Capítulo 33 - Revelação

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Soltei um suspiro resignado, e abri os olhos.

Não posso ficar fingindo que estou dormindo para sempre. Tenho que levantar.

Eu não sentia dor nenhuma. Aparentemente meus ferimentos estavam curados à bastante tempo.
Mas a exaustão... ah isso sim estava proeminente. Estava insuportável na verdade.

Parecia que eu não havia descansado a vários e vários dias, apesar de estar repousado a um bom tempo.

Olhei meus braços. Estranhas marcas negras circulares despontavam, e havia seções da minha pele que pareciam ter sido torradas, como se eu tivesse enfiado meus braços entre chapas de metal incandescente.

Quanto a minha memória, infelizmente lembro de tudo, tudo mesmo, com exceção do que aconteceu exatamente depois que descobri que...

Que...

O coração dela havia parado. Ela estava morta.

Pisco com uma força várias e várias vezes, tentando conter o choro. Do que adianta chorar? Não vai trazer ela de volta. Para que?

Mas apesar de segurar, algumas lágrimas teimosas rolaram dos meus olhos, que estavam literalmente transbordado de lágrimas. Lágrimas inúteis.

Eu nunca acreditei em destino, mas se existe isso, ele tem um rancor especial contra mim. Minha melhor amiga se foi, minha irmã se foi, e como se não bastasse que eu tivesse perdido minha irmã, por que eu tinha que perder alguém que parecia com minha irmã?

Estou sozinho. Não vou mais me abrir para ninguém. Para que? Para me ferir ainda mais?

Após endurecer minha resolução, olhei ao meu redor, e como era de se esperar, Aalna estava ao meu lado, obviamente dormindo.

Mas algo estava diferente... muito diferente.

Eu não sabia definir o que exatamente.
Lentamente, ela abre os olhos e me encara fixamente.

— Fico me perguntando como você consegue acordar logo em seguida de mim... — Divago com um tom vazio.

Ela nada responde. Ela apenas apoia a cabeça em uma das mãos e a outra ela usa um dos dedos para enrolar os cabelos loiros, enquanto ainda me encara fixamente com seus olhos brilhantes em um fraco tom azul claro.

— Aalna por que...

Eu ia perguntar por que Monique era parecida com minha irmã. Por que ela tinha sido moldada daquela forma.

Mas palavras não saíram. Olhei para a mulher na minha frente, que passei tantas horas junto. Agora ela me parecia uma estranha. Eu sabia da desconfiança que eu sentia dela, esse... veneno... que estava lentamente me  corroendo por dentro.

— Por quê o quê?

— Conseguiu os dados que tava precisando? — Digo áspero.

Essa foi apenas uma fração do que eu realmente queria falar. Mas as palavras que eu escolhi não falar eram ainda mais ácidas, venenosas e carregadas de rancor.

Ela escaneou meu corpo por alguns momentos, encarando os ferimentos que estavam cicatrizando, e depois me olhou longamente nos olhos. Os fechou e disse devagar.

— Estou tão confusa agora...

— Seus dados te confundiram? —  Insisto.

— Eu... Não ligo mais para os dados... — Ela diz balançando a cabeça para os lados lentamente. — Não consigo mais... Ligar para isso...

— Você me mandou para uma guerra para dizer depois que... — Comecei a fremir de ódio enquanto meu controle se dissolvia e meu tom de voz ia aumentando de um sussurro e provavelmente terminaria num berro.

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