Capítulo 1

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Oito anos depois...

A viagem foi horrível! O avião enfrentara uma pequena turbulência. Ela pensou, estar num carro de boi, da fazenda de seus avós, na saudosa Minas Gerais. O importante foi a chegada, não que estivesse animada. Voltar a cidade de São Paulo seria uma verdadeiro exercício de paciência para Elleonor Valdez, após oito anos num exílio imposto pelo tirano do seu pai Humberto, finalmente estava de volta, agora no entanto, de posse de sua vida.

Elly pegou as malas na sala de desembarque, apenas duas, fez o cheking e seguiu para a saída. Ninguém a esperava. Seus pais não foram avisados que antecipara a sua volta. Também não faria diferença.

Depois de quase meia hora, conseguiu um bendito táxi. Mandou que seguisse para o endereço de sua nova casa. Não ficaria com seus pais. Eles não sentiriam - se favorecidos pela sua presença. Eram pais apenas por título e não por vocação. Desde aquela maldita noite em que a sentenciaram a viver longe do seu bebê, Elly nunca mais conseguira chama - los de pai e mãe. Para ela eram dois desconhecidos Humberto e Branca Valdez.

No táxi vendo os prédios passarem, sentiu a nostalgia intensa da sua infância, quando ia passear no parque do Ibirapuera com seus amigos da escola. Estranhamente, a escola foi o lugar onde não sofria buling realmente. Esse triste papel fora desempenhado de forma primordial pela, Sra Valdez.
Apesar dos pesares, Elleonor não sentia ódio mas, sim mágoa pela falta de apoio dos pais, talvez perdoar todos aqueles que a humilharam e mutilaram como prática de superioridade fosse a melhor das escolhas. Por fim, Elly os perdoara, não por eles, pois não demonstraram arrependimento em nada, mais por si mesma. Pela sua sanidade mental. Só Deus, sabe os pesadelos recorrentes que enfrentou nas noites solitárias, em Nova Yorque. Os sentimentos de rebaixamento pela mutilação de sua alto estima... Do seu corpo.

Tudo o que importava nesse momento de sua vida era encontrar seu bebê, agora uma pequena mocinha de oito anos. Teria sua filha de volta, mesmo que tivesse que irromper uma guerra contra o senhores Valdez!

Depois de cerca de duas horas de transito intenso, o taxi estacionou em frente a um condomínio de prédios, de classe média em São Paulo, num bairro de classe média nada muito luxuoso, afinal não ganhava o suficiente para algo mais extravagante, como a Sra Branca gostaria. Mas Elly gostava deste fato bastava. Desceu as malas, pagou o taxi, e por último tocou o interfone, sendo prontamente atendida por um zelador muito simpático.

- Oi, meu nome é Elleonor Valdez, era para eu chegar na semana que vem, mas resolvi vir antes.

- Ha sim, a senhorita Valdez. - Voz respondeu do interfone.

Elly pôs as malas no chão e deu uma boa olhada ao redor, parecia um bairro legal de boa aparência e respeitável. Sua ansiedade quase explodia no peito. Trabalharia por conta própria, teria sua própria casa e sua vida longe dos desmandos de seus pais.

O portão automático se abriu dando passagem a um homem alto aparentando cerca de cinquenta anos, cabelos grisalhos e olhos castanhos profundos que se destacavam no rosto pálido com um sorriso jovial, vestia um uniforme branco.

- Bom dia, senhorita Elleonor Valdez. Eu sou Jorge Salvador, o porteiro. A seu dispor. - Documentos por favor.

- Bom dia. Documentos? - Perguntou confusa.

- Sim, senhorita. É para sua segurança. Para evitar intrusos no prédio. - Um senhor de cabelos muito brancos estava ao seu lado. Ele estendeu um envelope para o porteiro, que abriu após lê -los os devolveu. - Tudo bem. Vou ajuda - la com suas malas.

Elly retribuiu o sorriso que lhe ofereciam.
Eles entraram e foram direto para o elevador. O apartamento dela ficava no quinto andar, com vista para o por do sol.

- Eu sou o síndico. Se precisar eu estarei a sua disposição. - O homem de cabelos grisalhos se fora, fechando a porta atrás de si.

No condomínio havia um grande jardim com flores e uma fonte ao centro

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No condomínio havia um grande jardim com flores e uma fonte ao centro.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora