— Ótimo. Simplesmente ótimo. — Eu dizia enquanto corria até me embrenhar entre as árvores e correr por muitos minutos. — Bem, acho que gastei toda a minha sorte. E agora Aalna? Para onde temos de ir? Você por um acaso não saberia onde nós estamos? — Eu perguntei enquanto a colocava sentada no chão, encostada em uma árvore.
— Por sorte, eu sei. Estamos na floresta de Hillemelon. Fica na quinquagésima primeira camada do abismo.
— Quer dizer que vamos ter de atravessar cinquenta camadas para sair daqui?!
— Não necessariamente. Os portais no abismo pode levar a qualquer camada, não importa o quão distante sejam umas das outras. Precisamos achar portais em locais mais elevados, geralmente eles levam às camadas superiores. Mas essa floresta é inteiramente plana até a linha do horizonte. O portal que queremos deve estar a vários quilômetros de distância.
— Seus poderes? Já voltaram?
— Não. E vai demorar um bom tempo ainda, aquela demonesa deve ter injetado drogas para suprimir minha magia. E também não consigo me mover bem, então sem condições de lutar corpo a corpo.
— Ah, que maravilha!
— Bem... Sem querer piorar as coisas, mas precisamos sair daqui antes que escureça. Essa floresta é infestada de bestas camaleões. Porém, se não nos matarem antes de nos levarem ao covil delas, podemos ter uma chance de achar um portal, já que elas geralmente fazem seus covis perto de portais. Sorte, não? — Ela disse com um sorriso.
— Que parte disso é sorte?! Você está incapacitada, e vou ter de lutar sozinho, sem nem poder usar magia. E "bestas camaleões?" Que raio de tipo de monstro é esse? Elas tem poderes de camuflagem ou algo assim?
O sorriso dela desmancha.
— Nada não. Não se preocupa com isso...
— Aalna? — Eu pergunto cruzando os braços.
— Não é nada. — Ela insistiu.
— Aalna? — Eu insisto batendo um do pés no chão com raiva.
Ela olhou para o chão e começou a falar como se fosse uma criança que tinha sido apanhada aprontado alguma, enquanto conectava as pontas dos dedos indicadores umas nas outras.
— Njutt e eu criamos esses monstros na esperança de que eles caçassem demônios. Deu certo. Eles caçaram os demônios... e tudo que encontram pela frente. Eles comeram vários dos nossos anjos. E infelizmente fizemos esses monstros bem fortes. A camuflagem delas torna quase impossível detectar sua presença. Mas olha pelo lado bom. A névoa tóxica que eles expelem pela manhã, se a gente ainda estiver vivo, vai te dar imunidade a sons...
— Como algo pode ser tóxico e outorgar um benefício... Aalna? — Eu insisto ainda mais irritado.
— Ela destrói os tímpanos. - Ela confessa num tom quase inaudível. — Bem, o que você queria? Todo poder tem um preço, não é?
— Aalna, mas que raios aconteceu com você?! Por que você está aí falando como se fosse algo bom o fato de sermos devorados por bestas?? Você não é assim!
— Quer saber por que estou assim? Porque estou com medo. E humilhada. Medo porque pela primeira vez desde que nasci estou sem poder e com a minha vida em risco. Você tem noção da humilhação para uma deusa depender de um mortal para alguma coisa? E ainda por cima estou dependendo não apenas de um mortal, mas de você. — Ela vestiu uma expressão de desprezo. — Um mortal insignificante, inútil e sem treinamento para evitar que eu seja devorada viva por bestas infernais. Satisfeito?
Cruzei os braços e virei de costas para ela.
— Já que sou inútil e você é a deusa toda poderosa, então se vira sozinha. — Eu falei bem irritado.
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Improvável
Fiksi UmumThomas tem um único objetivo: conquistar a garota de seus sonhos, a qualquer preço. Mesmo se isso significar participar de um plano mirabolante de Julie, sua vizinha sádica que o vem atormentando desde da infância. O que os dois não esperavam é que...