Improvável

Capítulo 2 - O Encontro Dos Pesadelos

Eu fiz milagre. Consegui limpar o carro e tirar o cheiro de repolho, embora que para isto eu tenha gasto 25% do meu perfume mais forte e caro.

E tenha encontrado um preservativo usado.

AINDA BEM que eu estava usando luvas de borracha para fazer a limpeza, mas realmente estou preocupado por não ter usado uma máscara de gás. Tenho quase certeza que as coisas lá estavam emitindo algum gás tóxico.

Quanto ao preservativo, não quero nem imaginar a origem que aquilo pode ter. Pode ser do Gustav ou da irmã dele, pois ela também pega o carro emprestado... Ou... Pode ser da mãe dele...

Que é uma velha sebosa e fedorenta...

Glup.

Se tivesse pegado naquilo sem luvas...

Hum... Acho melhor jogar fora aquele ácido sulfúrico que tem na garagem. Houve vezes em que fiquei realmente tentado em lavar minhas mãos com ele...

Parei com o carro na frente da casa da Julie. Ela já estava me esperando.

— Está atrasado. — Ela disse entrando no carro.

— Dois minutos, Julie. — Eu suspirei cansado. — Foram só dois minutos. Você não tem ideia do que tive de enfrentar para vir te buscar.

— O que você enfrentou? — Ela me inqueriu me encarando.

— Eu... Não quero falar sobre isso, esquece. — Me encolhi na defensiva.

Ela suspirou.

— Vamos lá. — Ela disse ajeitando os sapatos.

— Vamos...

— Espera aí... — Ela me deteve.

DROGA! Sabia que tinha que ter gasto mais colônia no carro! Encontrei uma caixa de maçãs podres debaixo do banco traseiro e o cheiro não saía de jeito nenhum!

— Mas que raios de roupas são essas?

— Ué, mas isso não está legal? Tem alguma mancha?

Confesso que estou aliviado por não ser o cheiro.

— Tom, você é ainda mais retardado do que eu pensava. A gente vai assistir a um filme, não uma ópera!

— Terno e gravata não é adequado? — Perguntei consternado.

Ela ia responder algo (que ao que parecia ia me ofender bastante), mas desistiu. Apenas saiu do carro dizendo:

— Espera aqui.

Confesso que fiquei com medo de ela me deixar plantado ou voltar com uma câmera, tirar uma foto e postar em uma rede social, com alguma legenda para danificar ainda mais a reputação que nem tenho. Porém, ela voltou apenas com uma muda de roupas.

Minhas roupas.

— Espera aí, como você conseguiu minhas coisas???

— Peguei do varal da sua casa, imbecil. Eu não sou louca de entrar no seu quarto. Vai que eu encontro um altar dedicado a Lisa lá? Não quero ter que contar isso para um psicólogo. Agora veste.

Olhei para ela estreitando os olhos.

— Se você for para um psicólogo, ele que vai precisar de tratamento. — Eu declaro irritado.

Aí eu me dei conta de que ela não tinha movido um músculo para fora do carro.

— Vai ficar aí mesmo?

— A gente não tem tempo para esse pudorismo! Espera... Ah, mais que bonitinho! Tom tem vergonha de mostrar o corpinho! Relaxa, Tom! Eu já te vi pelado, lembra??? — Ela disse com afetação.