Capítulo 16 - Missões #3 "Fuga"

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— Novo plano. Temos de sair daqui, e rápido. Desnecessário dizer que este  lugar está infestado de demônios. Se eles descobrirem que estou aqui irão avisar aos deuses de Inteikos. Eu consigo dar conta de um, mas quatro... — Ela disse nervosa e depois se virou para mim. — Thomas, chegou a hora em que terá de provar seu valor e valer sua cura. Você precisa nos tirar daqui sem que sejamos detectados.

— Mas você não pode se teleportar ou algo assim?

— Um: eu não tenho poderes o suficiente para isso no momento. Dois: ativar tanta magia positiva num ambiente de predomínio de magia negativa é como gritar com um megafone: Estamos aqui, venham nos matar! Três: mesmo que as duas condições anteriores pudessem ser contornadas, é impossível para qualquer deus, seja bom ou mau, atravessar o selo de Reksalurt entre as dimensões de Battissen e Espéria e vice-versa diretamente dessas dimensões. O melhor que podemos fazer é ficarmos com a cabeça baixa e tentarmos não ser detectados. Aqui, quanto mais corrupto você for, melhor. Você pode se camuflar o suficiente para não levantar suspeitas. Basta ser o mais pecador que puder. Já para mim...

— Você não consegue praticar o mal para mascarar sua aura?

Ela me encarou como se eu tivesse dito algo bem estúpido.

— Eu sou uma deusa do bem. — Ela replicou com calma. — Mesmo que isso fosse conveniente para mim em dado momento, vai contra minha natureza praticar o mal. Mas não se preocupe. Vou usar pequenos feitiços.

Eu questiono toda essa história de ela ser uma deusa do bem, por que quanto mais a conheço pior a impressão que ela me passa.

Ela pausou e acrescentou com convicção:

— Ainda sou uma deusa poderosa. Vou me disfarçar.

Ela deve ter invocado alguma magia, por que apareceu um manto sobre ela. Entretanto, parece que algo deu errado porque só apareceu metade do manto. Logo abaixo dos seios ela só vestia uma calcinha lilás.

Ela sorria para mim de forma ingênua. Aparentemente não percebeu que estava seminua na minha frente.

Abri a boca sem saber o que dizer.

— O que foi? Algo de errado?

—...

Confusa, ela olhou para baixo e tomou um susto.

— Ah... — Ela disse com o tom da pele dela mudando para escarlate e se encolhendo desesperadamente para se cobrir de alguma forma com as mãos ou braços. — Estou mais sem poderes do que eu imaginava... — Ela disse com um tom chorão.

Virei de costas para ela.

— Você tem que voltar para suas antigas roupas.

— Não posso. Estou tão sem poderes quanto um mortal comum. E num ambiente com tanta magia negativa  inibe minha magia de se recuperar. Vai demorar muito tempo para se recuperar. — Ela choramingou.

Tão atípico dela!

— O que fazemos agora?

— Roupas. Por favor, arrume algumas para mim.

— Vou ver o que posso fazer. Se esconda. Se algo der errado assobia.

— Tá. — Ela se escondeu atrás de uma caçamba de lixo. — Thomas?

— Quê?

— Tenha cuidado. E recomendo ser o mais pecador possível. Demônios detectam auras puras. Na verdade... — Ela disse firmando a visão e me encarando. — Sua aura está pura demais até mesmo para um humano normal. Vão notar na hora que tem algo de errado e vão tentar te capturar. Bem, acredito que acabou não sendo uma boa ideia absorver todos os pecados das suas perversões quando você falou da anjo na caverna, mesmo sendo uma maldição...

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