Confissões de Adolescente

Mamãe

Fiquei parada olhando para a diretora, eu simplesmente não estava acreditando, ela continuava falando comigo e gesticulando algo com as mãos, mas a minha visão começou a ficar meio borrada e eu só senti minhas pernas cederem e tudo ficar escuro.

Acordei na minha cama sem saber direito o que havia acontecido, tentei levantar e senti minha cabeça latejar, lembrei vagamente de a ter batido no chão. A porta do meu quarto abriu e o Lucas entrou, com um olhar preocupado e um buquê de flores na mão

Lucas: Oi amor, você ta bem?
Malu: Eu desmaiei?
Lucas: Hmrm, acho que você tem se estressado muito esses dias. Me desculpa bebê, por tudo, por ta te fazendo passar por isso...
Malu: Eu já disse que não é culpa sua amor, relaxa, de verdade, nós vamos dar um jeito.
Mas agora eu queria descansar, realmente me estressei muito esses dias...
Lucas: Tudo bem amor, tem certeza que está tudo bem? Eu posso te levar no hospital
Malu: NÃO!! É... não amor, não precisa, ta tudo bem.
Lucas: Ok, qualquer coisa me liga.

Ele saiu do meu quarto e eu fiquei com um peso na consciência horrível por ter mentido para ele, afinal, ele é tão interessado nessa história quanto eu e ele merece saber antes de qualquer um, mas eu não tenho como dizer nada sem ter certeza ainda, então eu liguei para a Luma.

Ligação:

Malu: Amiga, preciso de um enorme favor seu e por favor, não fala nada agora tá?
Luma: Você tá bem? Ta me assustando, o que é?
Malu: Compra um teste de gravidez e vem pra minha casa agora

Depois de uns 10 minutos ela finalmente chegou, estava pálida e nervosa, tirou um pequeno pacote de dentro da bolsa e me entregou, trêmula

Luma: Porque você não tinha me contado?
Malu: Eu não queria dizer nada sem ter certeza
Luma: Malu... Quem é o pai?
Malu: Eu não sei

Falei, suspirando alto e sentando na cama

Malu: Eu tô tentando não me desesperar sabe? Não pensar em como vai ser daqui pra frente se eu realmente estiver grávida, eu tenho 17 anos pô, eu não posso ter um filho.

A Luma sentou na cama e me abraçou forte, meus olhos começaram a lacrimejar e eu decidi que precisava ter certeza antes de sofrer por isso. Levantei e fui ao banheiro, fiz o teste e esperei os minutos necessários, fiquei andando de um lado para o outro e então meu alarme apitou, indicando que o teste estava pronto.
Entrei no banheiro e minhas mãos tremiam tanto que eu nem conseguia segurar o teste, mas eu já tinha visto de relance a linhazinha azul, era isso, vou ser mãe.

Comecei a chorar e a Luma me abraçou, também chorando. Isso era tudo que eu não queria, eu acabei de ser expulsa da escola, acabei de voltar com o Lucas, nem sei quem é o pai dessa criança, não tinha hora pior para isso acontecer.

Luma: Você precisa contar pra sua mãe Malu, antes mesmo de falar para os meninos
Malu: Eu sei, não quero falar para eles tão cedo, principalmente porque eu nem sei quem é o pai

Eu e a Luma conversamos um pouco, mas essa notícia ainda parecia muito surreal para as duas e eu precisava muito ficar sozinha para pensar, então pedi que ela fosse para casa e liguei para a minha mãe, queria que ela soubesse disso o quanto antes.

Ela chegou em casa e eu contei, houveram 10 minutos de total paralisação facial da parte dela, depois 10 minutos de choro, 10 minutos de raiva, até que o ataque histérico acabou e ela sentou no sofá comigo e me explicou as opções que eu tinha, mas eu estava decidida a ter esse filho, afinal, ele não tem culpa pela minha irresponsabilidade.