Capítulo 37

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Em São Paulo começara a chover gelado no meio da madrugada, o dia seria sombrio e tenso. Douglas deitara ao lado de Elleonor no meio da noite, após mergulhar nos vários documentos que trouxeram do cofre de Humberto Valdez.

Quando chegaram ao apartamento de Elleonor, houve uma breve hesitação dele, a qual ela quebrou puxando - o com um olhar lânguido pedindo que ficasse. Neste momento já passava das nove horas. Observou - a ir para seu quarto inexpressiva, negou o jantar e o lanche que ele ofereceu horas mais tarde. Após um banho quente ela adormeceu chorando.

Ele se deixou dominar pelos documentos, contas em bancos nomes riscados de uma velha agenda, e sim muitos deles mortos nos últimos dois anos, todos com ligação direta a gestação forçada de Elleonor. Coincidência? Não, nenhuma. Em meio aos documentos uma falsa certidão de óbito de uma nenê recém nascida, de uma mãe desconhecida.

Era um embuste! Uma porcaria de uma cilada, na qual aquela doce mulher havia caído. Sim, a mulher no quarto ao lado, agonizava por crer num documento falso! Ao tentar alerta - lá, não quis dar - lhe ouvidos, entregará- se por estar cansada.

- Meu amor, nossa menina vive. Eu sei. - Afirmou com um sorriso terno ao vê - la dormir, sua expressão tensa revelava seus conflitos internos.

Pela manhã todos os preparativos para o enterro de Humberto haviam sidos providenciados pela assistente pessoal de Douglas. Tomou um banho quente, ainda que vestisse a mesma roupa sentiu essa necessidade. Ao sair do banheiro ele encontrou Elleonor sentada na cama olhando  para a chuva na janela.

- Bom dia. - Sussurrou tímida, passando as mãos nós cabelos travessos.

Ele sorriu um bom dia, foi em sua direção abotoando a camisa branca.

- Eu tenho uma coisa pra você. Abre aquela porta do armário. - Ela Pediu apontando para a porta à esquerda dele. - Pega o pacote azul.

- Um presente? Quando você comprou? - Perguntou sentando - se na cama com o pacote nas mãos.

- Semana passada. Eu estava com a Maia  no shopping, e enquanto eu a esperava sair do salão, me distrai com as vitrines. E, eu achei essa a sua cara.

Ele tirou uma camisa no estilo esportivo de cor azul petróleo, e se surpreendeu com o bom gosto dela.

- E, quando você pretendia me dar esse presente, se estávamos...? -

- Eu já estava cheia de saudades, confesso que no início eu fiquei brava com vc, mas depois... Eu queria conversar com você essa semana. Então, aconteceu tudo isso. - Ela sentou sobre os joelhos aproximando - se um pouco mais.

- Tudo bem...

- Não, não... Está tudo bem. - Elleonor respirou fundo buscando coragem para falar. - Eu quero pedir desculpas por não te dar apoio quando você precisou. Essa foi a segunda vez que mexeram com uma suposta paternidade sua, sabendo o quanto isso deixa você abalado. Eu deveria ter ficado ao seu lado, como você está fazendo agora.

- Não foi fácil toda aquela situação.  Mas, eu entendo sua reação, afinal eu não confiei em nós juntos. - Douglas passou a mão em seu braço carinhosamente. - Sei lá, tive medo de perder o que tínhamos.

- Tínhamos? Não temos mais? - Havia uma tristeza profunda em suas palavras, mas em seu olhar havia um fio de esperança.

- Temos? - Ela tomou uma atitude que o surpreendeu, por era sempre o Douglas quem o fazia com frequência. Ela acariciou seu rosto e por fim o beijou, tímida, porém decida a conseguir o que queria.

- Se você puder me perdoar, podemos seguir em frente. O que você acha?

- Tenho certeza de que podemos ir muito longe juntos. - Ele sorriu acariciando seu rosto. - Infelizmente, nós temos um enterro para irmos.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora