Capítulo 11

80 24 2
                                    

Elly acordou sozinha, de novo!

Com o coração disparado saiu pelo apartamento vasculhando os cômodos em busca dele. Nada! Procurou por Douglas em todo canto até se convencer que ele fora embora... Ele desistiu de ajuda - la.

Sentada no seu sofá vermelho na sala, recostou a cabeça para trás desolada. Afinal, foi uma idéia tola pedir ajuda a ele, deveria ter seguido seu primeiro plano, e procurado uma firma especializada em encontrar pessoas desaparecidas. Fechou os olhos repreendendo as lágrimas.

Quando levou um susto com a porta se abrindo dando passagem a um homem cheio de bolsas. Elly deu um salto do sofá ficando de pé entre o sofá e o balcão da cozinha.

- Você não foi embora? - Perguntou o óbvio.

- Bom dia, para você também? - Carinhosamente depositou um beijo leve em seus lábios, entre abertos de surpresa. - Eu fui comprar o nosso café da manhã.

Olhando ele nos olhos, pensando sobre a noite passada, ela encolheu os ombros envergonhada. Se Douglas decidiu ficar isso deveria ser um bom sinal. Sendo assim, sorriu realmente esperançosa.

- O que você comprou? - Tentou pegar uma das bolsas que ele carregava, mas foi repelida.

- Curiosa, hein? - Disse sorrindo provocante se afastando dela.

Observou - o andar até a pia na cozinha, muito elegante com seu porte inglês. Um autêntico lorde britânico, seus gestos hábeis retirando as compras das sacolas do super mercado a fascinaram. Quis abraça - lo e aninhar - se em seus braços, porém escondeu as mãos nas costas.

- Pensei que você tinha desistido de me ajudar, quando não te encontrei. - Ela sentou - se numa cadeira à mesa, mexendo na violeta sobre a mesa.

- Ontem a noite você estava tão esgotada que apagou, quando acordei pela manhã, você dormia tão bem. Não quis incomoda - la, desculpe. - Colocando sobre a mesa uma bandeja de bolo de chocolate e uma caixa de leite. - E, eu disse que vou ajudá - la, e assim será. Liguei para um amigo ex policial federal, ele trabalha como detetive, e, temos uma reunião com ele amanhã à noite, na minha casa. Esta bom para você, senhorita?

Emocionada Elly não tinha palavras para expressar seu contentamento, então o enlaçou pelo pescoço num forte abraço. Douglas a puxou para si encostando - se na bancada da pia.

- Obrigado. Nunca poderei pagar pela sua ajuda...

- E quem aqui falou em pagamento? Faço isso por que gosto de você, e por que acho que foi uma grande injustiça tudo o que te aconteceu. Você me parece ser uma mulher doce e sincera, não merece ficar sem sua filha. - Disse com o rosto nos cabelos negros sedosos, aproveitando seu cheiro de pêssego.

- Você é um bom homem. Um dia, espero poder retribuir tudo o que você esta fazendo por mim e minha filha. - Declarou afastando - se, apenas o suficiente, para encontrar seus olhos azuis.

- Como você conseguiu superar tanta dor? - Seu olhar perspicaz tentava decifrá - la.

Elly saiu de seus bracos e foi até um armário, pegou uma chaleira para fazer o café.

- Já disse, Rosa me mostrou que Deus é o meu consolo minha rocha. Nele todas as coisas são possíveis... Eu vi que tinha esperança no meio do caos em que estava. Jesus Cristo é minha esperança.

- Sei que existe algo do tipo, mas nunca pensei que Seu poder iria a tal ponto.

Elly sorriu lembrando das suas próprias dúvidas.

- Ele tem todo o poder, Douglas. Basta crermos neste poder.

- Você é mais forte do que aparenta. Eu admito, cheguei a pensar que você fosse uma copia de sua mãe, tal como Caroline, sua irmã.

- Um dia Caroline vai perceber que é uma iludida. Ela segue ordens, mas também é um objeto de manipulação dos pais que ela ama.

Ele riu abrindo a bandeja de bolo.

- Acho ingenuidade sua pensar assim, sua irmã tem personalidade o suficiente, para não ser manipulada.

- Quando você é criado dentro de um tipo limitado de pensamento, fica difícil ter um outro padrão para comparar. Não acha? - Pegou a chaleira com agua fervendo, passando o café pôs uma caneca fumegante diante dele.

- Muito nobre de sua parte defendê - la. Só acho que nos tempo moderno em que vivemos existem muitos meios para se encontrar bons exemplos. Talvez ela não queira encontra - los. Já pensou nesta possibilidade? - Acrescentou leite a caneca.

- Todos nós temos escolhas a serem feitas, posições a serem assumidas, e eu, acho que ainda não chegou este momento para ela. - Elly olhou para o relógio na parede da cozinha, por cima da caneca, marcava sete e vinte. - Espera só um minuto! Eu tenho que ir trabalhar.

- Hoje não. Você precisa de um dia de descanso, afinal ontem foi muito estressante pra você.

- Como pôde?

- Eu sou seu chefe esqueceu? - Respondeu para ela piscando maroto.

- O que os outros funcionários vão dizer? - Ela queria ficar seria para poder brigar com ele, mas Douglas não deixava. Se mostrando divertido com a preocupação dela.

- Vão dizer que você é minha... Querida amiga. - E comeu mais bolo. - Não fique brava comigo. Também tirei o dia de folga. Vou levá - la para um passeio no meu lugar favorito.

Não havia o que dizer, seu olhar vasculhou o rosto dele em busca de algo, que mostrasse segundas intenções. Por Deus não queria ser leviana e trata - lo mau. Apesar de se dispor a ajudá - la, foi cavalheiro o tempo todo, sem forçá - la a nada. Um lorde inglês não comia bolo com as mãos! Porém, ele sim. Com um olhar pidão ele a convenceu.

- Aonde nós vamos?

- Você precisa ser menos curiosa.

Dando uma boa gargalhada, ela o olhou divertida.

- E você, precisa ser menos misterioso!

- E qual a graça disso?

Douglas não deu nenhuma pista, dizendo apenas que ela usasse roupas leves. Arrumaram a cozinha em clima agradável. Ele foi para casa trocar de roupa e pegar o carro com o amigo. Marcaram de sair as nove horas.

Seria um bom dia. Dia de aliviar a mente dos problemas. Douglas ficou animado com o passeio, gostava da companhia dela, do sorriso, admirava a sua força. Pela primeira vez em anos sentia o coração disparado com a espectativa de rever uma mulher. Elly tinha um sorriso fácil, apesar de todas as coisas terríveis que passou, e não se apegava a traumas. A única coisa que desejava era sua filha. Na noite passada enquanto a ouvia relatar as atrocidades que fizeram contra ela, sua decisão ficou ainda mais firme.

Você vai ter sua filha de volta, Elleonor. Eu prometo!...


A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora