Após o culto na casa de Suzana, Elleonor se empenhou para comparecer ao cultos na modesta igreja, ao menos duas vezes na semana. Voltou aos seus estudos bíblicos, passando noites à fio estudando, devorando cada palavra. Aos poucos fora se deixando moldar pelo Espírito Santo. Todos na empresa notaram seu humor mais leve, desprovida dos olhares baixos e firmando almoços em grupos com os colegas de trabalho.
Douglas parecia um pouco distante em seus pensamentos, até mesmo sua mãe lhe chamara a atenção ai menos duas vezes naquela semana. E naquele instante, não era diferente. Seu corpo estava na sala de reuniões, mas sua mente pairava longe. A reunião sobre os orçamentos para os futuros projetos de marketing visual precisavam de aprovação, para seguir seu curso natural. Seria muito inconveniente, remarca - lá para o próximo mês, sabendo do descomtrole que causaria aos projetos sem as verbas, por isso ele procurava manter seu interesse atento ao assunto.
- Ainda que muitos discordem, temos que repensar a conta da Extreming Line. Seu prejuízo tomou proporções absurdas, e não temos previsão de melhoras. - Ortega falava sobre uma multinacional produtora de artigos esportivos, cuja a nova linha vinha causando mais prejuízos, do que lucros atualmente.
- Fizemos os cálculos e os prejuízos ultrapassam as margens previstas. Devemos abrir mão do contrato. - Disse o diretor do escritório de contabilidade.
- Fiz um minucioso estudo do contrato. Creio que a multa rescisória será menor do que os prejuízos de manutenção da conta. - O advogado deu o seu parecer.
- Qual é sua opinião sobre o assunto, Douglas? - Reinou um pesado silêncio na sala, enquanto todos esperavam pela resposta dele a pergunta do presidente Ortega.
Ele piscou várias vezes, como se saísse de um transe profundo, ao notar que todos à mesa esperavam sua resposta. Até mesmo Elleonor o observava atentamente, com um pequeno vinco na testa de preocupação.
- Perdão... Eu não entendi. - Disse fechando o notebook a sua frente.
- A conta da Extreming Line, a achamos que deve ser fechada. - Explicou brevemente, o presidente.
- A multa pela quebra do contrato, será menor do que o prejuízo mensal. - O advogado interveio.
- Ah, sim. Hum... Eu estou à par do assunto. Sim, eu concordo com a decisão tomada pelo conselho.
Elleonor apenas o observava, atenta ao seu lapso momentâneo. Aquele pequeno sorriso tranquilizador dele para ela, não surtiu o efeito desejado, que Douglas tensionava, compreendeu pelo olhar de sua namorada tenso.
- Bom, então eu vou entrar em contato com o advogado deles, ainda hoje. - O advogado recolheu o tablet, papéis e o celular pondo tudo numa pasta.
- Vamos almoçar no La Plata? Soube que a comida lá é ótima. - Ouviu o contador convidar Santis. Douglas acompanhou o movimento de todos pasmo.
- O que? Já acabamos esta reunião, meu caro. Se não dormisse acordado parte do tempo, teria participado das decisões aqui tomadas. - Ortega disse em tom privado, para que apenas seu amigo ouvisse.
- Sinto muito, eu tenho alguns problemas, que estão demorando mais tempo do que o previsto, para serem resolvidos. - Confessou.
- Seja lá o que for, resolva. Ou não te deixará em paz. - O senhor de meia idade ainda falava, quando Elleonor se aproximou, o vinco de preocupação persistia em sua testa.
- Eu farei isso. Obrigado.
- Com licença. - Ortega saiu de encontro a um pequeno grupo parado perto da porta.
- Muitos problemas? - Elleonor tinha um olhar analítico sobre ele.
- Alguns. - Havia algo na expressão dele, que mesmo sustentando seu olhar, ela não conseguiu sentir sua força naquele momento. Era como se Douglas lhe escondesse algo.
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A Solidão do Perdão {CONCLUÍDO}
RomanceO que você faria, se te forçassem, a abandonar quem você mais ama? Se pela a escolha de ficar ao seu lado, fosse exatamente a causa de sua morte? Elleonor nunca teve a chance de abraça - la, beija - la ou mesmo vê - la crescer, mesmo que a distânci...