Capítulo 23

65 14 7
                                    

Era um fato louco ter Caroline Valdez morando no apartamento do final do corredor, em seu prédio de classe média. Mais loucura maior foi ver a garota da capa das revistas mais famosas do mundo, levando ele enchardo de cachaça para tomar um banho!

Ramires terminou seu banho, vestiu a roupa limpa que ela tinha colocado sobre a pia do banheiro e foi encarar a garota cheia de broncas para cuspir na sua cara. Contudo, ela partira deixando um café forte sem açúcar na cafeteira.

Não soube precisar ao certo o que sentiu, mas foi um misto de decepção e alívio. E só não se entendeu por que ignorou tudo o que sentiu. Provavelmente, ela daria um relatório completo aos outros moradores do prédio. Seria assunto por algum tempo!

E, de fato não se importava com os comentários, pagava as contas do condomínio, não se metia em problemas com os outro moradores e esperava que se mantivessem distantes apesar das fofocas. Se pensava assim, então por que a opinião dela era importante?

Só se perguntava, como uma mulher daquele porte social havia comprado um apartamento naquele bairro, trabalhava e morava sozinha? Caroline era um enigma! Poderia estar em um palácio cercada de empregados, mas estava ali trabalhando de secretária e morando em um apartamento minúsculo? Surreal ao extremo!

Passaram - se dias sem que se esbarrassem pelo corredor. E olha que Ramires se esforçou para encontra - la, quase fez plantão na porta dela, e nada. Ele nem sabia o que falar, talvez só dissesse um obrigado.

Ramires estava analisando emails, quando uma batida na porta o acordou dos seus pensamentos. Ao abrir a porta ficou sem reação com a visão de Caroline. Linda com os cabelos amarrados num rabo de cavalo, vestida de shorts e camiseta preta, um pano de prato nas mãos. 

- Boa tarde, vizinho. Eu sei que deve estar ocupado... Mas, mesmo assim eu quero convidar você para jantar hoje à noite.

- Por que?

- Por que somos vizinhos. Devemos ser cordiais um com o outro. - Seu sorriso era de genuína sinceridade.

- Não, obrigado. - Ele sentiu um nó agudo na garganta, e a necessidade de fugir para longe dela foi grande.

- Monsieur, está com medo de mim? - Ela pois as mãos nos quadris de modelo manequim.

- Ora, medo? Eu não tenho medo de uma pequena magricela.

A gargalhada dela encheu o apartamento e o corredor, enquanto ele a olhava com atenção.

- Provê.

- Como?

- Se não é  medroso, venha jantar comigo, hoje às sete. - Caroline nem ao menos esperou uma resposta de Ramires e se foi, deixando um homem furiosamente perplexo.

Se ela queria tirar a paz dele, ela conseguiu. Foi impossível voltar ao trabalho. Caroline o perturbava com sua postura simples e misteriosa. Pois não sabia se ela estava sendo sincera ou se era um truque. Só Deus sabe como os Valdez são traiçoeiros e manipuladores.

Mas, lá estava ele realmente cogitando ir ao tal jantar. Resolveu ir ao seu apartamento para lhe dizer que tinha um compromisso ou o que quer que fosse.

Foi no banheiro escovou os dentes para tirar o hálito de conhaque, penteou os cabelo e trocou de camisa. Dizendo que era para fazer a mentira mais convincente.

Às sete e quarenta e cinco bateu na porta, por que não queria que ela pensasse que estava ansioso.

- Ah, só faltava você. Entra... Lucas meu amigo chegou. - Caroline simplesmente abriu a porta e saiu. Um homem alto que parecia ter saido de um comercial de moda, surgiu vindo do corredor. Na certa vinha do quarto, concluiu. - Ramirez este é o Lucas. Que trabalha comigo... E namora a Selma, que também trabalha comigo - Caroline falava com uma travessa de salada nas mãos, apontando os dois cúmplices que saiam do corredor.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora