Capítulo 5

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- O que você quer? - Elly estava realmente muito abalada, mas continha sua voz num sussurro suave.

Douglas atravessou a sala e sentou - se em uma poltrona de frente para ela.

- Eu queria conhecer a garota que me deu um fora, para viver sua liberdade. - Ele estava irritantemente calmo.

- Ah, por favor. Não me diga que ficou magoado? - Sua resposta sarcástica o fez apertar os olhos.

- Meu ego ficou ferido, sim. - De um jeito estranho para Elly, seu interlocutor pareceu - lhe dizer a verdade.

- Então, você manipulou toda esta situação para que eu viesse trabalhar aqui? - Enquanto falava ela não desviara a atenção de seu rosto, querendo pegar algum fio solto, para que tudo aquilo fizesse sentido.

- Nossa falando assim, parece que eu sou um tipo neurótico. - Fez uma pausa estudando - a. - Quem propôs contratar você, foi o Ortega, eu apenas dei meu apoio.

Elly coçou a cabeça com a ponta dos dedos.

- E, no shopping, também foi coincidência?

- Eu estava almoçando, com minhas sobrinhas, quando a vi. Não me apresentei, por que a conversa foi breve.

- Não sei se acredito em você.

- E, por que não? - Disse como se fosse um absurdo sua descrença nele.

- Por que? Por que boa parte da minha vida, convívi com pessoas como você, que pensam que são os donos do mundo.

Douglas encostou - se na poltrona, apoiando o cotovelo no braço do móvel, coçando o queixo quadrado.

- Explique, por favor.

Elly levantou - se andando de um lado para o outro, demonstrando sua ira por ter sido manipulada. Seu comportamento era o mesmo de um tigre furioso enjaulado.

- Vocês são todos iguais! Ao se sentirem lesados em algum negócio, mau sucedido, arrumam um jeito de subjugar os outros.

- Não acha que esta indo um pouco longe de mais?

- Então, me diga: por que de tudo isso? - Finalmente, parou com as mãos no quadril de pêra. Ele sorriu. Levantou - se e caminhou até ela. Seu andar era como de um gato em busca da caçá, este fato causou  desconforto nela. Pois, sentiu - se como se ela fosse "a caça." Parando diante dela começou a falar com voz macia e grave. - Primeiro; eu já me expliquei, por isso, não vejo razão para me repetir. E, segundo; não sou um manipulador sujo, por isso, fique a vontade para reincidir o contrato de trabalho.  - Douglas caminhou até a porta, onde parou antes de sair encarando Elly com intensidade. - Não se preocupe com a multa. Boa tarde.

Foi estranho, o seu semblante pareceu refletir, por um instante,  uma certa tristeza. Exasperada, Elly lançou o braços no ar. Queria gritar sua frustração. Sua vontade era de correr atrás dele, e dizer que cancelaria o contrato. Que de bom grado pagaria a multa. Porém, lembrou - se de sua filha. Precisava do emprego, não podia desistir de tudo, por causa das conspirações de alienados.

Elly sentiu vontade chorar, mas não se deu esse luxo. Soltou os cabelos coçando a cabeca, num gesto nervoso, no entanto, decidida voltou - se ao trabalho. Mergulhar nele seria o melhor remédio.

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Mais tarde...

- Tem certeza Elly? - Maiá não conseguia entender a amiga. Sentadas no sofá vermelho, elas comiam pipoca doce. - Acho que o Douglas, é muito diferente dos seus pais.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora