temendo a reação que a Banshee teria se soubesse algum detalhe.

Assim, eles estavam sentados no sofá. Stiles mudava o canal da televisão, procurando algum filme bom e Lydia esperava pacientemente que ele se decidisse.

— Esse parece ser bom e vai começar agora. — Ela opinou baixo, fazendo o garoto finalmente parar em um canal.

— Quer pipoca?

— E chocolate. — Respondeu sorrindo, fazendo o garoto rir baixinho e revirar os olhos.

O filho do xerife voltou minutos depois, perto do filme começar trazendo a pipoca e uma barra de chocolate. Quando voltou a sentar no sofá, Lydia agarrou o braço magrelo e apoio a cabeça no ombro largo.

Estava tudo bem, tudo calmo. Assistiam o filme com interesse, bem perto um do outro, comiam silenciosamente, lambuzando as mãos. O que fez com que Stiles parasse de prestar atenção no filme foi Lydia estremecer e esconder o rosto em seu peito repentinamente, como se estivesse com medo.

— Lydia, o que foi? Não é filme de terror nem nada.

A garota não respondeu, esmagando os dedos em seu braço magro, afundando ainda mais o rosto no peito coberto pela blusa de malha. O menino, confuso, segurou o queixo de Lydia e fez com que ela o encarasse.

— O que foi, meu anjo?

— No filme, eles estão... — Ela não conseguiu terminar a frase e o humano, finalmente, olhou para a televisão.

No filme, o casal principal se beijava e tirava as roupas.

— O que que tem, Lydia? Eles estão se beijando.

— Mas vão fazer outra coisa. — Ela sussurrou como se fosse um segredo, fazendo o garoto franzir o rosto.

— Você está assim por que eles vão... Hum.... Fazer sexo? — Perguntou, sem saber qual termo usar com a garota.

— Ele parecia gostar dela, então por que vai fazer isso?

— Lydia, olha de novo para a televisão, a personagem quer fazer, eles se gostam.

— Mas machuca, ele vai machucar ela.

A expressão tranquila de Stiles foi dominada pela dor quando entendeu o motivo de Lydia agir daquela maneira. "Ela tem medo, ela tem medo de sexo", foi a conclusão aterrorizante que ele chegou.

— Lydia, sexo não machuca.

A garota, conturbada, franziu o rosto, como se ele falasse uma grande ofensa.

Algumas vezes, Lydia conseguia raciocinar que sexo era bom, que antes do inferno ela fazia, lembrava também de quando flagrou Stiles e Malia e em como parecia tranquilo, como eles pareciam confiar um no outro, mas seu medo era tão grande, que tinha crises em que abominava o sexo, associando somente a coisas ruins, a dor.

Stiles suspirou e desligou a televisão, desistindo de continuar assistindo o filme. Se remexeu no sofá, até sentar de frente para Lydia e segurar suas mãos, entrelaçando os dedos com os dela.

— É normal você sentir medo, Lydia, mas tem que entender que sexo é bom, é natural. — Murmurou, decidido a ignorar a timidez por falar abertamente sobre aquilo, fingindo que suas bochechas não estavam rosadas.

Aniquila-meOnde histórias criam vida. Descubra agora