Confissões de Adolescente

Hora errada

Não sei como eu havia conseguido pegar no sono, mas acordei por volta das 6:30 da manhã, minha maquiagem estava borrada e meu rosto todo inchado. Desbloqueei meu celular e tinha uma mensagem do Lucas

Lucas: Acabei de entrar no avião, no começo da tarde eu tô aí.

Ah meu Deus. Eu não sabia nem o que fazer, não tinha mais o que fazer, o jeito era esperar o Lucas e resolver isso da melhor forma possível, se é que existia uma solução.

Troquei de roupa e fui tomar café da manhã, a mesa da varanda estava repleta de bolos, sucos, pães, frutas e queijos e eu passei um bom tempo me deliciando ali. Depois, fui passear no jardim, meu Deus, era MUITO lindo, acho que eu nunca havia andando tão á dentro dele, pois achei uma fonte que eu nunca havia visto.

Era uma fonte enorme, muito linda, cercada por rosas vermelhas. Percebi que próximo dali havia uma casa de tamanho quase igual a do meu pai, se não maior, estranho eu nunca ter notado a existência dela, fiquei me perguntando quem morava ali. Como se para responder minha pergunta, um menino de uns 18/19 anos saiu da mansão e andou em direção a fronteira entre o jardim que eu estava e a saída de sua casa, o acompanhei para ver melhor.

Ele era realmente muito lindo, do jeito que eu gosto, tinha olhos verdes, cabelo escuro, pele bronzeada, e pude ver embaixo da manga do terno que seu corpo era repleto de tatuagens, o que formou uma cena estranha diante de suas roupas tão formais, ele parecia até bem desconfortável vestido com elas. Infelizmente, meu forte não é ser discreta, e ele percebeu que eu estava o analisando, sorriu e começou a andar em minha direção. Ele parou no limite entre o jardim e sua casa e ficamos separados por uma pequena cerca.

?: Bom dia, porque eu moro aqui a anos e nunca te vi?
Malu: Talvez pelo mesmo motivo que eu nunca vi você. Não moro aqui, só vim passar uns tempos com meu pai
?: Seu pai é o Juan? Ele é sócio do meu pai
Malu: Sério? Bom, prazer, eu sou a Malu
?: O prazer é todo meu Malu, eu sou o Caio. Ahm... Você tem algo para fazer agora?
Malu: Na verdade não
Caio: Você topa ir em algum lugar? Conhecer a cidade?
Malu: Claro! Eu adoraria

Nós saímos e passeamos por diversos lugares, ele me mostrou o lado nobre e o lado que geralmente ninguém mostra, me impressionei com a sua inteligência e seu modo de julgar as coisas e as pessoas, como se ele visse tudo com outros olhos. Ele realmente era uma pessoa muito interessante, mas nem passou pela minha cabeça ter algo com ele, ou ao menos ficar, eu ia ter um filho agora, ainda tinha o Lucas, eu não ia colocar mais um fator nessa equação. Admito que ele tentou algumas vezes, e eu não iria dizer "ah pera, estou grávida", então só recusei sutilmente e desviei do assunto toda vez que ele tocava nele. Voltamos para casa por volta das 15:00, pois ele tinha uma reunião com o pai dele. Ele abriu a porta do carro para mim e foi me deixar na porta da minha casa.

Caio: Eu me diverti muito Malu, sério, a gente tem que fazer isso mais vezes
Malu: Eu também! Obrigada por me tirar do tédio, foi muito bom

Ele sorriu e tocou meu rosto com uma mão

Caio: Porra, você é muito linda

Ouvi uma porta de carro batendo e olhei em direção ao portão da casa, o Lucas estava saindo de um táxi e paralisou ao ver o Caio com a mão no meu rosto. Afastei a sua mão e andei em direção ao Lucas.

Malu: Não é o que você está pensando
Lucas: Eu não estou pensando nada Malu, já não esperava mais nada de você
Caio: É seu namorado? Desculpa cara, ela não me disse nada
Lucas: Não, relaxa. Não sou namorado dela, sou só o pai do bebê
Caio: Que bebê?!?
Lucas: Ah não, é verdade, você nem sabe quem é o pai né Malu?

Fiquei parada ouvindo essa conversa e o jeito que o Lucas falava carregava um desprezo tão grande que estava machucando meu coração, não respondi e o Caio pediu licença para sair, deixando-me sozinha com o Lucas, mas eu não conseguia nem olhar para ele.

Lucas: Olha pra mim Malu
Malu: Lucas me desculpa
Lucas: Quero que você entenda uma coisa. Vou ficar aqui até o bebê nascer, vou cuidar dele, assumir e tudo, se você quiser quando ele nascer nós fazemos um exame de DNA, mas eu tenho certeza que é meu. Mas fora o vínculo com o meu filho, eu não tenho mais nada com você, vou me certificar que você receba todo o apoio, que a gravidez corra bem e tudo, mas a partir do momento que meu filho sair do seu corpo, você não me diz mais respeito.

Ele falou isso e entrou na casa, me deixando paralisada do lado de fora, essas palavras tinham sido as mais difíceis de escutar desde que eu soube da gravidez, piores que as da minha mãe até. Ele realmente quer que eu me sinta apoiada assim? O pai do meu filho me odeia, meu primeiro amor, a pessoa que era meu melhor amigo, ele acha que eu preciso perder mais isso na minha vida? Já não basta tudo que eu deixei para trás? Se ele não me quer como mãe do filho dele, depois dessa eu que não quero ele como pai.

Oi galera!! Cap curtinho mas cheio de emoção né?