Capítulo 38

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Eles seguiram em silêncio durante quilômetros. Tomás estava atento às vias públicas mantendo a velocidade média constante, até que sairam do centro da cidade, cobertos pela noite caiu sombria. O ar frio que entrava pela fresta na janela fez Elleonor começar a tremer, e mesmo que tentasse disfarçar não conseguia se conter, sua tremedeira ia muito além do clima frio.

Ele notou, sorrindo sem disfarcar. Ainda assim, muito tempo se passou antes de lhe entregar um casaco que estava no banco de trás do carro.

- Aonde você está me levando? - Gostaria que sua voz soasse mais confiante, porém aos seus ouvidos, soou como se tivesse dezesseis anos de novo.

A resposta dele foi o silêncio perturbador. Um raio rasgou o céu iluminando a copa das árvores no horizonte, estavam muito longe da cidade, talvez ele quisesse sair do estado ou quem sabe do país.

- Vamos para uma reunião familiar. Meus pais nós esperam. - Tomás falava pausadamente.

- Minha filha está lá? - Precisava ganhar terreno.

- Nossa filha...? Sim, está.

- Como... Você a encontrou? - Estava curiosa não pode evitar.

- Eu a comprei da família que a criava. Nao era nada para eles.

- Como assim?

- A parteira que seus pais contratara, não era tão cruel, como eles calculavam. Ela entregou a menina para uma família qualquer criar. Descobri onde ela estava, e de início eles aceitaram o negócio. Mas, depois cresceram o olho no dinheiro... E pediram mais.

- O... que... O que... Você fez com eles? - Ela estava com a boca seca.

- O que você acha? - Sorrindo abertamente, ele estendeu a mão abrindo o porta luvas, tirando de lá algumas folhas impressas de uma matéria online, onde lia - se.

"Chassina no interior de Minas Gerais.

Família é brutalmente assassinada a golpes de facão e machado. A polícia suspeita que tudo sucedeu devido a uma cobrança de dívidas antigas do homem.

- Em casos como esses, é comum os criminosos cobrarem a dívida derramando o sangue da família inteira. - Afirmou, delegado responsável pelo caso.

Apenas um menino, permanece em estado grave no hospital..."

- Eu vou vomitar...

Ele lhe entregou um saco plástico gargalhando. Tomás tratava tudo com absoluta normalidade, sem ser afetado pelas reações da mulher ao seu lado.

- O que... O que você pretende com... Tudo isso? - Ela finalmente conseguiu falar após esvaziar seu estômago na sacola.

- Quando nós ficamos juntos foi a melhor coisa da minha vida. Você foi a primeira... realmente, pura que eu tive. Ninguém foi igual a você. E, por isso eu quis você. Eu conversei com seu pai... Desculpe, ele não é o seu pai.

- Você sabe?

- Escute. Eu pedi a ele sua mão, mas aquele porco ambicioso me negou a felicidade, mandou que eu me afastasse de você. Eu não sabia que você estava grávida, tentei esquecer... Peguei uma prostituta levei ela para um motel, mas ela resistiu... Acabei perdendo a cabeça. Quase a matei.

- Que horror...

- Nenhuma delas era como você, entende?

- Não.

- Você é doce, obediente... sabe guardar silêncio... Se submete as minhas vontades.

No rosto de Elleonor estava estampada a expressão de incredulidade, que o fez excitado diante da expectativa do por vir.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora