Capítulo 24

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As flores amarelas me chamam atenção quando estou indo para o "cemitério". Me aproximo e pego uma delas. Por mais que Mel não fosse muito fã de amarelo, ela amava flores. Cheiro a flor, sentindo o aroma doce das duas pétalas.

Sempre achei estranho as pessoas levaram coisas para os túmulos. Não tem nada ali além dos ossos dos entes queridos. Nós só vamos para relembrar todos os momentos bons e ruins que passamos com a pessoa, então ficamos mal. Nós não precisamos ir para um cemitério para "falar" com a pessoa. E nós não devemos entregar coisas aos mortos, devemos entregar presentes enquanto estão vivos.

Sempre pensei assim. Mas mesmo assim pego a rosa e volto a andar. E assim que chego na frente do lugar onde seu corpo foi enterrado, um vento forte faz meus cabelos balançarem. Não acho que foi ela. Mas acho que foi Deus, avisando que ela está bem e segura, sorrio com meus pensamentos.

" - Enid! - Mel chega correndo me abraça forte. - Estava morrendo de saudades.

- Eu também estava com muita saudade, pequena. - beijo seus cabelos loiros.

- O que trouxe pra mim? - pergunta se desfazendo do abraço. Tiro o embrulho da minha bolsa. Estendo pra ela e ela eufórica. - meu Deus! Eu te amo! "

Uma lágrima escapa de meu olho, logo ela é seguida pelas outra que vêm.

" - Toma, Enid. - Mel me estende um cartão.

- O que é isso, Mel? - pergunto encarando o cartão, sem abri-lo.

- Minha professora deu dois cartões para a gente fazer de dia das mães. Eu dei um pra mamãe e quero dar esse para você. "

Um soluço doloroso escapa pela minha garganta, sem eu ter controle.

" Enid! Enid! - Mel chega gritando no meu quarto. Largo o celular e a encaro preocupada.

- O que foi Mel? - pergunto quando ela se deita em cima de mim e me abraça.

- Só queria dizer que te amo muito. "

- Mel. - sussurro em meio às lágrimas dolorosas.

- Enid?

" Um portão havia caído, mas aos poucos conseguimos matar todos os zumbis. Caminho por Alexandria procurando por algum zumbi. Até que encontro um corpo pequeno coberto de sangue.

- Não. - sussurro. Corro até o corpo. O rostinho pequeno de Mel estava sujo e com muito sangue. Seu corpo estava esfriando e tinha um enorme buraco na sua barriga. Encosto meu rosto no seu e grito alto. "

- Ei, Enid. O que foi, linda? - Carl pergunta passando a mão no meu rosto. Mas eu não consigo falar nada, apenas lembrar e chorar como um bebê.

" - Você só tem nove anos, Mel. Não pode sair por aí cravando facas na cabeça de zumbis. - falo olhando em volta, e tenho certeza que ela revirou os olhos. - Não faça caretas para mim!

- Como você sabe que eu estava fazendo caretas? - pergunta quando me viro para ela, depois de olhar pelo mercado. "

- Enid, olha pra mim!

" - Se algum zumbi aparecesse eu dava o golpe: não se meta com a Mel. E pronto. - Faz uma pose de luta, reviro os olhos mas não seguro a risada. "

" - Vocês estão sozinhas? - Pergunta o garoto.

- Estamos, nos perdemos da nossa mãe. - Explico, vejo os olhinhos de Mel se encherem de lágrimas e meu coração aperta. "

- O que houve com ela? - uma voz pergunta.

" - Enid, me dá um pouco de água? - Mel pede se agarrando na minha perna. Eu estava com muita sede, mas não quero que ela passe mal. Pego a garrafa que tinha somente três dedos de água. Ela toma como se fosse uma Coca-Cola no deserto. "

- Ela está com dificuldade para respirar. Me passe o tubo de oxigênio!

" - Achei que você gostasse de ver o lado bom das coisas. - Mel finalmente se pronuncia.

- É a vida. - rimos. "

E quando eu volto para a realidade, a minha visão esta turva e eu vejo três pessoas, mas não sei quem são. Alguém segurava uma máscara de oxigênio no meu nariz. Sinto uma picada no meu braço, e então eu apago.

Survivos || Carl Grimes (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora