Passaram-se cinco dias depois que eu tinha passado a noite preso com a Julie. Não a vi nesse tempo. Eu não queria. Por alguma razão, o simples pensamento de vê-la me fazia sentir uma dor aguda no peito.
Eu me pergunto como tudo isso foi acontecer. Eu odiava ela. E ela também. Então...
Então...
Esse foi meu pensamento nas três horas que estive na sala dela. Mas como eu não consegui resposta alguma, desisti de pensar nisso.
E foi assim que eu havia passado os últimos cinco dias. Trancado numa névoa cinza de descrença, dor e raiva. Até que minha campainha tocou.
Abri a porta e lá estava ela novamente. Ela estava incrivelmente deslumbrante. Involuntariamente perdi o fôlego ao vê-la. Minha mente esvaziou completamente, meus ouvidos zumbiram e meu coração bateu com tal força que fiquei com medo de que ela pudesse ouvir.
Ela estava apenas com as roupas costumeiras dela: uma calça jeans e uma blusa de algodão cinza. Mas... Ela estava linda. Ela sempre foi tão linda assim?
Essa era a mesma garota tóxica e diabólica que veio me torturando desde que éramos crianças?
Passei meio minuto completamente aturdido. Mas me lembrei de suas palavras, eu tinha de esquecê-la.
Ela me estudava com atenção.
— Você está um lixo. — Ela declarou finalmente.
Engasguei.
Criaturinha ridícula insolente! Eu aqui perdendo meu fôlego, a achando a mais bela das mulheres, sofrendo de coração partido e a primeira coisa que ela me diz é que eu estou um lixo!
Ela provavelmente percebeu que meu semblante mudou para fúria.
Ela cruzou os braços e disse:
— Você não passou esses últimos cinco dias sofrendo, né? Não faz seu feitio. Foi para a escola? Está comendo direito? Pelo menos tem tomado banho?
— Não é da sua conta. — Eu vociferei.
Tá. Confesso que nos dois primeiros dias esqueci de tomar banho. Mas ela não precisa saber disso.
Ela puxou um sorrisinho de deboche.
— Pensei que você ia ficar feliz em me ver.
— Eu também pensava isso até você me chamar de lixo. Agora eu quero jogar você numa lata de lixo.
— Quer me levar para dentro da sua segunda casa, é? O que quer fazer comigo lá, seu safadinho? — Ela disse maliciosa.
Respirei fundo para acalmar meus nervos.
— Julie, o que você quer? Você rompeu nosso trato. Não temos mais nada a tratar.
Ela colocou as mãos na cintura.
— É verdade. Eu rompi o trato. Sinto muito.
— E você veio aqui me dizer que sente muito? Você me faz passar por um inferno por cinco dias e depois aparece com um sorriso deslavado para dizer sinto muito?
Ela olhou para o lado e balbuciou:
— Sinto muito.
— Ah é?! Sente muito?! É essa a única coisa que consegue falar? Por que não tenta elaborar algo mais? Tente! Você tem um cérebro para isso!
— O que você quer que eu diga? Quer que eu me humilhe e rasteje aos seus pés dizendo o quão horrível eu sou por te fazer sofrer? É isso que você quer?
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Improvável
Ficção GeralThomas tem um único objetivo: conquistar a garota de seus sonhos, a qualquer preço. Mesmo se isso significar participar de um plano mirabolante de Julie, sua vizinha sádica que o vem atormentando desde da infância. O que os dois não esperavam é que...