Fraco

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Nunca, na minha vida, dormi tão bem. Nem mesmo antes do inferno, nem antes de descobrir o mundo sobrenatural. Nunca me senti tão confortável, tão convicta que estava no lugar certo, abraçando o garoto certo.

As sensações que a pele quente provocava em mim, podia se resumir na sensação de me sentir completa, preenchida. Nossos corpos se encaixavam naturalmente, como se nossos troncos fossem feitos para se fundir, como se nossas pernas e braços fossem moldados para se entrelaçarem.

Cada músculo do meu corpo se derretia e por mais que estivéssemos próximos, a cada instante eu lutava para me aproximar mais, apertava meus braços contra seu corpo, até ele ficar completamente encolhido, grudado em mim, a cabeça descansando em minha clavícula, os lábios próximos do meu pescoço, respirando fundo, me causando arrepios.

Quando acordei, sonolenta, Stiles ainda dormia. Ele estava deitado de bruços, com um braço jogado por cima da minha barriga, sua mão apertava inconscientemente minha cintura.

Sorri, feliz por continuarmos bem próximos um do outro, mesmo depois de mudarmos de posição enquanto dormíamos. Ele fazia um biquinho engraçado e o rosto estava completamente esmagado no travesseiro. Aquela visão era tão adorável que não tive coragem de acorda-lo, fiquei apenas o observando em completo silêncio.

Ele acordou bem depois, mas eu continuava entretida com seu rosto, sentindo vontade de rir. Stiles abriu os olhos em um rompante, me encarou confuso, levantou a cabeça, coçou os olhos e aumentou ainda mais um bico em seus lábios finos.

Foi automático, quando percebi já soltava uma risadinha e me inclinava em sua direção. Colei minha boca no biquinho que ele fazia, de um jeito que nós demos um selinho quase infantil.

Os olhos já arregalados, quase saltaram do rosto e sua expressão de surpresa ficou ainda mais engraçada.

— Agora você vai me beijar sempre? — Foi a primeira pergunta dele, com a voz rouca, mais grave que o normal por ter acabado de acordar.

— Por quê? Você se incomoda com isso? — Murmurei com um misto de insegurança e provocação.

— Não. Não, não. Por Deus, não! — A resposta saiu meio desesperada, ele falou rápido, se enrolando e balançando a cabeça. — Na verdade eu acho que a gente está beijando pouco, se eu pudesse passaria literalmente o dia inteiro provando sua boca.

Percebi que ele falou por impulso, quando me olhou nervoso, como se perguntasse a si mesmo se tinha falado besteira. Sorri abertamente e passei os dedos por seu rosto, apertando os dedos contra suas pintinhas.

— Então por que você nunca me beija?

Ele engoliu em seco, afundando a cabeça no travesseiro e desviando o olhar. Eu sabia que estava sendo injusta, afinal, só tínhamos nos beijado de verdade três vezes, mas tinha curiosidade em saber o porquê ele não tomava iniciativa e ansiava para que tivesse coragem de me beijar.

— Eu, hum, não tem como saber se você vai querer ou s-se não vou assusta-la ou s-se.... — Ele gaguejou, nervoso, sem conseguir terminar a própria frase, olhando para o teto e para baixo.

— Stiles, eu não tenho medo de você, sei que jamais me machucaria, que jamais faria algo contra a minha vontade. — Ele me olhou intensamente, os olhos avelãs perfurando os meus. — E eu quero muito que você me beije. — Acrescentei baixinho, aproximando meu rosto do seu, com as mãos ainda em sua bochecha. — Quero tanto, que não vou beijar você até que tenha coragem de tomar a iniciativa.

— O que? — Ele sussurrou muito baixo.

Sorri, beijei a ponta de seu nariz arrebitado, esfreguei os lábios contra as maçãs de seu rosto e me afastei, me arrastando para a ponta oposta da cama.

Aniquila-meOnde histórias criam vida. Descubra agora