Capítulo 3

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Jantar no apartamento de Maiá e Henrique era o melhor dos eventos para Elly. Após um dia de compras cansativo, para não comentar o seu encontro com o "lindo vendedor."

Ele a ajudou por que gostou dela e isso foi tocante. Seus profundos olhos azuis lhe sorrindo não saiam da mente de Elly. Bom, mesmo que quisesse reencontra - lo (o que não significava que queria revê - lo) não podeira, pois não sabia nada sobre ele.

Sem nome. Sem história. Logo, sem futuro.

A única coisa que sabia era que "seu lindo vendedor" tinha um "super sofá," no qual dormia quando estava muito cansado para ir para a cama...

- Mas por que eu to pensando nele? Acho que estou dando muita importância a algo tão bobo.

Quando abriu a porta sua mãe... Hum, Branca Valdez, desde aquela noite não a chamava de mãe. A interrompeu no momento em que ia tocar a campanhia.

- Boa noite. Podemos conversar? - Branca avaliou as vestes da filha com evidente desprezo.

Longe de sentir - se intimidada com o olhar, Elly deu - lhe um largo sorriso.

- Sempre tenho tempo para uma conversa franca com uma senhora tão distinta. - Afastando - se para o lado disse. - Por favor, entre.

Branca tinha um porte elegante. Cabelos loiros cuidadosamente penteados num coque austero, suas roupas tinham um alinhamento impecável.

A primeira dama dos estados unidos com certeza pede conselhos de moda e etiqueta a "dona" Branca Valdez.

- É aqui que você vai morar? - A pergunta foi feita com forte tom de desprezo.

- O lugar é ótimo. Bons vizinhos, próximo ao meu trabalho, tenho tudo o que preciso a poucos metros. Aliás, como a senhora está? Também senti saudades.

Não que o fato de não ter sido abraçada e beijada por sua progenitora a magoasse, há muito tempo tal fato não a incomodava. O que disse foi só para confrontar. Desde os dezesseis fora morar longe dos pais, eles mau a visitavam e quando o faziam era por causa de viagens à negócios. Em pouco tempo Elly se viu diante de um fato atrós, seus pais não a amavam! Eles tencionavam usa - la como moeda de troca num contrato bilionário, porém ao ter o acordo desfeito também se desfizeram dela. E ponto final!

- Não seja sentimental, afinal sabe que não sou esse tipo de mãe.

- Sei bem que tipo de mãe a senhora é. - Sentando num pufi enquanto Branca permaneceu de pé, Elly a mirou. - Por que veio aqui?

- Não me oferece algo para beber?

- Não tenho copos.

- Sempre insolente.

- Sejamos francas. A senhora não me suporta e eu... Bem, eu desisti de compreende - la.

Branca a encarou friamente, por fim deu de ombros desgostosa.

- Por que você voltou? - Perguntou sem rodeios.

- Por que recebi uma excelente oferta de emprego aqui. - Como se fosse óbvio.

- Seu pai disse que as ofertas de emprego em Nova Iorque eram muito melhores. Por que você voltou?

- Vocês sabem a resposta. - Diante da mulher que a fizera por inúmeras vezes tremer apenas por ouvir sua voz, Elly estava firme.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora