Capítulo 28 - Duo

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Andamos por cerca de duas horas, mas Illian não deixou de falar com as cápsulas como se ela fosse a mãe deles.

E ela tinha nome para todos eles.

— Você é completamente louca Illian. Uma pergunta, por que os demônios não chegaram até aqui? Eles não deveriam ter chegado até antes da gente?

Ela estava agachada, estendeu a mão para mim e a ajudei a levantar.

— Barreiras e escudos estão segurando eles. Neste exato momento que estamos falando devem estar soltando tudo contra a pobre barreira, mas essa é uma barreira estupidamente poderosa, afinal, era importante ter algo para impedir que nossa cidade fosse vaporizada por um ICBM. Não vai parar os ataques para sempre, infelizmente.

— Quanto tempo você acha que temos?

— Não se preocupe, o suficiente. Talvez mais um dia. Não sei se você sabe, mas minha família é uma das mais antigas linhagens de arcanos que existem.

— Eu sei disso. Os deuses mencionaram que essa era uma das razões para que eles fizerem algo diretamente à respeito da invasão.

Ela ficou calada de súbito. Parecia estar remoendo algo.

— Eles se importam tanto que mandam um único reforço... — ela diz com extrema acidez e um leve tom de amargura.

Suspiro.

— Já disse. Existem condições...

— Poderia então compartilhar essas condições? Talvez assim eu pudesse justificar que não desperdicei a minha vida adorando e servindo pessoas que são puramente ingratas? — Ela despeja com raiva.

— Se você pensa que desperdiçou sua vida ao servir Livlian, não acho que seja certo.

Em seguida contei todas as intrigas políticas para ela, a real posição de Livlian e dos outros deuses.

Ela olhou para o alto.

— Política então é? Pensei que esse tipo de picuinha não era para acontecer com deuses. Então minhas três irmãs morreram por que Njutt quer derrubar Aalna e/ou Aalna está planejando algo.

Ela suspira.

— Nada vai trazer minhas irmãs de volta... Mas se o que Aalna estiver planejando de fato por um fim nessa guerra... Talvez a morte delas não tenha sido em vão.

— Você ainda acha que vai morrer?

Ela andou em silêncio por alguns segundos.

— Já te disse. Não quero morrer. Mas essa situação em que estamos é realmente muito difícil.

Ela vira o rosto para mim e abre um sorriso.

— Obrigado Thomas. Saber que minha deusa não me abondonou é importante para mim. Tanto mais do que eu seja capaz de mostrar.

Sinto meu coração acelerar repentinamente, martelando alto nas minhas costelas e ressoando nos meus ouvidos. Esse talvez seja o sorriso mais lindo que já vi alguém fazer.

Ela se virou para a frente e continua a andar, enquanto tento ordenar meus pensamentos e me acalmar. Passou mais algum tempo, ela mexendo nas garrafas e nas orgivas. A única coisa que pode fazer nesse meio tempo foi observá-la.

Não vou negar o que esse sorriso dela me tirou dos trilhos por um segundo. Mas algo estava acontecendo a mais ali. Me lembro de vários detalhes da sua personalidade, instável mais ao mesmo tempo resiliente. Ela perdeu três irmãs, e ainda encontra forças para crer em sua deusa, e ainda tentar me ajudar na minha própria dor.

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