----------------
Talvez, só hoje, eu não precise me importar tanto, não me deixar levar pelo que os outros dizem, não procurar aquilo que possa me fazer mal. Só por hoje, eu preciso me amar tanto quanto amo o meu próximo, preciso me olhar com carinho e aceitar-me, parar de reclamar de tudo o que tem acontecido. Devo ter convicção que há um Deus maior, que sabe e vê todas as coisas. Saber que nem tudo é dor ou perca. Algumas vezes, simplesmente, precisamos deixar acontecer. Deixar que algumas pessoas possam ir embora e que outras, cheguem. Deixar de frequentar os mesmos lugares, fazer as mesmas coisas. Devemos olhar além do que os olhos podem ver, e deixar o nosso coração nos guiar exatamente para onde ele deseja estar, pois o nosso maior tesouro provém e estar guardado nele, mesmo que as vezes ele se quebre, por ser um pouco tolo e imaturo, e por não seguir um caminho certo ou fazer as escolhas certas, é nele que reside o amor, o nosso bem maior. Então, talvez só por hoje ou a partir de hoje, eu deva guardar mais o meu coração, e lembrar que o fizeram de carne e não de ferro.
Uma semana se passou, e eu a aproveitei, esquecendo da minha dor. Tínhamos saído do avião, esperando nossas malas para voltarmos para casa. Kerry estava calada a semana toda, saíram poucas palavras de sua boca.Scott apareceu atrás de Kerry abraçando-a, e depois se dirigiu a mim. Envolvendo-me em um abraçou forte, pensei que iria quebrar minhas costelas. Ele estava cheiroso, nunca senti esse cheiro antes, trocou de perfume?
-Estava com saudade, pensei que não iriam voltar.
-Pensei que Hope iria morar lá novamente, não queria sair por nada.
Dei um sorrisinho sem mostrar os dentes, Scott pegou minha mala e da Kerry caminhando até o carro, colocando-as no porta-mala. Sentei-me no banco da frente. O caminho todo foi tomado por um silêncio enlouquecedor. Depois de alguns minutos chegamos a um restaurante. Parecia estar estampado em meu rosto 'Fome'. Descemos do carro e nos direcionamos a uma mesa perto de um aquário grande e lindo. Fizemos nosso pedido, e Scott pagou tudo.
-Como foi em Nova York? –Olhei para Kerry com esperança de começar a falar, e por incrível que pareça. Ela não desgrudou do celular um minuto, acho que nem ouviu o que o Scott estava falando.
-Foi bom...-suspiro me relembrando do encontro com Ollie e a ligação estranha com o Dylan ou com a mulher que estava com ele.
-Saímos, bebemos e...
-Eu cuidei de Hope. –Kerry me interrompeu parando de digitar olhando para o Scott que deu um sorrisinho frio. Avistei o garçom chegando com o nosso pedido, e desde então me permaneci calada. Comemos e tomamos um vinho tinto. Depois de alguns minutos, nos levantamos e fomos até o carro. Scott me contou como foi por aqui, e nada mudou. Só mais uma boate que abriu perto de seu prédio que eu tinha que conhecer. Chegamos e Scott parou o carro em frente o prédio.
-Vá na frente, eu e Scott temos que conversar. –Kerry falou séria, assenti, e Scott a olhou sem entender. Subi em direção a porta do nosso apartamento. Eles estavam me tratando diferente. O que eu havia feito?
Abri a porta, entrei com meus olhos grudados no chão e me virei trancando a porta atrás de mim. Levanto minha cabeça, e me viro para a sala. Coloco minhas chaves em uma prateleira perto da porta. Escuto passos vindo do corredor, paro para escutar. Não, não é um anjo vindo em minha direção. É a pessoa emprestou seu celular a outra mulher. Meu coração fica completamente acelerado. Seu cabelo estava molhado, parecia ter acabado de sair do banho. Mas que diabos ele fazia no meu apartamento?
-Hope, a gente precisa conversar. -Dylan cruzou seus braços, estava tenso. Encostou-se na parede da sala, olhando para mim.-Agora você quer conversar, Dylan? Primeiramente, o que você faz aqui? E se fosse a Kerry que tivesse subido primeiro? –Me fiz mil perguntas, que nem sabia se poderiam ser respondidas. Me dei conta que, Kerry ficou lá em baixo esperando que eu subisse primeiro. E Dylan, não entraria aqui se não tivesse a chave. E porque ela ficava tanto em seu celular sendo que nunca achou isso uma grande coisa? Kerry estaria envolvida? Dylan se sentou no sofá, e eu também, me sentando no sofá a sua frente.
Olho para uma foto que está em um porta retrato ao seu lado. Está eu e Lisa. Eu precisava dela naquele momento, dizendo o que eu poderia fazer.
-O que está pensando? –Dylan interrompeu meus pensamentos.
-Eu estava pensando em como nada dura, e como isso é uma pena.
-Aquele dia do telefonema... não é nada que você está pensando. Minha irmã foi me visitar, e quando meu celular tocou, pensou que fosse outra pessoa qualquer. Mas era você, e eu sinto muito pelo o que aconteceu. –Sua expressão mudou, ele estava nervoso e me parecia triste. Repeti suas palavras dez vezes em minha cabeça, olhando em seus olhos. Ele falava a verdade ou ele está zombando com a minha cara?
-Você não poderia ter me ligado no mesmo minuto?
-Eu tentei, mas você não atendeu nenhuma das minhas ligações. –Lembrei-me que desliguei meu celular naquele instante. Mas também não gostaria de ouvir sua voz quando o mundo estava caindo sob meus pés e ele, era o culpado.
-Porra Hope, estou apaixonado por você. E as vezes, eu sinto que você também, mas não sei se é essa minha esperança de te ter de novo que me faz sentir isso, ou se realmente você ainda sente algo por mim.
Dylan saltou do sofá como se o encosto estivesse pegando fogo. Sentou-se ao meu lado, pegando em minha mão, entrelaçando nossos dedos. Tinha me esquecido como era seu toque. Algo em mim se ascendeu e eu estava desesperadamente com vontade de dizer o que sentia. Quando converso com ele, não consigo parar de olhar para os seus olhos, prestar atenção em seus lábios, e ficar fascinada em cada palavra que sai da sua boca. Eu não quero, eu não posso, mas estou achando que é amor. Nenhum outro cheiro me causa arrepios e nenhum outro sorriso, me deixa hipnotizada como o dele.
-Seja como for, continuo gostando muito de você, da mesma forma. E me desculpe, por não ter te escutado antes. –O interrompi quando estava abrindo a boca para falar algo. Ele passou suas mãos em meu rosto, tirando uma mecha de cabelo colocando-a atrás da minha orelha. Tive o impulso de beijá-lo. Eu estava sentindo tanta falta do seus lábios nos meus.
Sinto meu sangue subir, não de raiva como a maioria das vezes. Mas sim de prazer. Ele tem um jeito especial que me faz pirar, e não existe remédio para curar essa loucura.
-Não quer ir lá em casa? Podemos assistir um filme. –Dylan para o beijo com selinhos, e sorri.
-Senti sua falta, Hope.
Sorrio e algo quente percorre meu corpo que o chamava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
New beginning, big love.
Roman d'amourPor dois anos, Hope Schwartz vivenciou um amor ilusório longe de sua família. Kerry Griffith, sua irmã adotiva, a chamou de volta para casa. Hope pegou o primeiro avião de volta para Chicago, mas estava tudo diferente. Em uma noite festeira, conhece...