Capítulo 23 - Missões #4 "Kasiléia"

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Fiquei um pouco aturdido ao ver Aalna agir tão estranhamente. Não parece ela. Na verdade, ultimamente parece que algo mudou nela.

Ela sempre está assim agora. Nervosa, evita olhar para mim, às vezes tropeça nas próprias palavras quando está falando comigo, tem estado indecisa e se esconde constantemente atrás de livros e mais livros. Aalna adora literatura, mas ultimamente parece ter usado os livros como uma forma de escapar de algo.

O que será que está acontecendo com ela?

Bem, não há muito que eu possa fazer por ela agora, afinal, tenho uma missão a cumpri. Olho o portal, e sinto um calafrio, talvez aquele seja o início do fim para mim. Forço-me a passar pelo portal, fingindo que o medo que estava espreitando nos confins da minha psique não existia.

Ao atravessar o portal me vi em um salão, de frente ao que parecia ser um trono. Assentado nele estava uma mulher, cabelos divididos em duas tranças roxas, vestia um manto púrpura e uma coroa com um monte de joias incrustadas.

- Ei! acorda para a vida! - Ouvi um grito perto da minha cabeça, à esquerda.

Dei um pulo de susto e olhei à esquerda. Uma mulher de estatura mediana, cabelos loiros curtos, visivelmente por água oxigenada, trajando roupas super ordinárias e surradas sorria com uma expressão de desdém.

Olhando melhor ao meu redor, eu estava no meio de quatro mulheres, que estavam reunidas de frente ao trono.

- Aqui é a Kasiléia? - Perguntei.

- Sim. Por acaso você é o campeão que Livlian nos avisou que mandaria? - A loira oxigenada perguntou.

- Sim. - respondi constrangido com a forma depreciativa que ela se referiu à mim.

Fiquei ainda mais constrangido com as risadas das quatro em uníssono que se seguiram ao meu sim.

- Estamos condenadas. - A mulher no trono disse trocando de posição enquanto enxugava uma lágrima do olho.

- Muito bem, o que Livlian está pensando? Explique para mim porque não entendi, irmã. - Inquiriu a loira para uma outra garota que estava por ali. Esta trajava um manto roxo e um capuz que cobria o rosto dela inteiro e carregava um cajado. Chuto ser o oráculo da Kasiléia. - Ela disse que os deuses iam mandar um campeão para nos levar a vitória. Mas eles mandaram... Isso.

A loira me indica com desprezo, enquanto o. oráculo deu de ombros.

- Não tenho ideia. Estou tão perplexa e aborrecida quanto você. Livlian não me escuta. Ela faz o quer quando bem entende.

Agora eu me simpatizo com Livlian um pouco. Isso é tudo culpa de Aalna, e Livlian que está levando toda a culpa.

E assim as cinco mulheres passaram uns dez minutos discutindo sobre a aparente piada de mau gosto dos deuses. Por fim, cansei e as interrompi.

- Entendi, entendi. Era melhor mandar um leão para cá ao invés de mim. Ou um lobo. Mas vocês acham que estou feliz por lutar numa guerra? Não. Óbvio que não. Eu preferia estar em qualquer lugar, não indo servir de alvo de tiro para demônios.

- Afinal, por que você foi escolhido? De qual deus você profanou o templo para ser mandado para cá? - Pergunta a loira.

- Eu não profanei nada! - protestei. - Sou paladino da deusa Aalna! Ela me deu ordens de lutar aqui, e...

- Pa-la-di-no? - A mulher do trono tirou a coroa e veio andando para mim com os olhos arregalados. - Por que não disse logo?! - Ela falou exageradamente entusiasmada. - Ele é um paladino! Estamos salvas!

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