Capítulo 25

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- Quem é ela? - Douglas perguntou pela segunda vez em cinco minutos, sentado ao lado da namorada no escritório revisava relatórios enquanto conversavam com Ramirez.

- Você é curioso! Parece uma velha fofoqueira! - Respondeu grosseiro para o amigo. Não queria comentar sobre seus sentimentos particulares, além do que, como poderia explicar que Caroline Valdez, estava morando no seu prédio, há quase três meses e vinha mexendo com sua mente mesmo que ele tentasse ignorar? Impossível!

- Você não tem dormido direito. Deve ser uma mulher e tanto, pra mexer com ele assim. - Elly comentou sem tirar os olhos do computador a sua frente.

- Me deixem em paz!... - Rosnou com o braço jogado no rosto, enquanto estava deitado no sofá da biblioteca como de costume. Resolveu mudar de assunto. - Fico feliz em dizer, que encontrei a maioria das pessoas na agenda de Rosa. Infelizmente, nenhuma delas nos é útil.

- Voltamos à estaca zero. - A voz decepcionada de Elly foi de cortar o coração.

- Isso quer dizer que teremos que tomar outro seguimento. Só isso. - Douglas era um amor, queria mantê - la em alta espectativa, porém ela tinha uma certa noção do quão complicada era a sua situação. Sua filha não tinha um nome ou rosto, si quer fora registrado o nascimento em um hospital e o pré natal fora feito em absoluto segredo por seu falecido tio Ronnie. Ele sim, poderia ajudar. Pois, sabia de cada passo dos seus pais.

- Desculpe, estou um pouco cansada. Vou subir para o quarto. - Deu um beijo em Douglas, mas antes de sair parou na porta. - Se está mesmo interessado nesta mulher é melhor dar um jeito nessa aparência de lobisomem.

- Não estou interessado ninguém.

- Hum... Sei. -

- Essa sua namorada esta bem abusada.

- Ela tem razão, não é?

Resmungando Ramires foi embora. Douglas sorria do seu mau humor. De fato os dois sabiam que Ramires tinha um dom para encontrar mulheres problemáticas. Casadas infelizes, outras depressivas, algumas não queriam compromisso. E tinha Suzana a mulher que mais causou estragos em sua vida antes de partir. Ramires entrou num processo autodestrutivo, se fechou por completo, se afastando da família e amigos. Até perder o emprego. Nunca falava sobre Suzana, mas era evidente que ela fez uma bagunça na vida dele. Douglas foi seu único amigo que não o abandonou, teimoso o suficiente para ligar no dia seguinte, mesmo após discussões violentas.

Descendo a rua, ele passou em frente ao barbeiro, erguendo o queixo teimoso para o reflexo desgrenhado na vidraça. Sim ele precisava cortar o cabelo, fazer a barba e talvez algo mais... Contudo não estava disposto a fazer esse "algo" justamente hoje. Sendo assim, deu de ombros antes de voltar a caminhar, desprezando a imagem da vidraça.

Era angustiante para Caroline esperar, sabendo que sua irmã está a poucos minutos de taxi da sua casa, e simplesmente não conseguia falar com ela

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Era angustiante para Caroline esperar, sabendo que sua irmã está a poucos minutos de taxi da sua casa, e simplesmente não conseguia falar com ela. Tinha medo de se aproximar e ser regeitada, no entanto era seu desejo ser mais íntima de Elleonor, então tinha que tomar coragem e encontra - la.

Haviam muitas pendências dolorosas entre ambas, questões que nunca foram abordadas pelo descaso dela com sua irmã. Seus sentimento de amor pela irmã, conflitaram durante anos com o desejo de agradar aos pais. Agora com uma nova forma de pensar, teria um grande trabalho para convencer Elleonor sobre sua verdade.

Caroline sentou - se à mesa da padaria com um sonho enorme nas mãos, o recheio exagerado de doce de leite derramando pelo prato em provocação. Ela precisava de açúcar, uma vez leu em um artigo, que quando o corpo humano sente um nível de estresse exagerado, procura meios para se aplacar. Alguns buscam as drogas ilícitas, outros as legalizadas como cigarros e bebidas, e em alguns casos simples como o de Caroline, procuravam uma bomba de açúcar. Não era TPM, por que sua menstruação estava bem longe para incômoda - la... Era uma necessidade, que surgira do medo da rejeição desenrolando, à seguir o desejo de comer uma bomba de açúcar e gordura. Não se sentia culpada, afinal esses rompantes não eram freqüentes. O capuccino foi entregue por uma garçonete simpática.

- Dia difícil?

- Pois é, só mais um dia no paraíso.

- Vixe! Chegou problema. - A garçonete lançou um olhar de desagrado para o balcão da padaria, sendo seguida por Caroline. As duas viram Ramires pegar sua xícara de café com a mão meio trêmula.

- Ora, mais por que?

- Você não conhece a peça. Vive caindo pelos cantos bêbado arrumando confusão. E pelo visto, hoje é um dia ruim para ele também.

- Talvez só precise de ajuda. - Disse observando - o pelo canto do olho.

- Hum... Esse aí, não tem conserto. - A garçonete lhe pareceu azeda depois daquela observação, tal como uma ex amante desiludida.

Em qualquer outro dia teria lhe dado uma boa resposta, porém preferiu não prolongar a conversa, por isso voltou sua atenção toda na TV de tela plana no centro do salão onde se passava um noticiário qualquer.

Ela pegou o sonho açucarado entre o guardanapo inútil dando - lhe uma boa dentada. Gemendo com a delícia inundando sua boca. Sabia que era uma ilusão achar que o açúcar faria o efeito calmante, mas seu corpo relaxou segundos depois que começou a comer a guloseima. Já havia terminado quando a TV lhe capturou a atenção de novo.

A imagem de Douglas Velásquez com um corte na testa entrando numa ambulância ao lado de Elleonor desacordada numa maca, fez Caroline saltar da cadeira até a TV.

- " A polícia investiga uma provável tentativa de assalto. Elleonor Valdez deu entrada no hospital  desacordada com ferimentos na cabeça. Ainda não temos informações sobre seu estado de saúde."

O coração pareceu ter tropeçado uma batida. Largando uma nota sobre a mesa para pagar sua conta saiu em disparada atrás de noticiais da irmã.

A Solidão do Perdão   {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora