Capítulo 34

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Branca Valdez sempre fora uma mulher lindíssima. Os cabelos loiros nunca perdiam o brilho e a maciez, as roupas de marca eram sob medida ao passo que seu círculo social era restrito ao creme de la creme da sociedade brasileira. O país lhe reverenciava como uma rainha. Todas mulheres cobiçavam seu estatos de poder e beleza.

Ao lado de Humberto Valdez, sua ambição não tinha limites. Ambos tinham em comum o esforço desmedido para adquirir qualquer coisa que fosse objeto dos deus desejos. O mundo lhes pertencia, e com um estalar de dedos todos se rendiam aos seus pés.

Porém, deitada num leito hospitalar completamente sedada, após presenciar a morte do seu querido cúmplice, Branca parecia aos olhos de Elleonor uma esfinge faraônica, linda e enigmática, no entanto, apenas a sombra de um passado "glorioso." Assim, tomada de compaixão pela pobreza de alma de sua mãe, ela sentou - se na poltrona em frente a janela, zelando por seu sono durante todo o dia. Caroline aceitou que Ramirez a levasse para casa, afim de descasar. A tarde voltaria recomposta para passar a noite.

Ficará maravilhada ao presenciar o zelo carinhoso que, o sempre indiferente Ramírez, dedicava a sua irmã. Esta por sua vez, se deixava consuzir por ele com íntima afeição. Saíram do hospital abraçados, e definitivamente, não eram apenas amigos... Notava - se que era algo além. O que não escapou do olhar atendo de Douglas.

Ah, Douglas! Seu coração bateu forte ao vê - lo chegar no hospital. Passados os dias de dor só restaram as saudades da sua voz, do seu sorriso ou das piadas mau contadas, as quais ele fazia questão de contar, para fazê -la rir. Ele era uma parte importante da sua vida agora, e não poderia ficar longe dele. Teria que vencer o medo de amar por completo, afinal mesmo errando Douglas nunca a machucou covardemente, como seus pais... Ou o Tomás. A lembrança, daquele que um dia lhe cusara tanto mau, foi semelhante a memória de uma topada numa pedra. Sangrou, sim! Porém, estava no passado não podia fazer mal nemhum a Elleonor.

- O que... você está fazendo... aqui? - A voz aspera de Branca a arrancou de seus pensamentos, de tal forma que deu um saltona poltrona. - Saía daqui. Agora!

- Calma, Branca... Você não pode ficar agitada.

- Vá embora sua insuportável! Eu não tenho que aturar a sua presença inconveniente... - Ela chorava, enquanto as palavras de ódio, eram cuspidas. - Eu estou falida, arruinada... e Humberto está morto... A partir de agora, eu estou livre, de toda essa mentira... Sai já desse quarto!

- Por que você me odeia tanto? Eu sou sua filha... Saí de dentro de você...

- Não! Sua bastarda... eu nunca pari você... você não é minha cria! - Branca falava aos berros.

- O que? Mãe? - Caroline entrou no quarto abismada com o que ouvira, correu até a mãe.

- Meu pai abandonou... minha mãe, por causa de uma rameira de beira de estrada. Ela pariu você.

- Mãe... para com isso.

- Você sabia disso, Caroline? - A voz de Elleonor era um sussuro calmo. Surpresa com a pergunta, sua irmã sacudiu a cabeça com veemência negando.

- O único que sabia desta história, era meu falecido irmão, Rony. Ele sempre a protegeu... Eu só queria a minha família perfeita... mas essa aí, tinha que se intrometer e arruinar tudo...

- Mãe, para! - Caroline segurou Branca pelos ombros sacudindo com força. - Ellly é sua filha...

- Não! Ela é minha irmã... irmã bastarda!  Filha do meu pai com uma vigarista!... Se não acredita em mim, procure seus documentos originais no cofre do escritório... Lá também tem o contrato que minha mãe assinou assegurando o seu futuro. Meu querido Humberto,  os guardava lá.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora